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Entrevista com Manuela D’Ávila, pré-candidata, do PCdoB

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Na foto, Jandira, Manu (com a filha) e Givaldo na Rede Gazeta. Foto: Carlos Alberto Silva/GZ.

Manuela D’Ávila, é Pré-candidata à presidência da República, Manuela D’Ávila tem 36 anos e será a primeira candidata a disputar a eleição pelo PCdoB desde 1945. Deputada estadual mais votada no Rio Grande do Sul, ela explica os princípios de sua candidatura e suas principais bandeiras, voltadas para as mulheres, os trabalhadores e as minorias.



Folha Vitória: Qual a importância do Givaldo nesse projeto do PCdoB no ES?

Manuela D’Ávila: Como disse o presidente estadual do PCdoB, Ronaldo Barboza, a filiação do deputado Givaldo fortalece o partido e dá novo ânimo à militância comunista. O Givaldo compreende que o PCdoB é espaço de defesa do direito de o ex-presidente Lula disputar a eleição deste ano. É companheiro de longas caminhadas com Lula, um defensor da democracia, comprometido com um projeto de nação para tirar o Brasil da crise, é engajado nas causas populares e luta pela transformação social do país e do Espírito Santo.

F.V: O Givaldo sempre foi um político que se importou e trabalhou para os trabalhadores e minorias. Esse é um ponto central também para você e para o partido?

M.D: Nosso partido, fundado por operários em 1922, tem nos seus 96 anos de história a marca do povo trabalhador, das mulheres que exercem dupla e tripla jornada, dos negros massacrados pelo racismo, dos jovens discriminados pela “inexperiência”, dos camponeses sem terra para produzir, dos homens e mulheres que sofrem preconceito por sua orientação sexual, enfim, tem a cara do povo brasileiro. Nós queremos ter no partido todos os brasileiros que lutam por um Brasil melhor. Estou alegre por receber o Givaldo como camarada nessa jornada. Ele que é profundamente preocupado com as questões ligadas à sustentabilidade, à qualidade de vida nas cidades brasileiras e à defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e dos municípios.

F.V: Quais são os seus principais projetos, caso seja eleita presidenta do Brasil?

M.D: Um projeto de desenvolvimento do Brasil que combine crescimento econômico com justiça social, nível de investimento que favoreça o crescimento da economia e criação de empregos, queda dos juros de forma incisiva, taxa de câmbio que torne nossos produtos competitivos no mercado externo, bancos públicos a serviço do desenvolvimento. Nossa proposta é reindustrializar o país, recolocar a indústria como setor-chave da economia, aproveitando as oportunidades trazidas pela chamada indústria 4.0, com investimentos pesados em ciência, tecnologia e, especialmente, em inovação, o que permitirá construir laços fortes entre universidades e empresas e incentivará o empreendedorismo. Na nossa proposta, o Estado deve ter papel central na condução da política econômica, ser o indutor do desenvolvimento econômico-social e agir com mão firme na proteção dos interesses e das riquezas nacionais. Defendo também que a segurança pública seja encarada como assunto central do governo federal, em conjunto com governadores e prefeitos dos grandes centros urbanos, num pacto para o desenvolvimento e a paz. Defendo uma política pública nessa área que abarque a criação de um fundo nacional de segurança pública, adoção de piso salarial nacional para os policiais militares e civis, investimento em inteligência, reaparelhamento tecnológico e de gestão das polícias, constituição de uma autoridade nacional específica para esta gestão, implantação de uma inspetoria que fiscalize o trabalho das polícias e separe os bons dos maus agentes e estruturação de ouvidoria para garantir legitimidade às polícias perante a coletividade. Também quero debater com a sociedade o problema de as nossas polícias não fazerem o ciclo completo da atuação policial (prevenção, repressão e investigações dos crimes), como ocorre em quase todos os países. Outra questão em que o governo central deve ter papel de destaque é o transporte público nas grandes cidades, hoje com um serviço precário, caro e desnivelado, por ausência de uma política única em âmbito nacional. Também vou adotar projetos para a população da terceira idade e quero transformar o ensino infantil em um tema nacional, sob responsabilidade do Ministério da Educação. Sou candidata para defender o espaço das mulheres na política e a necessidade de sermos protagonistas da construção de saídas para o país. Quero mostrar que as mulheres podem e devem ter lugar de destaque na política e em todos os ambientes de poder. Por isso, a minha campanha tem um olhar especial para as mulheres, sobretudo para a relação das mulheres com o mercado de trabalho. Hoje há uma situação absurdamente injusta: cerca de 50% das mulheres que têm filhos não conseguem retornar e permanecer no emprego de antes. A ausência de creches e escolas de educação infantil coloca as mulheres em desvantagem no mercado de trabalho, e transforma as avós em cuidadoras permanentes. Por terem filhos, as mulheres são obrigadas a aceitar salários muito menores até que o de outras mulheres nas mesmas funções. Pretendo acabar com isso. Vou tratar a diferença salarial entre homens e mulheres como uma verdadeira chaga nacional, contra a qual haverá medidas duras.São algumas das propostas que vamos debater na campanha.

