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Em Portugal, segunda noite de violência nos subúrbios de Lisboa, depois de um negro ter sido morto pela polícia

Um autocarro incendiado no bairro do Zambujal, noroeste de Lisboa, durante violência em reação à morte de um homem negro morto a tiro por um agente da polícia, na noite de 22 de outubro de 2024.

A violência abalou vários bairros dos subúrbios de Lisboa na noite de terça-feira, 22 de outubro, para quarta-feira, 23 de outubro, pela segunda noite consecutiva, na sequência da morte de um homem negro morto pela polícia, em circunstâncias denunciadas por movimentos anti-racistas. Segundo as autoridades e imagens de televisãoônibus e lixo foram incendiados e pedras foram atiradas. Segundo a Rádio Televisão de Portugal (RTP)os tumultos ocorreram em vários bairros do norte da capital e concelhos vizinhos (Zambujal, Amadora, Carnaxide, Casal de Cambra e Damaïa).

Esta violência foi desencadeada pela morte, na noite de domingo para segunda-feira, de um homem de 43 anos natural de Cabo Verde, uma das ex-colónias africanas de Portugal. De acordo com um comunicado policial, Odair Moniz foi baleado e morto depois de tentar fugir da polícia e tentar atacar agentes com uma faca. Ele morreu devido aos ferimentos no hospital, está escrito. A polícia anunciou a abertura de uma investigação criminal, bem como de uma investigação disciplinar.

A polícia portuguesa comunicou, na manhã desta quarta-feira, a detenção de três pessoas e reportou cerca de sessenta ocorrências em Lisboa e noutros sete concelhos da capital portuguesa durante a noite. Dois policiais ficaram feridos por apedrejamentos e dois veículos policiais foram danificados, enquanto dois ônibus e nove outros veículos foram queimados, disse ela em comunicado. Outras duas pessoas ficaram feridas e esfaqueadas “sem gravidade”, “aparentemente pelos indivíduos que roubaram e queimaram” um dos autocarros, apurou a Agence France-Presse junto da mesma fonte. A polícia de choque foi mobilizada e os bombeiros apagaram um incêndio, informou a Reuters.

A ministra do Interior portuguesa, Margarida Blasco, disse que serão feitos todos os esforços para levar os manifestantes à justiça. O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, por seu lado reagiu quarta-feira num comunicado de imprensa, segundo a RTPpedindo “segurança e (tem) ordem pública, (Quem) são valores democráticos cuja preservação deve ser garantida” ao adicionar essa ordem de manutenção “deve respeitar os princípios do Estado Democrático de Direito”.

Em declarações à televisão local, alguns moradores dos bairros onde ocorreram os incidentes acusaram a polícia de uso excessivo de força. O grupo de direitos humanos SOS Racismo disse que “a morte de pessoas negras pelas mãos de policiais suscita as maiores dúvidas e preocupações sobre as reais motivações das intervenções” da polícia, denunciando este caso como um “caso de brutalidade policial”.

Este tipo de violência é raro no país ibérico. Imagens de veículos em chamas foram repetidas na quarta-feira nos meios de comunicação nacionais, segundo a qual a agitação foi causada por grupos de jovens destes bairros muito desfavorecidos onde vivem comunidades de imigrantes.

Le Monde com AFP e Reuters

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