Michael Viriato
Você já pensou no que acontecerá com seu patrimônio quando você não estiver mais aqui? Este é um tema que muitos evitam, mas que pode evitar grandes conflitos familiares e garantir que seus desejos sejam respeitados. Planejar um testamento não é apenas uma questão financeira, mas também uma forma de cuidar das pessoas que você ama.
O testamento é uma ferramenta poderosa e subutilizada no Brasil. Ele permite que você organize a distribuição do seu patrimônio de acordo com seus desejos, dentro dos limites estabelecidos pela lei. Diferentemente do que muitos pensam, ele não é apenas para grandes fortunas. Qualquer pessoa que possua bens e deseje evitar disputas familiares ou incertezas jurídicas pode se beneficiar de um testamento.
A lei brasileira estabelece que 50% do patrimônio é reservado para os herdeiros necessários, como filhos, cônjuge e pais, caso estejam vivos. Os outros 50% formam a chamada “parte disponível”, que pode ser livremente destinada pelo testador.
Por exemplo, em um regime de comunhão parcial de bens, o mais comum no Brasil, o cônjuge tem direito à metade do patrimônio comum. Dos outros 50%, metade é a legítima, destinada aos herdeiros necessários, ou seja, filhos ou pais vivos, e a outra metade é a parcela disponível, sobre a qual o testador pode dispor livremente. Assim, um testamento pode abarcar cerca de 25% do total do patrimônio nestes casos.
No Brasil, o testamento pode ser feito em três modalidades principais: público, particular e cerrado. O testamento público, lavrado por um tabelião, é o mais recomendado, pois garante maior segurança jurídica e evita o risco de perda ou invalidação. Já o testamento particular, elaborado pelo próprio testador, pode ser mais suscetível a erros formais. O testamento cerrado, por sua vez, oferece maior sigilo, mas exige procedimentos específicos para validação, como ser aberto em juízo.
Outro ponto interessante é a flexibilidade do testamento. Ele pode ser alterado a qualquer momento, desde que o testador esteja em pleno uso de suas faculdades mentais.
O planejamento sucessório não é apenas sobre dividir bens; é também sobre evitar custos desnecessários e garantir a tranquilidade da família. No entanto, muitos brasileiros deixam de fazer um testamento, seja por falta de conhecimento ou pelo medo de enfrentar o tema da mortalidade. Esse desinteresse pode resultar em heranças divididas de forma automática, muitas vezes contrariando a vontade do falecido.
Por fim, é importante refletir sobre o verdadeiro propósito de um testamento. Ele não é apenas uma ferramenta financeira, mas um ato de responsabilidade e cuidado. Planejar sua sucessão é uma maneira de garantir que seus desejos sejam respeitados e de preservar a harmonia familiar, evitando conflitos que podem durar anos.
Como ensina o Dr. David Roberto da Silva, “o testamento não é sobre controlar o futuro, mas sobre garantir que sua voz seja ouvida mesmo quando você não estiver mais aqui.” Então, que tal começar a planejar hoje? Afinal, pensar no futuro é um gesto de amor por quem você mais se importa.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