F.V: O PCdoB sempre foi um aliado importante do PT. Por quais motivos o partido resolveu apresentar candidatura própria nessas eleições?

M.D: O golpe de 2016 que derrubou a presidenta eleita provocou a interrupção de um ciclo de governos populares que significaram muitos avanços para a maioria da população. Ao interromper esse ciclo, o país ficou à deriva, a democracia foi abalada e a população está sofrendo duramente com desemprego, violência, desigualdade social, falta de perspectivas. O PCdoB tem propostas para enfrentar essa situação, e por isso decidiu lançar a minha pré-candidatura. Temos um projeto de desenvolvimento para o país e queremos discuti-lo com a população na campanha, que é um palco apropriado para construir saídas para a crise, uma solução democrática, solidária, humanista e desenvolvimentista.

F.V: A esquerda sempre foi muito forte e representativa no RS e, além disso, você sempre foi eleita com muitos votos em todas as eleições que participou. Qual a importância disso e como reverter essa força em votos?

M.D: Sou grata à população do meu estado por confiar em mim. Fui eleita duas vezes deputada federal, em ambas com a maior votação do estado, sendo que em 2010 fui a deputada mais votada do Brasil. Depois, em 2014, fui a campeã de votos para a Assembleia Legislativa do Rio Grande. Acho que a população reconhece o trabalho sério que busco fazer desde que iniciei minha atuação política no movimento estudantil. Eu tento retribuir esse reconhecimento com mais trabalho e comprometimento com as causas das mulheres, dos jovens, dos negros, dos pobres, dos excluídos, daqueles que atualmente não podem contar com os serviços básicos de saúde, saneamento, transporte, educação. Daqueles que não têm emprego, nem moradia, creche, ou segurança pública. Daqueles que precisam e merecem viver em paz.

F.V: Todas as pesquisas de intenções de voto mostram hoje o ex-presidente Lula com o primeiro nas intenções de voto, mas talvez ele não dispute as eleições. Para a sua candidatura, é melhor que o Lula possa participar ou não?

M.D: A questão não é o que é melhor para a minha candidatura, mas o que é melhor para o país. Defendo o direito de o ex-presidente Lula ser candidato, porque cabe ao povo fazer, nas urnas, o julgamento político do ex-presidente. O processo contra ele foi de exceção, porque utilizou procedimentos que contrariaram os princípios mais básicos das garantias penais. Isso foi denunciado por um grande número de juristas, das mais diferentes correntes de opinião, no Brasil e no mundo.

F.V: Diversos partidos já apresentaram nomes para a disputa presidencial. Qual a vantagem de uma disputa com vários nomes e que promete não ser tão polarizada como as anteriores?

