O México prendeu a respiração na quarta-feira, 16 de outubro, após a sentença de 38 anos de prisão proferida pelo juiz federal americano Brian Cogan contra Genaro Garcia Luna, ex-ministro do Interior no governo de Felipe Calderón (2006-1012). Todos os meios de comunicação mexicanos lançaram uma edição especial: Genaro Garcia Luna é o mais alto funcionário mexicano já sancionado pela justiça americana. Seu advogado anunciou imediatamente que apelaria da decisão, que também inclui uma multa de US$ 2 milhões. O ex-ministro, de 56 anos, está em prisão preventiva há cinco anos nos Estados Unidos.
Em Fevereiro, o homem que foi o principal arquitecto da “guerra ao tráfico de droga” lançada em 2006 e que transformou o México num enorme cemitério, foi considerado culpado de cinco acusações, incluindo quatro relacionadas com o tráfico de droga. Durante a sentença de quarta-feira o juiz considerou que Genaro Garcia Luna realmente colaborou com o cartel de Sinaloa e “levou uma vida dupla. Você pode estar bem vestido e alegar que segue a lei, mas sua conduta real foi um pouco diferente da de “El Chapo” Guzman.” Joaquin “El Chapo” Guzman, um dos fundadores do Cartel de Sinaloa em 2019, foi condenado à prisão perpétua pelo mesmo juiz em 2020.
O antigo ministro, que se recusou a falar durante o seu julgamento, publicou desde então duas cartas para proclamar a sua inocência. Na primeira, datada de 13 de setembro, ele escreve que seu julgamento “é uma vingança por se recusar a colaborar com as autoridades americanas como testemunha protegida”. Ele também acusa o ex-presidente Andrés Manuel López Obrador (2018-2024) de fornecer informações falsas sobre si mesmo aos procuradores dos EUA.
“Minha conduta sempre foi respeitosa”
Na segunda missiva de cinco páginas, tornada pública na terça-feira, 15 de outubro, e dirigida ao juiz Brian Cogan para pedir clemência, Genaro Garcia Luna se apresenta como “ um homem íntegro, honesto e trabalhador. Quando tive a oportunidade de combater o tráfico de drogas, fui implacável contra os criminosos. Minha conduta sempre foi respeitosa e não há registro de contato com nenhum criminoso.” Um retrato que dificilmente se enquadra nas inúmeras acusações de tortura e execuções sumárias que existiam no México contra Garcia Luna e os seus colaboradores mais próximos da época, vários dos quais estão hoje atrás das grades. O ex-ministro também foi acusado de manipulação no caso Florence Cassez. “Este senhor agora se apresenta como vítima. Há muito cinismo nesta carta”, reagiu a nova presidente Claudia Sheinbaum, questionada por jornalistas durante sua coletiva de imprensa diária na quarta-feira.
Você ainda tem 44,66% deste artigo para ler. O restante é reservado aos assinantes.
