NOSSAS REDES

AMAZÔNIA

Grupo indígena aposta em ‘fruta dourada’ para fazer chocolates finos

PUBLICADO

em

Especialista em cacau descobriu que floresta nativa de Waikas tinha fruto de formato diferente de todos que conhecia.

BBC News Brasil

Leão Serva
Comunidade Waikas, Território Indígena Ianomâmi

Júlio Rodrigues ainda era criança quando os territórios indígenas Ye’kwana e Ianomâmi, onde cresceu, foram invadidos por garimpeiros nos anos 1980.

Estima-se que 15% da população local nessa área no extremo norte do Brasil tenha morrido de malária e outras doenças levadas para a área pelos garimpeiros.

Julio testemunhou como o influxo de estranhos rapidamente destruiu o mundo de seus pais e avós. Ele diz que a experiência o ensinou que ele deveria ser capaz de falar a língua e entender a cultura dos recém-chegados para saber como lidar com eles.

crianças com frutos
Crianças brincam com o cacau indígena – Rogério Assis/ISA

Então Julio, como outros jovens membros do grupo Ye’kwana, foi morar em Boa Vista, a capital do estado de Roraima, onde nasceu.

Lá, ele se formou em administração de territórios indígenas e mais tarde tornou-se presidente da Associação do Povo Ye’kwana, que representa seu grupo indígena em nível nacional.

Ainda em Boa Vista, Julio teve ideia do preço que os chocolates finos podem ter no mercado internacional, e viu uma chance para o seu povo.

Ele tirou fotos do que seu povo chama de “fruta dourada” e levou para o Instituto Socioambiental, uma organização não governamental que promove produtos indígenas.

A “fruta dourada” da floresta nativa de Waikas era a Theobroma cocoa, cujas sementes são usadas para fazer cacau em pó e chocolate.

criança perto de um monte de cacau
Segundo estudioso sobre cacau, a variedade encontrada em comunidade indígena é de alta qualidade – Rogério Assis/ISA

Mas não é qualquer cacau. Um especialista em cacau do Instituto ATÁ, que trabalha em colaboração com a ONG que Julio havia originalmente se aproximado, descobriu que o fruto da floresta de Waikas tinha um formato diferente de todas as outras variedades que ele conhecia.

O especialista Roberto Smeraldi achava que poderia ser uma variedade pura até então desconhecida, que oferecia um grande potencial.

Para tentar obter essa confirmação, ele se aproximou de Cesar de Mendes, um chocolatier que estuda o cacau.

Mendes, que desistiu de sua carreira acadêmica como químico em 2010 para criar sua própria marca de chocolates da Amazônia, ficou intrigado e concordou em participar de uma expedição à floresta de Waikas para testar a teoria de Smeraldi.

Na floresta de Waikas, o chocolatier —que viaja pela região em busca de variedades raras de cacau para produzir chocolates de origem única— teve sorte.

chocolate em pasta
Pasta feita com a ‘fruta dourada’ – Rogério Assis/ISA

Ele encontrou duas variedades distintas, uma com características que ele diz ser diferentes de todas as outras que ele conhece.

Ele também organizou um workshop para ensinar os líderes das comunidades Ye’kwana e Ianomâmi como processar as cascas de cacau e as sementes para fazer chocolates finos.

É um processo que leva dez dias, mas, no final, os participantes puderam experimentar a primeira barra de chocolate amargo feita a partir de sua “fruta dourada”. Onde essa barra poderá chegar dependerá da qualidade do produto final.

Mendes levou as sementes que encontrou para sua cidade natal, no estado do Pará, para tentar identificar suas espécies, origem e características.

A esperança é que o cacau se mostre tão raro e de alta qualidade quanto Mendes acredita que ele possa ser, já que isso pode aumentar seu valor de maneira significativa.

Um cacau de baixa qualidade vendido como commodity no mercado de ações vale cerca de R$ 5,80, enquanto uma variedade de qualidade superior usada para fazer chocolates finos pode chegar a R$ 53.