R.F: Penso que haverá polarização de ideias, porque não existe candidatura de centro. As candidaturas, até o momento, estão em lados opostos. De um lado, a elite formada por 1% da população que tem em Temer o seu representante do momento. Essa gente privilegia o capital financeiro especulativo, entrega as riquezas do país ao exterior, elimina direitos sociais, massacra as mulheres, abandona a juventude, assassina os negros, persegue os pobres. Essa gente defende o Estado mínimo para os pobres e máximo para os ricos. Aí nesse lado também tem gente que prega o conservadorismo moral, ataca as liberdades, pratica censura, defende tortura, humilha mulheres e faz outras coisas repugnantes. Em resumo, a direita e a extrema-direita. Do nosso lado estão os candidatos que representam as ideias do progresso, desenvolvimento, liberdade e da justiça social. Eu tenho o desafio de ser a única mulher da esquerda candidata. Quero o Estado e o governo a serviço dos 99% da população que trabalha e produz as riquezas do Brasil. Quero o Estado fazendo políticas públicas para quem precisa, estimulando o setor produtivo, garantindo direitos sociais e as liberdades individuais. Leia mais clicando aqui.

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Inscritos no Cadastro Único já podem consultar BÔNUS de R$ 200 do programa Pé de Meia HOJE (25/03)

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Em uma era onde a educação é a chave para desbloquear inúmeras portas de oportunidades, o Ministério da Educação (MEC) lança um farol de esperança para jovens estudantes do ensino médio, inscritos no Cadastro Único, através do programa Pé de Meia. Esta iniciativa visa endereçar uma das maiores barreiras enfrentadas pelos estudantes: a permanência no sistema educacional.

Com o lançamento do Pé de Meia, no dia 20 de março, torna-se um marco significativo para aqueles que buscam não apenas continuar seus estudos mas também se preparar para desafios futuros, como o ENEM.



O programa representa uma nova era de apoio governamental, colocando a educação no centro das atenções e prometendo não deixar nenhum jovem para trás. Com o bônus de R$ 200 disponibilizado mensalmente e a perspectiva de um acumulado significativo ao longo dos anos, o Pé de Meia se posiciona como um verdadeiro game-changer na luta contra a evasão escolar.

O papel central do Cadastro Único

Cadastro Único, uma ferramenta essencial para a inclusão social e o acesso a programas governamentais, desempenha um papel fundamental na implementação do Pé de Meia. Através dele, o governo consegue identificar e inscrever estudantes que se encontram em situação de vulnerabilidade e, consequentemente, são os mais beneficiados por este programa. A integração do Pé de Meia com o Cadastro Único não apenas facilita o processo de seleção dos beneficiários mas também garante que o apoio chegue a quem realmente precisa.

A inscrição no Cadastro Único é o primeiro passo para os estudantes que desejam se beneficiar do programa, evidenciando a importância desta plataforma como um elo entre os jovens e as oportunidades oferecidas pelo governo federal. Esta iniciativa sublinha a necessidade de políticas públicas que sejam acessíveis e incluam todos os segmentos da população, especialmente aqueles que estão à margem da sociedade.

Um olhar detalhado no funcionamento do Pé de Meia

A mecânica do Pé de Meia é simples, porém impactante. Durante dez meses a cada ano letivo, o programa deposita R$ 200 na conta de cada aluno elegível, inscrito no Cadastro Único, matriculado na rede pública de ensino. Além do apoio mensal, os estudantes que avançarem de ano recebem um bônus de R$ 1.000, totalizando uma soma considerável ao final de três anos. Para manter a elegibilidade, os alunos devem cumprir dois critérios básicos: manter uma frequência mínima de 80% nas aulas e ser aprovado ao final do ano.

O programa foi recebido com entusiasmo por todas as redes de ensino dos estados, que prontamente aderiram à iniciativa e enviaram as listas de alunos matriculados. A Caixa Econômica Federal, em uma operação logística sem precedentes, é responsável por abrir as contas para os estudantes, garantindo que o auxílio chegue diretamente a quem precisa. Para os menores de 18 anos, é solicitada uma autorização dos pais ou responsáveis, um processo que foi simplificado e pode ser realizado através do aplicativo Caixa Tem.

Impacto e expectativas

As expectativas em torno do Pé de Meia são altas, e com razão. Cerca de 2,5 milhões de alunos estão previstos para serem contemplados pela iniciativa, que promete não apenas manter os jovens na escola mas também incentivá-los a olhar para o futuro com esperança e determinação. Desde o dia 20, os alunos inscritos no Cadastro Único poderão começar a movimentar suas contas e planejar seus próximos passos com um pouco mais de segurança financeira.

