Teerã nega que a detenção de Sala em 19 de dezembro estivesse ligada à prisão de um empresário iraniano na Itália com base em um mandado dos EUA.
A jornalista italiana Cecilia Sala foi libertada pelo Irão após três semanas de prisão e regressou a casa.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, estavam presentes para cumprimentar a jovem de 29 anos quando ela voltava para Roma na quarta-feira, destacando a importância política atribuída ao o caso dela.
Sala, escritora e podcaster, trabalhava com visto regular de jornalista quando foi detida em Teerã, em 19 de dezembro, acusada de “violar as leis da República Islâmica”.
Teerã negou especulações de que sua prisão estivesse ligada à detenção, por Roma, de um empresário iraniano que os Estados Unidos acusam de envolvimento em um ataque às suas forças armadas.
A notícia de que Sala tinha sido libertada foi aplaudida em Itália, onde a sua situação dominou as manchetes. Os legisladores saudaram o sucesso das negociações para trazê-la de volta para casa, ilustrando a força do ganho político para Meloni.
“Quero expressar minha gratidão a todos aqueles que contribuíram para que o retorno de Cecília fosse possível, permitindo que ela voltasse a abraçar sua família e colegas”, postou Meloni no X.
Ela acrescentou que informou pessoalmente os pais de Sala sobre sua libertação.
Mantido em confinamento solitário na famosa prisão de Evin, na capital iraniana, Sala, repórter do jornal Il Foglio, trabalhava com um visto regular de jornalista.
Ela foi detida três dias depois que o empresário iraniano Mohammad Abedini foi preso no aeroporto de Malpensa, em Milão, sob mandado dos EUA.
O Departamento de Justiça dos EUA acusou Abedini e outro iraniano de fornecerem tecnologia drone ao Irão, que foi usada num ataque em janeiro de 2024 a um posto avançado dos EUA na Jordânia, matando três soldados americanos.
Comentaristas italianos especularam que o Irã considerava Sala como moeda de troca. O Irão tem sido frequentemente acusado de utilizar prisioneiros com laços ocidentais para tais fins.
Em Setembro de 2023, cinco americanos presos durante anos no Irão foram libertados em troca de cinco iranianos e 6 mil milhões de dólares em activos iranianos congelados libertados pela Coreia do Sul.
Jornalistas ocidentais também foram detidos no passado. Roxana Saberi, uma jornalista americana, foi detida pelo Irão em 2009 durante quase 100 dias antes de ser libertada.
No entanto, Teerão negou categoricamente qualquer ligação entre os dois casos. Abedini continua detido em Itália.
A declaração de Meloni afirma que Sala foi libertado “graças ao intenso trabalho nos canais diplomáticos e de inteligência”. No entanto, não fez menção ao caso Abedini.
O primeiro-ministro italiano encontrou-se com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, no fim de semana e teria discutido o caso.
Nenhum detalhe das negociações foi divulgado, mas relatos não verificados da mídia afirmam que Trump concordou com um acordo para garantir a libertação de Sala, desde que isso acontecesse antes de sua posse, em 20 de janeiro.