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Faltam médicos: Cruzeiro do Sul, no Acre, estar sem 8 dos 12 médicos

Em Marechal Thaumaturgo, no Acre, as quatro vagas abertas pela saída dos cubanos não haviam sido preenchidas até a última sexta-feira (14). Isolado em meio à floresta, a pelo menos sete horas de lancha da cidade mais próxima, apenas um médico serve à população da cidade, que tem 14 mil habitantes.

“Minha amiga, a população está abandonada”, diz o secretário de Saúde José Maria da Silva. Um dos quatro médicos aprovados chegou a se apresentar, mas desistiu da vaga no mesmo dia. “É muito longe, isolado. Médico com CRM não vem, não adianta.”

Na gaúcha Santo Angelo, 11 das 15 vagas foram preenchidas. Três deles são cubanos que já haviam ficado no Brasil e fizeram o Revalida. “Tem sido uma experiência muito bonita”, diz o médico Rafael Machado Ramos, 34, que é cubano e fez a prova em 2016.

Ele e a mulher, também médica, começaram a atender há uma semana, substituindo os médicos que regressaram ao país deles. Eles vieram no começo do programa, em 2014. “Fizemos uma escolha de ficar aqui, na liberdade, na democracia. Posso dar entrevista, falar o que eu quiser”, diz Ramos.

Enquanto a situação não volta ao normal, a saúde ainda está em alerta nesses locais. Alguns municípios diminuíram o horário de atendimento nos postos, transferiram pacientes e precisaram fazer rodízio de equipes médicas.

Cruzeiro do Sul, no Acre, sem 8 dos 12 médicos, teve a demanda aumentada nos hospitais.

Segundo o Ministério da Saúde, até as 9h desta quarta-feira (19), 8.411 médicos completaram a inscrição no programa Mais Médicos. Destes, 5.972 compareceram ou iniciaram as atividades nas localidades, o que significa que, mesmo com um prazo maior, 29% dos médicos não se apresentaram nos locais de trabalho.

A Folha ouviu médicos e funcionários de saúde em 17 cidades brasileiras onde mais se abriram vagas de cubanos. São locais, em sua grande maioria, de difícil acesso, sem atrativos para a carreira médica como universidades ou grandes hospitais próximos.

Para alguns gestores, há o temor de que os novatos abandonem o programa em poucos meses. “Eles têm plantão em outros lugares. Disseram que podem desistir se não conseguirem conciliar”, diz o secretário de Saúde do município Brejo da Madre de Deus, José Edson de Souza.

João Valadares , Estelita Hass Carazzai , Júlia Barbon , João Pedro Pitombo e Marcelo Toledo. Folha SP.

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