O programa não só oferece suporte financeiro imediato mas também encoraja os jovens a reenvisar suas trajetórias educacionais. Com o Pé de Meia, o MEC e o governo federal reafirmam seu compromisso com uma educação inclusiva e acessível, garantindo que a juventude do Brasil tenha as ferramentas necessárias para construir um futuro promissor.

Estratégias para ir bem no ENEM: Dicas Práticas

Para alcançar um desempenho de destaque no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a preparação estratégica é essencial. Inicialmente, estabeleça um plano de estudo que cubra todas as áreas do conhecimento abordadas no exame, dedicando tempo tanto para revisão dos conteúdos já dominados quanto para o aprofundamento naqueles com maior dificuldade.

Utilize os materiais e provas anteriores disponibilizados pelo INEP para familiarizar-se com o formato das questões e identificar temas frequentes. Além disso, desenvolver habilidades de gestão do tempo é crucial, especialmente para a prova de redação, onde estruturar seus argumentos de forma clara e coerente dentro do tempo disponível faz toda a diferença.

Incorporar pausas regulares e atividades de lazer em sua rotina de estudos pode ajudar a manter o equilíbrio emocional e evitar o esgotamento. Por fim, não subestime a importância de uma boa noite de sono e uma alimentação balanceada, especialmente na véspera do exame. Tais práticas não só melhoram a concentração e a memória, mas também garantem que você esteja fisicamente preparado para enfrentar o desafio do ENEM.

Por: Cadu Costa /Gov.com/CadÚnico 

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No Mês da Mulher, STJ institui Comissão para Igualdade de Gênero

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A foto histórica Mulheres do STJ, produzida na última quarta-feira (6), assinala um momento marcante não só pela imagem e pela adesão, mas pelo anúncio da instituição da Comissão para Igualdade de Gênero no Superior Tribunal de Justiça. Servidoras, colaboradoras e estagiárias da corte ganham de presente, no Mês da Mulher, uma ação prática em defesa dos seus direitos.​​​​​​​​​

FOTO DE CAPA: No Salão de Recepções, ministras, servidoras, colaboradoras e estagiárias posam para o registro fotográfico da força feminina do STJ.
 

“A instalação da Comissão de Gênero reflete nosso compromisso de lançar luzes sobre a realidade e as necessidades do gênero feminino no âmbito deste tribunal, identificando e propondo ações capazes de incrementar sua segurança, seu acolhimento e seu empoderamento”, afirmou a presidente, ministra Maria Thereza de Assis Moura, em discurso diante da multidão de companheiras.



“A regulamentação da comissão reafirma, portanto, o nosso compromisso de combater todas as formas de discriminação e garantir que os direitos das mulheres sejam protegidos e respeitados”, enfatizou a ministra.

A criação da Comissão para Igualdade de Gênero, que faz parte do Programa Humaniza STJ e integra o Comitê Gestor de Diversidade, Respeito e Solidariedade, está alinhada com um dos principais objetivos da atual gestão da corte: promover o respeito aos direitos humanos.

Desde agosto de 2022, quando Maria Thereza de Assis Moura e Og Fernandes assumiram a gestão do STJ, foram realizados seminários e reuniões, desenvolvidas ações de comunicação social e publicados atos normativos sobre temas importantes relacionados aos direitos humanos, como os direitos das mulheres, dos indígenas e da população LGBT+, o combate ao racismo e a real inclusão das pessoas com deficiência.

Um dos eventos – sucesso de público – foi o Seminário Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero: teoria e prática, promovido nos dias 6 e 7 de março do ano passado, no auditório do STJ. Após os debates, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução 492, de 17/3/2023, que estabeleceu diretrizes para a adoção do protocolo nos julgamentos de todo o Poder Judiciário.

Diversidade para empoderar de verdade

Os trabalhos da Comissão para Igualdade de Gênero serão presididos pela servidora Renata Seixa Vianna, e acompanhados pela coordenadora do Comitê de Diversidade, Respeito e Solidariedade, Solange Rossi, com o apoio da juíza auxiliar da Presidência, Maria Paula Cassone, que integra o Comitê de Governança do Humaniza STJ.

