O jornal Los Angeles Times, um dos mais importantes dos Estados Unidos, elogiou, em uma crítica, o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, classificando a atuação de Fernanda Torres como “magistral”. A atriz, que venceu o Globo de Ouro de melhor atriz de drama, interpretou no longa a advogada Eunice Paiva, que se tornou símbolo da luta contra a ditadura militar no Brasil.
“Torres exala a coragem discreta de uma mulher incapaz e sem vontade de se render ao desespero com o passar dos dias e das semanas. Como pode ela, quando precisa criar os filhos e buscar justiça para o marido, que pode ainda estar vivo? Transmitindo uma contenção magistral, Torres faz com que as poucas explosões de Eunice pareçam contidas. Tão distante quanto possível do melodrama, sua atuação é de luto internalizado”, afirma a crítica.
O mesmo texto afirma que Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, que foi indicada ao Oscar de melhor atriz pelo filme “Central do Brasil”, também dirigido por Salles, é uma lenda. Ainda disse que Jair Bolsonaro, do PL, foi o protagonista de uma “Presidência repressiva”.
“Atuações desse calibre sutil raramente são celebradas, mas a atitude despretensiosa de Torres provou ser inegável para quem a vê. O fato de um filme como ‘Ainda Estou Aqui’ emergir do outro lado da Presidência repressiva de Jair Bolsonaro e ser abraçado tanto no país quanto no exterior (é o filme de maior bilheteria do Brasil desde a pandemia) é uma prova da mão segura de direção de Salles que trata o assunto delicado com a seriedade que merece, ao mesmo tempo que destaca a humanidade em vez da brutalidade. Há uma elegância impressionante em suas imagens na forma como nos aproximam das pessoas, não dos horrores.”
Com a chegada de “Ainda Estou Aqui” a importantes mercados, como França e Estados Unidos, o público brasileiro tem acompanhado, desde a semana passada, a recepção crítica do filme nesses países. O jornal francês Le Monde disse que a interpretação de Torres é “monocórdica”, enquanto o americano The New York Times a elogiou, afirmando que a obra é “atordoante”.