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Na Turquia, Erdogan acusa a mudança da moral de prejudicar a família

CARTA DE ISTAMBUL

Várias centenas de pessoas participaram brevemente numa marcha do orgulho LGBTQ, proibida pelas autoridades, no distrito de Kadikoy, em Istambul, em 30 de junho de 2024.

As distinções oficiais dizem muito sobre uma época, às vezes até antecipando-a. O Prémio Necip Fazil, atribuído em 3 de Janeiro pelo Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, é uma ilustração disso. Criado em 2014 pelo governo islamo-conservador em homenagem ao poeta preferido do Chefe de Estado Necip Fazil Kisakürek (1904-1983)romancista, dramaturgo, ideólogo islâmico, teórico da conspiração e cantor truculento do anticomunismo e da modernidade turca, ele premia anualmente artistas e autores com o objetivo de preservar a herança cultural do escritor. Ou seja, obras que lisonjeiam quem ama a “tradição”, tão cara ao poder vigente.

Na categoria “busca de ideias”, foi um psiquiatra junguiano quem recebeu a distinção: Mustafa Merter, 77 anos, mais conhecido pelos televisores de canais pró-governo e redes sociais. O homem é pessoal, dotado de um certo encanto e de uma confiança prodigiosa. Tal como os seus colegas islâmicos, ele utiliza as noções de alma (“alma”) ou zinhin (“mente”) para reformular conceitos como o ego, o superego ou o inconsciente. Mas é principalmente a denúncia e a crítica mordaz dos círculos progressistas que servem de enquadramento narrativo.

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