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Investigação aponta ligação entre secretário da Polícia Civil do Acre e Comando Vermelho

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Fez o correto”, disse delegado sobre assassinato de suspeito

Uma investigação da Polícia Civil que tinha como objetivo desarticular a ação do CV (Comando Vermelho) no Acre terminou ligando o nome do atual secretário da Polícia Civil no estado ao crime organizado. Rêmulo Diniz foi delegado titular do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) até o fim de 2018.

MP (Ministério Público) e Polícia Civil apontam que Diniz pode ter cometido crimes enquanto chefe do DHPP. Entre os crimes, os órgãos investigam se ele cometeu falsidade ideológica em boletins de ocorrência, prevaricação, violação de sigilo profissional, formação de quadrilha, abuso de autoridade e fraude processual. O secretário nega os crimes e diz não saber que foi alvo de investigação.]



A acusação, que corre em segredo no TJ-AC (Tribunal de Justiça do Acre) e foi obtida pelo UOL com exclusividade, aponta que Diniz forneceu informações privilegiadas da polícia ao Comando Vermelho, através de um policial militar preso no fim de 2018, e que ele facilitava ações de milícias, deixando de investigar assassinatos cometidos por policiais militares contra suspeitos.

Com cinco anos de carreira na polícia, o delegado Diniz ascendeu rapidamente. No comando do departamento que investiga homicídios no estado, ficou reconhecido como um agente contra o crime organizado, que intensificou conflitos pelo território acriano entre 2013 e 2018. O estado é estratégico para o crime organizado porque faz divisa com Bolívia e Peru, países produtores de cocaína.

No Acre, há a presença das facções criminosas aliadas PCC (Primeiro Comando da Capital) e B13 (Bonde dos 13), além da rival CV (Comando Vermelho). Em 2018, relatório da Polícia Civil do Acre apontou que 65% dos 137 homicídios registrados nos primeiros quatro meses foram resultados do enfrentamento das facções criminosas. Outra parte, não quantificada exatamente, ocorreu por letalidade policial, qualificada nos autos, porém, em alguns casos, como legítima defesa.

Rêmulo Diniz, além de toda a cúpula da segurança pública, foi escolhido pelo vice-governador do estado, eleito no ano passado, Major Rocha (PSDB). No Acre, a Polícia Civil é administrada por secretaria própria, não estando abaixo da Secretaria de Segurança Pública, como costuma ocorrer na maioria dos estados brasileiros. A rigidez na segurança foi uma das principais bandeiras para Gladson Cameli (PP) ter conseguido ser eleito governador do estado.

O delegado Alcino Ferreira de Sousa Junior, que esteve à frente da investigação contra o CV e que acabou encontrando um elo do atual secretário da Polícia Civil com o crime organizado, foi rebaixado neste ano. Da delegacia que investigava o crime organizado, o delegado foi enviado para o plantão de uma delegacia de crimes em flagrante.

À reportagem, o Sousa Junior afirmou que estaria à vontade para falar sobre o assunto caso a investigação não estivesse sob sigilo. Mas confirmou as informações as quais o UOL teve acesso. “São verídicas. Eu também era diretor da Inteligência da Polícia Civil, cargo que está vago desde a minha saída, há 30 dias.”

A Corregedoria da Polícia Civil foi acionada para investigar seu próprio chefe depois de a apuração ter localizado uma série de conversas entre Diniz e o tenente da PM (Polícia Militar) Josemar Barbosa de Farias, considerado até o fim do ano passado como o número dois na linha hierárquica do Bope (Batalhão de Operações Especiais), a tropa de elite da corporação acriana.

Mensagens trocadas entre delegados sobre operações que seriam realizadas contra o crime organizado eram passadas por Diniz a Farias, o que, inclusive, colocava em risco a segurança dos policiais que estavam nas ruas, aponta a apuração.

Farias foi preso em 27 de dezembro, sob acusação do MP de não só ajudar o CV, mas de integrar a facção criminosa. De acordo com a investigação, o tenente seria uma ponte de informações privilegiadas passadas pelo delegado Diniz ao crime organizado. “As comunicações telefônicas interceptadas evidenciam que o representado [tenente Frias] teria estreitos laços com pessoas ocupantes de posições de liderança do CV”, aponta trecho da investigação obtida pela reportagem.