Julio diz que a diferença que o cacau pode trazer à sua comunidade é enorme: “Hoje, não vivemos sem roupas e outros bens que vêm das cidades”.

“Precisamos de dinheiro, já que atualmente não temos nenhuma das nossas atividades tradicionais, e o cacau parece ser uma possibilidade”, diz ele. “Temos muito conhecimento sobre a floresta, fazemos muitas coisas que pessoas não indígenas vendem nas cidades. Nós as fabricamos para venderem lá”.

“Se este projeto for bem sucedido, não teremos que ir à cidade ou trabalhar na mina de ouro para ganhar dinheiro.”

É um raio de esperança para sua comunidade em um momento de renovada ameaça. Nos últimos anos, o número de garimpeiros voltou a aumentar.

Julio e seus colegas líderes comunitários esperam que suas “frutas douradas” em breve sejam uma alternativa à atração da mineração ilegal de ouro.

Todas as fotos desta reportagem são de Rogério Assis e estão sujeitas a direitos autorais.

BBC News Brasil

ACRE

Deslizamentos de terra, filas para conseguir alimento e moradores sem casa: como está a situação no AC após cheia histórica

PUBLICADO

em

Capital estima prejuízo de R$ 200 milhões e recuperação pode levar até um ano. Em Brasiléia e Rio Branco, mais de 200 pessoas não têm mais casa para voltar.

Deslizamentos de terra, casas arrastadas pelo Rio Acre, famílias desabrigadas e filas quilométricas para conseguir uma cesta básica. Estas são algumas das dificuldades vivenciadas pelos atingidos pela cheia do Rio Acre que buscam recomeçar após a baixa das águas.

Há mais de 10 dias, o manancial atingia uma marca histórica que impactou a vida de mais de 70 mil rio-branquenses. Os efeitos dessa enchente, no entanto, continuam a afetar a população.

👉 Contexto: o Rio Acre ficou mais de uma semana acima dos 17 metros e alcançou o maior nível do ano, de 17,89 metros, no dia 6 de março, há mais uma semana. Essa foi a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971. A maior cota histórica já registrada é de 18,40 metros, em 2015.

Continue lendo

ACRE

Acre tem mais de 120 vagas de emprego nesta segunda-feira; confira as oportunidades

PUBLICADO

em

O Sistema Nacional de Emprego do Acre (Sine) divulga 123 vagas de emprego para diversas áreas nesta segunda-feira (18) em Rio Branco.

Para se candidatar às vagas, que podem ser rotativas, os candidatos devem ter um cadastro no Sine. Para fazer, é preciso levar Carteira de Trabalho, comprovante de endereço e escolaridade, RG/CPF e título de eleitor para realizar o cadastro.



O atendimento ocorre por telefone, onde o Sine fornece mais informações sobre as oportunidades divulgadas. Para conferir se as vagas ainda estão disponíveis, basta entrar em contato através dos telefones 0800 647 8182 ou (68) 3224-5094.

Continue lendo

ACRE

Cerca de 100 famílias que perderam suas casas após cheia do Rio Acre já podem buscar aluguel social

PUBLICADO

em

Pelo menos 100 famílias que estão abrigadas no Parque de Exposições Wildy Viana, em Rio Branco, por não ter para onde ir após a cheia do Rio Acre, já estão autorizadas a procurar casas para alugar e serem contempladas com o aluguel social. O subsídio será liberado pela Defesa Civil Municipal para pessoas que tiveram suas casas destruídas ou condenadas pela enchente.

👉 Contexto: O Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo, que é 14 metros, dia 23 de fevereiro. Já no dia 29 do mesmo mês, seis dias depois, o manancial atingiu a marca de 17 metros e permaneceu acima da marcação até o dia 8 de março, quando baixou para 16,59 metros.



No dia 6 de março, o manancial alcançou a maior cota do ano – 17,89 metros. A cheia deste ano foi a segunda maior da história desde que a medição começou a ser feita em 1971. A maior cota já registrada é de 18,40 metros em 2015. À época, mais de 100 mil pessoas foram atingidas pela cheia.

Continue lendo

MAIS LIDAS