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Herdeiros de Chico Mendes apostam em floresta plantada para o futuro no Acre; veja

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Apesar do avanço da agropecuária, agrofloresta é vista como alternativa sustentável.

Em sua propriedade nos arredores de Xapuri, o extrativista Francisco Assiz de Oliveira aposta no que diz ser o futuro da Amazônia: o sistema agroflorestal.

Em uma área degradada por pasto, ele plantou mudas de seringueira e castanheira, alternadas com pés de cacau, banana, goiaba, acerola e outras frutas. Junto com a mata nativa, consegue tirar no mínimo R$ 1.500 por mês, a depender da safra, e garante renda todo mês.

Alinhadas e espaçadas, as árvores produzem mais e dão menos trabalho do que entrar na mata fechada, e podem ser uma alternativa ao extrativismo convencional, para aproveitar áreas degradadas e manter as pessoas na floresta –e a floresta em pé.

“A floresta é meu caixa eletrônico: o que eu quiser, é daqui que eu tiro”, afirma Antonio Teixeira Mendes, o Duda, primo de Chico Mendes —líder ambientalista cuja morte completa 30 anos neste sábado (22)— e vizinho de Assiz, que também plantou seringueiras e castanheiras.

Em um hectare de floresta plantada, cabem até 500 árvores de seringa. Na mata nativa, cortar tudo isso tomaria 15 horas de incursão pela floresta.

Entre as seringueiras, também dá para plantar açaí, cacau, cupuaçu, banana, acerola e graviola. Foi o que fez Assiz, que começou a plantar por conta própria –e na beira da estrada, para mostrar aos outros que a ideia ia dar certo.

No começo, ele errou. Plantou árvores que só vingavam na sombra. Outras, ao contrário, que precisavam de sol. Mas foi aprendendo. Atualmente, ele tem um viveiro de mudas, que usa para expandir a área plantada.

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Foto: Raimundo Mendes de Barros, 73, o Raimundão, lutou ao lado de Chico Mendes, contra o desmatamento no Acre e pela defesa dos seringueiros e suas terras. Marlene Bergamo/FolhaPress.

 

Duda, seu vizinho, começou a plantar seis anos atrás. Hoje, já colhe borracha, mas ainda não a castanha (a árvore leva pelo menos 15 anos para dar frutos). Com a seringa, são cinco anos para começar a produzir. “Tem que insistir, ter paciência”, diz.

A experiência ainda é minoria entre os extrativistas –que, com pouca renda na floresta nativa, acabam partindo para a pecuária, maior fonte de desmatamento da Amazônia.

Nos arredores de Xapuri, cidade de Chico Mendes, a Folha viu plantações de seringueiras abandonadas, tomadas pelo mato. Assiz, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, admite que poucos persistiram no programa, apoiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e pelo governo do Acre. Outras florestas também são financiadas pelo banco de desenvolvimento da Alemanha, o KfW.

Técnicos que trabalharam no projeto apontam problemas de gestão: em alguns casos, as mudas demoraram a chegar; em outros, faltou assistência. Mas também responsabilizam os produtores por falta de cuidado.

Na foto, Gelso Barbosa Feitosa, 38, seringueiro de Nova Esperança, com sua esposa Maria do Carmo Ferreira de Lima, 51, e seu filho Gustavo Ferreira Feitosa, 14. Ele é a nova geração de seringueiros extrativistas pressionados pelos baixos preços da borracha e que começam a investir em gado, avançando sobre a floresta – Marlene Bergamo/Folhapress.

 

“É falta de cabeça, mesmo, de consciência”, diz Sebastião Aquino, 39. Membro da Cooperacre (cooperativa de extrativistas do estado), ele planta açaí, cacau, cupuaçu, banana, acerola e graviola, e ainda cria peixe. É um dos produtores mais bem-sucedidos da região –e faz isso em apenas cinco hectares de sua área, que fica dentro de uma reserva extrativista.

Companheiro de Chico Mendes e um dos veteranos da região, o extrativista Raimundo Mendes de Barros, 73, conhecido como Raimundão, é outro entusiasta da ideia. “Quem diz que não dá dinheiro é preguiçoso. Porque tem que trabalhar todo dia”, diz. “É fácil entrar nessa mata com motosserra. O trabalho é pouco.” 