A composição do grupo, com sete mulheres, contempla a diversidade de marcadores sociais como raça, deficiência, orientação sexual e identidade de gênero. Além de Renata Vianna, fazem parte Giselle Coutinho, Rowena Neves, Clarissa Sturzbecher, Fernanda Daher Gomes, Julierne Velez e Fernanda Zago.

“Esperamos contar com a participação de todos. A comissão não é restrita às suas integrantes. Estamos à disposição para sugestões sempre”, ressalta a presidente Renata Vianna.

A Comissão para Igualdade de Gênero vem ao encontro do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, e da Resolução CNJ 255, de 4/9/2018, que instituiu a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário. Também segue a Resolução STJ/GP 22, de 28/6/2023, sobre a política de governança institucional; e as Instruções Normativas STJ/GP 16, de 13/4/2023, do Programa Humaniza STJ de Governança Institucional de Direitos Humanos, e STJ/GDG 18, de 16/8/2023, que define o funcionamento dos colegiados administrativos do tribunal.

Veja mais fotos no Flickr.

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Ente federado pode cobrar do plano de saúde despesa realizada com segurado por ordem judicial

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A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que a Lei 9.656/1998 permite que os entes federados, ao cumprirem diretamente ordem judicial para prestar atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), possam requerer na Justiça o ressarcimento das despesas pela operadora do plano de saúde privado do qual o paciente seja segurado.

Com esse entendimento, o colegiado determinou que uma operadora ressarcisse o Estado do Rio Grande do Sul pela cirurgia bariátrica de uma segurada, realizada em cumprimento de decisão judicial. Segundo o processo, após verificar que a paciente possuía plano de saúde, o ente público procurou a operadora para reaver o valor do procedimento. Sem êxito nessa tentativa, ajuizou ação de cobrança.



O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), contudo, ao examinar o artigo 32 da Lei 9.656/1998, compreendeu que somente poderiam ser objeto de reembolso os serviços prestados voluntariamente no âmbito do SUS, e não aqueles realizados por força de ordem judicial. A corte também decidiu que o ente federado não poderia ser considerado credor, mas apenas o Fundo Nacional de Saúde (FNS).

Lei não faz ressalva quanto ao cumprimento de ordem judicial

O relator do caso no STJ, ministro Gurgel de Faria, lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a constitucionalidade do artigo 32 da Lei 9.656/1998, no julgamento do Tema 345. “Verifica-se que não há na fonte normativa nenhuma ressalva quanto ao ressarcimento nas hipóteses em que os serviços do SUS sejam realizados em cumprimento a ordem judicial”, disse.

Na sua avaliação, o artigo admitiu, de maneira ampla, a possibilidade de ressarcimento do serviço prestado em instituição integrante do SUS, independentemente de execução voluntária ou de determinação judicial.

Ente pode cobrar valor diretamente de operadora de saúde

O relator considerou possível o Estado do Rio Grande do Sul ajuizar a ação para cobrar diretamente o valor da cirurgia, não dependendo de procedimento administrativo na Agência Nacional de Saúde (ANS) – rito previsto na lei para os casos em que o paciente, segurado de plano privado, por razões de urgência ou emergência, usufrui de serviço do SUS.

Nesses casos, explicou, cabe à Agência Nacional de Saúde (ANS) – na via administrativa, seguindo as normas infralegais que disciplinam a matéria – definir o acertamento do serviço prestado, calcular o valor devido, cobrar o ressarcimento da operadora de saúde, recolher os valores ao FNS e, posteriormente, compensar o ente público que arcou com os custos.

Segundo Gurgel de Faria, quando o procedimento decorre de determinação da Justiça, não faz sentido seguir o rito administrativo por via da ANS, pois a própria ordem judicial para prestação do serviço do SUS já traz implicitamente os elementos necessários ao ressarcimento em favor do ente público que a cumpriu.

“O procedimento administrativo (protagonizado pela ANS e com destinação final ao FNS) é uma das vias de ressarcimento – a prioritária, que atende os casos ordinários –, mas não é o único meio de cobrança. Ele não exclui a possibilidade de que o ente federado, demandado diretamente pela via judicial, depois se valha da mesma via para cobrar os valores que foi obrigado diretamente a custear”, concluiu.

Leia o acórdão no REsp 1.945.959.

Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1945959

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