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“Há uma sociedade civil na Rússia que está tentando resistir”

Andrei Kolesnikov é cientista político e colunista da versão russa do Novaia Gazetaum dos poucos meios de comunicação ainda críticos do Kremlin em Moscou. Ele vive e trabalha na Rússia.

Para Vladimir Putin, que nega ter falado ao telefone com Donald Trump dois dias depois da eleição deste último, o regresso à Casa Branca do seu “amigo” é uma boa notícia?

Vladimir Putin quer mostrar que não depende de Donald Trump. É por isso que ele nega a própria existência desta entrevista telefónica que alegadamente ocorreu em 7 de Novembro. É também por isso que, durante uma grande conferência na Rússia, realizada no mesmo dia, ele não mencionou o presidente eleito durante as primeiras três horas do seu discurso. O chefe do Kremlin convenceu-se de que deve demonstrar a sua independência de qualquer influência americana.

Ao seu público na Rússia, ele quer apresentar-se como o czar do mundo: Trump é importante, mas é ainda mais importante. Ele não se importa com o resto – um estado de espírito que ele quer retratar. Nos Estados Unidos, a mensagem é a mesma: “Se você quiser me sugerir uma proposta de paz na Ucrânia, pode enviá-la para mim; Receberei você com prazer; mas sou eu quem decide quando e como devo me comportar. »

Para ele, a eleição de Donald Trump é uma boa e uma má notícia. Por um lado, sente-se próximo do presidente eleito e das suas posições conservadoras e conspiratórias. Mas, por outro lado, a imprevisibilidade de Donald Trump representa um problema para ele, porque pode minar o discurso e a política de Moscovo em relação a Washington. O Kremlin quer manter um clima de Guerra Fria. A mão estendida de Donald Trump abala esta tática. Ninguém abriu o champanhe no Kremlin em 5 de novembro (data da eleição presidencial americana). E duvido muito que Vladimir Putin concorde em se encontrar com Donald Trump logo após sua posse, em 20 de janeiro. (2025)para um grande espetáculo público de reconciliação. Inicialmente, a retomada dos contatos será feita de forma informal, nos bastidores. Donald Trump e a sua nova administração também poderiam reduzir rapidamente a ajuda a Kiev, mas isto permanece incerto e os efeitos difíceis de medir.

“Sem título, #79”, de Pasmur Rachuiko, 80 × 60cm, tela, têmpera.

Durante a cimeira dos BRICS, de 22 a 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, Vladimir Putin apresentou-se como o líder do novo mundo antiocidental. Será esta uma forma de escapar ao isolamento internacional?

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