“É como diz a religião: tem o caminho largo e o caminho estreito”, diz Assiz. “Esse aqui [agrofloresta] é o caminho estreito.”

Chefe da Reserva Extrativista Chico Mendes, o analista Flúvio Mascarenhas, do ICMBio, defende o modelo da agrofloresta, em parceria com o extrativismo.

“Nosso país tem a maior floresta tropical do mundo. Quem mais vai oferecer esse serviço?”, afirma. “Se a gente perder isso, perde a vanguarda, o protagonismo.”

Ele destaca que a agrofloresta é um processo lento, e leva tempo para dar resultados –mas argumenta que há compradores, tanto no mercado interno quanto externo. Estelita Hass Carazzai. Folha SP.

 

Chico Mendes foi morto a tiros em 1988

15.dez.1944
Nasce em um seringal no Acre

1975
Dá início à atividade sindical, liderando manifestações para impedir o desmatamento e desalojamento de famílias de seringueiros

1987
É premiado pela ONU por sua luta em defesa da floresta

22.dez.1988
É assassinado em Xapuri (AC)

12.mar.1990
Criada a 1ª reserva extrativista do país, a Chico Mendes

15.dez.1990
O fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira, são condenados pelo crime

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Embrapa do Acre alerta para o surto da mandarová, lagarta que é a maior ameaça à cultura da macaxeira no estado

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O maior inimigo da cultura da macaxeira no Acre, uma atividade estratégica para a economia do Estado, tem nome, é bem pequena, mas tem um poder devastador.

A mandarová, uma lagarta que é capaz de destruir plantações inteiras em poucos dias. O combate aquela que é considerada hoje o maior inseto-praga das plantações de macaxeira é um desafio para diminuir o surto que, conforme registros da Embrapa, chegou ao Acre pela primeira vez em 1980.



Em um artigo, o biólogo Rodrigo Souza Santos, doutor em Entomologia Agrícola e pesquisador da Embrapa Acre, alerta sobre os cuidados necessários para evitar a destruição dos plantios pela lagarta. As orientações vão desde o uso de luz incandescente comum, fixada a um poste, e de um tambor cortado ao meio contendo água com sabão, como coletor, que podem ser utilizadas para o monitoramento do início das revoadas das mariposas, bem como para reduzir o número de adultos na área, até a catação manual e até a produção de um inseticida biológico, produzido a partir das próprias lagartas mortas, que pode ser “fabricado” pelos próprios produtores rurais.

Leia o artigo abaixo na íntegra:

Surto populacional de insetos: o caso do mandarová-da-mandioca no Vale do Juruá

A mesorregião do Vale do Juruá corresponde a oito municípios do estado do Acre (Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Jordão), com área de 85.448 km² e população aproximada de 250 mil habitantes. A farinha de mandioca desempenha importante papel socioeconômico para as populações rurais acreanas, especialmente do Vale do Juruá. Além de gerar trabalho e renda no campo, é componente básico da dieta alimentar de grande parte das famílias. Em 2018, a tradicional farinha produzida em Cruzeiro do Sul entrou para a lista de produtos com selo de indicação geográfica, que atesta sua procedência e qualidade.

A produção de mandioca é uma atividade estratégica para a economia acreana, mas, como toda cultura agrícola, enfrenta entraves que podem representar ameaça ao fortalecimento desse arranjo produtivo local, destacando-se a incidência de pragas. Atualmente os insetos-praga associados ao cultivo da mandioca no estado do Acre são: a mosca-das-galhas [Jatrophobia brasiliensis (Rüebsaamen)], mosca-branca [Bemisia tabaci (Genn.)], percevejos-de-renda [Vatiga manihotae (Drake), Vatiga illudens (Drake) e Gargaphia opima (Drake)], formigas-cortadeiras [Atta spp. e Acromyrmex sp.], broca-da-haste [Sternocoelus sp.] e o mandarová-da-mandioca [Erinnyis ello (L.)]. Esse último é considerado o inseto-praga mais importante da cultura, devido aos danos que provoca em altas infestações.