Combustível do Bope nos carros do tráfico

O tenente teria ligação estreita com Agilberto Soares de Lima, conhecido como Juquitaia. Acusado de ter cargo de liderança no CV, Juquitaia tinha como principais objetivos no Acre expandir o grupo do Rio de Janeiro no controle do tráfico de drogas em todo o estado e marcar presença na região da fronteira com Bolívia e Peru.

De acordo com a investigação, Farias cumpriria ordens repassadas por Juquitaia para que integrantes do CV não fossem presos, nem mortos pela polícia, além de agir como uma milícia, fazendo a segurança de áreas dominadas pela facção fluminense, em meio à guerra pelo território contra PCC e B13.

Ainda segundo o que Polícia Civil e Ministério Público apuraram, Farias chegou a disponibilizar verba que abasteceria viaturas do Bope para fornecer combustível de carros utilizados pelo CV. E que o tenente do grupo de elite da PM acriana também colaborava com a apreensão de armas de grosso calibre, sobretudo próximo às fronteiras, para enviá-las ao crime organizado.

“Fez o correto”, disse delegado sobre assassinato de suspeito

A investigação apontou que, além de facilitar a ação de membros do CV no Acre, o delegado Rêmulo Diniz agia com a finalidade de “arredondar” ocorrências de crimes militares com invasões de casas, lesões corporais e assassinatos de suspeitos, para que nenhuma das ações feitas por policiais de maneira irregular fossem devidamente apuradas.

A ligação entre Diniz e o tenente Farias teve início numa ocorrência assim. Interceptações telefônicas mostraram conversas em que os dois acertavam detalhes sobre uma ocorrência em que um policial teria atirado contra as costas de um suspeito de roubo.

Depois de o tenente Farias afirmar como foi a cena do crime, com a morte do suspeito, o delegado afirmou: “Fez correto”. O boletim de ocorrência apresentado apontou versão do PM dizendo que entrou em luta corporal com o suspeito, que teria tentado efetuar disparos contra o policial diversas vezes, e, por isso, o policial teve de efetuar disparos. Versão oposta ao que de fato teria acontecido.

Informações chegam a policiais; delegado diz que soube via UOL

A reportagem entrou em contato, por telefone, com 10 policiais civis do Acre. Todos relataram medo de se identificar, mas afirmaram conhecer a história. Os policiais disseram que não acreditam na continuidade de Rêmulo Diniz à frente da Polícia Civil, mesmo sob forte influência do vice-governador Major Rocha, que o colocou no cargo, uma vez que ele “perdeu comando da corporação”.

O UOL entrou em contato diretamente com o delegado Rêmulo Diniz. Após mensagens e ligações, o secretário afirmou que soube que teria sido investigado pela reportagem. “Como assim fui investigado? Nunca soube de qualquer investigação me envolvendo. Nunca fui chamado pela polícia, Ministério Público ou Judiciário. Agradeço por me informar”, disse.

A reportagem também entrou em contato com o vice-governador tucano Major Rocha, que afirmou que, caso as informações sejam verdadeiras, “o governo terá de tomar medidas graves”.

Ainda de acordo com Major Rocha, as informações foram vazadas de dentro do Judiciário, o que se configuraria crime. “Um processo que corre em segredo de Justiça teve diversos vazamentos e não sei qual é o objetivo disso. Vou pedir instauração de inquérito por esse vazamento. Isso é um crime”, disse.

O vice-governador disse, também, que conheceu o delegado Diniz apenas na fase de transição do governo.

A reportagem pediu posicionamento do governo do estado, gerido pelo governador Gladson Cameli, da Secretaria de Segurança Pública e da Secretaria de Polícia Civil desde segunda-feira (28), mas não obteve resposta.

Fonte: UOL

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“As vozes Tarauacá ” Inscrições vão até 29 de Março

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Estão abertas e se estendem até o final do mês de março (29), inscrições para o projeto “As Vozes de Tarauacá”. Os interessados em participar deverão procurar os seguintes locais:
Crianças de 10 a 14 anos: Escola onde estuda

Jovens de 14 a 18 anos: Escola onde estuda



Adulto, acima de 18 anos, escola, se ainda estudar e Rádio Comunitária Nova Era FM.

