
Au Senegalum ministro causou alvoroço ao tratar os fuzileiros como “traidores” tendo lutado “seus irmãos” Africanos. O Ministro responsável pela Administração e Equipamentos da Presidência da República, Cheikh Oumar Diagne, estimou, em entrevista à televisão local Fafa TV transmitida no sábado, 21 de dezembro, que “quem celebra os fuzileiros não sabe o que são” na realidade, estes soldados coloniais. “Os escaramuçadores são traidores. Eles lutaram contra seus irmãos” durante revoltas ou guerras anticoloniais em África, acrescentou o Sr. Diagne.
Na Internet e nos meios de comunicação social, estes comentários foram amplamente criticados, tendo alguns apelado à sua saída da presidência da República. “Houve momentos em que a França os obrigou a fazer um trabalho sujo. Mas se tomarmos uma média geral e descrevermos o sofrimento e o heroísmo que demonstraram, seria injusto rotulá-los de traidores. Isso não está servindo a uma boa causa”, retrucou historiador Mamadou Fall na rádio privada RFM.
Fall, que leciona na Universidade Cheikh-Anta-Diop em Dakar, é membro do comitê de celebração do 80º aniversárioe aniversário do massacre de Thiaroye, o 1ºé Dezembro de 1944, durante o qual fuzileiros africanos foram mortos pelo exército francês. Acontecimentos que a França acaba de reconhecer como um massacre e que o Senegal, sob o novo presidente Bassirou Diomaye Faye, planeou ensinar nas escolas e comemorar em particular com nomes de ruas.
O Senegal comemorou solenemente este ano, numa escala sem precedentes, os acontecimentos de 1944 no campo militar de Thiaroye, perto de Dakar. As forças coloniais francesas dispararam contra fuzileiros repatriados dos combates na Europa, não apenas senegaleses, mas também de outros países africanos, que exigiam o pagamento de salários em atraso.
Permanecem muitas zonas cinzentas relativamente às circunstâncias da tragédia, ao número de fuzileiros mortos, à sua identidade e ao local do seu sepultamento. As autoridades francesas da época admitiram a morte de 35 pessoas. Vários historiadores apresentam um número de vítimas muito superior – até 400. As 202 sepulturas no cemitério de Thiaroye são anónimas.
O mundo com AFP