O mandarová-da-mandioca, conhecido como “gervão”, “mandarová”, “mandruvá” ou “lagarta-da-mandioca”, é uma mariposa (ordem Lepidoptera) com 90 mm de envergadura, coloração acinzentada e faixas pretas no abdome. As asas anteriores são de coloração cinza e as posteriores são vermelhas com bordos pretos. Na fase jovem, os insetos causam danos às suas plantas hospedeiras, visto que as lagartas são herbívoras vorazes, podendo consumir até 12 folhas bem desenvolvidas em 15 dias. Por outro lado, quando adultos, se alimentam de néctar e não causam danos à cultura.

Todo inseto herbívoro é classificado como praga a partir de seu nível populacional e nível de dano que provoca na planta hospedeira. No estado do Acre, frequentemente são registrados surtos do mandarová em plantios de mandioca, especialmente na região do Vale do Juruá, mas também já houve registro de surto populacional desse inseto-praga em cultivos de seringueira. Entretanto, o mandarová é um inseto polífago, podendo se alimentar de mais de 35 espécies de plantas.

Um surto populacional de insetos é um evento de alta complexidade, determinado por diversos fatores (bióticos e/ou abióticos) interligados, extremamente difícil de se prever. No entanto, algumas situações certamente contribuem para ocorrência desse evento, tais como: 1) monocultivo – sistema de produção que simplifica o ecossistema e permite aos insetos acessarem grande quantidade de recurso alimentar, geralmente em plantas com baixa diversidade genética; 2) temperatura, luminosidade, umidade e precipitação – os insetos necessitam de condições abióticas ótimas para se desenvolverem e reproduzirem; 3) controle biológico natural – os inimigos naturais (predadores, parasitoides e entomopatógenos) são responsáveis pela regulação de populações de insetos herbívoros em condições naturais. Assim, a ausência de inimigos naturais permite que os herbívoros se proliferem mais rapidamente; e 4) potencial biótico do inseto-praga – cada espécie de inseto possui uma capacidade máxima de reprodução, que é determinada, dentre outros fatores, pela duração de seu ciclo de vida e tamanho da sua prole, em condições ideais.

A literatura aponta que o primeiro surto do mandarová em cultivo de mandioca no Acre ocorreu em 1980, seguido de outros dois em 1993 e 1998, com perdas de até 60% na produção. Posteriormente, datam surtos de menor magnitude em 2002 e 2007, e surtos mais recentes na região do Vale do Juruá, registrados em 2019, na Terra Indígena Carapanã, localizada à margem do Rio Tarauacá, e em 2023, em propriedades rurais de Cruzeiro do Sul. Em 2014 foram registrados surtos do mandarová em seringais comerciais de sete municípios acreanos.

A catação manual, com eliminação das lagartas por esmagamento ou corte com tesoura, é recomendada para cultivos de mandioca de até 2 ha. A eliminação de plantas invasoras hospedeiras à praga, presentes na plantação ou em suas imediações é outra alternativa para minimizar os riscos de surtos. No que tange ao controle químico, atualmente 22 produtos estão registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária para o controle do mandarová na cultura da mandioca. É importante ressaltar que a aquisição e utilização de qualquer inseticida devem ser recomendadas por um engenheiro-agrônomo, seguindo-se o receituário agronômico apropriado, além da observância quanto ao uso de equipamento de proteção individual (EPI).

Existem insetos predadores e parasitoides associados ao mandarová atuando no controle biológico do inseto em campo. No entanto, o principal agente de controle biológico natural é o Baculovirus erinnyis, um vírus específico do inseto, que não causa danos em humanos. Aproximadamente 4 dias após a ingestão do vírus pelas lagartas surgem os primeiros sintomas de infecção no organismo do inseto (descoloração da lagarta, perda dos movimentos e da capacidade de se alimentar). No estágio final da infecção, as lagartas morrem e ficam dependuradas nos pecíolos das folhas.

Para produção desse inseticida biológico, lagartas recém-mortas são coletadas e maceradas com uso de aproximadamente 5 mL de água pura. Essa mistura deve ser coada em um pano fino e limpo, resultando em um líquido viscoso que pode ser acondicionado em embalagem plástica tipo “sacolé” e congelado por prazo indefinido. Para ser utilizado, o produto deve ser descongelado e diluído em água limpa, na proporção de 100 mL do extrato por hectare, para pulverização no campo. O uso do baculovírus pode controlar até 98% das lagartas nos primeiros 3 dias após a aplicação, quando realizada em lagartas jovens, entre o primeiro e terceiro instar (até aproximadamente 3 cm de comprimento).