A inscrição deve ser realizada num formulário simples disponibilizado para a direção das escolas e da rádio.

Informações:

WHATSAAP – 99977 5176 (Raimundo Accioly) 99938 6041 (Leandro Simões)

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Concurso do Tribunal de Justiça do Acre tem confusão e é anulado para o cargo de Analista Judiciário

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Uma confusão na tarde deste domingo, 24, no concurso do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC) provocou a anulação do certame para o cargo de Analista Judiciário.

Conforme relatos de candidatos ao ac24horas, não foi apresentada a prova discursiva do concurso. Outros problemas relatados são pacotes de provas sem lacres, provas com capa especificando questões de história e geografia que não constatam no edital para o cargo.



Um dos locais de provas onde apresentou confusão por conta do concurso foi na Fameta/Estácio.

A reportagem conversou com o candidato Thales Martins 27 anos, que relatou o que ocorreu. “Bom, a gente foi fazer a prova, tudo conforme. Porém, nós não recebemos a discursiva. Os alunos que estavam dentro da sala, nenhum recebeu. Aliás, se eu não me engano, o bloco todo não recebeu essa prova discursiva. Então, quando deu o horário de duas horas e meia que passou a prova, a gente foi informado que teve o cancelamento da prova e que a gente não podia continuar fazendo a prova. Outro detalhe importante, a gente não levou a nossa prova, visto que teve outras turmas que levaram a prova. Fomos lesados devido à gente vai ter que remarcar outro dia” contou.

Quem também conversou com o ac24horas foi o candidato Samuel França, 26 anos. “Algumas provas receberam redação e outras provas não, a informação no momento não foi passada para todos, inclusive tem sala ainda que está tendo prova discursiva até para a própria área, analista, jornalista e judiciário da área do direito, então até 7 e meia, que é a data limite, 7 e meia da noite, ainda tem gente fazendo prova. Analista e judiciário sem saber que foi cancelado” relata.

A anulação prejudica milhares de candidatos, já que mais de 16 mil pessoas se inscreveram no certame, e muitos vieram de fora do Acre exclusivamente para fazer as provas.

O Tribunal de Justiça do Acre se posicionou por meio de uma nota de esclarecimento, onde confirma a anulação do concurso para o cargo de Analista Judiciário.

Leia abaixo:

Nota de Esclarecimento

A Administração do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC), tendo em vista os problemas ocorridos na aplicação da prova do concurso de servidores deste tribunal, realizada pelo Instituto Verbena, esclarece:

O problema decorreu especificamente na questão discursiva para o cargo de Analista Judiciário – área judicial/judiciária.

A Comissão Gestora do Concurso deliberou o cancelamento da aplicação da prova especifica para este cargo.

A decisão pela anulação foi tomada com base nos princípios da transparência, igualdade e lisura, que norteiam a atuação do TJAC.

Lamentamos o ocorrido e informamos que as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no sentido de reaplicar a prova com a maior brevidade possível.

Isabelle Sacramento
Presidente da Comissão Gestora do Concurso

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Deslizamentos de terra, filas para conseguir alimento e moradores sem casa: como está a situação no AC após cheia histórica

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Capital estima prejuízo de R$ 200 milhões e recuperação pode levar até um ano. Em Brasiléia e Rio Branco, mais de 200 pessoas não têm mais casa para voltar.

Deslizamentos de terra, casas arrastadas pelo Rio Acre, famílias desabrigadas e filas quilométricas para conseguir uma cesta básica. Estas são algumas das dificuldades vivenciadas pelos atingidos pela cheia do Rio Acre que buscam recomeçar após a baixa das águas.

Há mais de 10 dias, o manancial atingia uma marca histórica que impactou a vida de mais de 70 mil rio-branquenses. Os efeitos dessa enchente, no entanto, continuam a afetar a população.

👉 Contexto: o Rio Acre ficou mais de uma semana acima dos 17 metros e alcançou o maior nível do ano, de 17,89 metros, no dia 6 de março, há mais uma semana. Essa foi a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971. A maior cota histórica já registrada é de 18,40 metros, em 2015.

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