Rodrigo Souza Santos é Biólogo, doutor em Entomologia Agrícola, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, AC

Fotos: Embrapa/AC.

O monitoramento do cultivo é essencial para a tomada de decisão sobre a época e formas de controle do mandarová. Armadilhas atrativas, com uso de luz incandescente comum, fixada a um poste, e de um tambor cortado ao meio contendo água com sabão, como coletor, podem ser utilizadas para o monitoramento do início das revoadas das mariposas, bem como para reduzir o número de adultos na área.

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TJAC participa de entrega de títulos definitivos

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Poder Judiciário do Acre possui parceria com o Governo do Acre com a campanha nacional do Conselho Nacional da Justiça (CNJ) sobre regularização fundiária intitulada “Solo Seguro”.

Ter títulos de propriedade definitivos traz segurança e estabilidade permitindo que as pessoas possam investir em suas propriedades. Nesta sexta-feira, 5, 500 títulos definitivos urbanos e das entidades religiosas foram entregues em mais uma ação do Governo do Estado do Acre, que contou com o apoio do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC).



A atividade, que ocorreu na quadra da Escola Doutor Mário de Oliveira, contou com representantes do TJAC pela questão de o órgão possuir parceria com o Instituto de Terras do Acre (Iteracre), através da campanha nacional do Conselho Nacional da Justiça (CNJ) sobre regularização fundiária intitulada “Solo Seguro”.

O juiz-auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça, Alex Oivane destacou que a falta de títulos de terras é um problema em muitas regiões causando incerteza e dificuldades para as pessoas que vivem nessas áreas. Ele ainda reforçou que a ação também contribui para a superação dos conflitos fundiários, a promoção da justiça, o acesso à terra, proteção ambiental e segurança jurídica.

“Isso trará não só a devida segurança jurídica a essas comunidades, fazendo com que as pessoas passem a possuir a legalidade habitacional e a possibilidade de instalar comércios, mas também tenham sua dignidade devolvida. Isso impacta positivamente a vida das pessoas e das comunidades”, disse.

Nesta ação em Rio Branco, foram beneficiadas famílias dos bairros: Aeroporto Velho, Areal, Ayrton Senna, Bahia Nova, Bahia Velha, Boa União, Boa Vista, Calafate, Chico Mendes, Custódio Freire, Esperança III, Farhat, Glória, Israel Lira, João Paulo II, Jorge Lavocat, Palheiral, Pedro Roseno, Pista, Plácido de Castro, Santa Inês, Sobral e Vila Acre. Títulos rurais também serão entregues na capital.

Ao lado da presidente do Iteracre, Gabriela Câmara, o governador Gladson Cameli ressaltou sobre a união entre os poderes e uma série de benefícios que as famílias recebem com os títulos. “Hoje, estamos entregando cidadania, que é o título da terra para as pessoas que terão o documento da sua moradia, do seu local, a prova definitiva do pertencimento”, disse.

Segundo a presidente do Iteracre, entre 2023 e 2024, já foram entregues mais de 8 mil títulos, divididos entre áreas urbanas e rurais. Essa iniciativa faz parte das ações executadas pelo Programa Minha Terra de Papel Passado e do Programa Igreja Legal, do Iteracre

A ação marcou também o lançamento do Mutirão de Cirurgias Ortopédicas da Fundhacre.

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“As vozes Tarauacá ” Inscrições vão até 29 de Março

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Estão abertas e se estendem até o final do mês de março (29), inscrições para o projeto “As Vozes de Tarauacá”. Os interessados em participar deverão procurar os seguintes locais:
Crianças de 10 a 14 anos: Escola onde estuda

Jovens de 14 a 18 anos: Escola onde estuda



Adulto, acima de 18 anos, escola, se ainda estudar e Rádio Comunitária Nova Era FM.

A inscrição deve ser realizada num formulário simples disponibilizado para a direção das escolas e da rádio.

Informações:

WHATSAAP – 99977 5176 (Raimundo Accioly) 99938 6041 (Leandro Simões)

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