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Relato de um sobrevivente: Calma nos salvou, relata motorista de caminhonete levada por onda de lama

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Veja o vídeo:

Funcionários da Vale contam como sobreviveram a rompimento da barragem em Brumadinho (MG).

Foto de capa: Caminhonete usada por Elias e Sebastião para tentar fugir da lama.

O “pai nosso que estais no céu” começou quando Elias e Sebastião viram que não tinha mais saída. Eles até tentaram fugir, dirigindo em zigue-zague em busca de uma estrada que leva a um ponto mais alto da mina, mas àquela altura a lama já havia cercado a caminhonete em que os dois amigos estavam.



Veio um primeiro estrondo: eram os rejeitos batendo em uma das portas. Veio um segundo estrondo: eram os rejeitos batendo na outra. O carro balançava, mas a reza seguia forte, já gritada. No exato momento em que terminaram dizendo “amém”, tudo parou.

A lama havia levantado a caminhonete, que ficou na diagonal, com o lado do passageiro virado para o céu. Os poucos segundos que se seguiram até que eles saíssem do carro foram uma mistura de choque e calma. Sebastião paralisou, mas Elias se esticou e conseguiu abrir a porta do lado do amigo.

A poucos metros dali, Leandro já estava quase completamente soterrado, só com parte do rosto para fora. Respirava com dificuldade, porque seus pulmões estavam prensados entre a lama e a carregadeira que ele conduzia, mas ainda podia pedir socorro.

No alto, à esquerda, a caminhonete onde estavam Sebastião Gomes e Elias Nunes; mais ao centro, a carregadeira laranja onde estava Leandro Cândido 

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Só estava vivo porque alguns momentos antes, quando viu a lama fazer com que vagões de trem voassem bem na sua frente “como cena de filme”, pensou rápido a ponto de tirar o cinto e quebrar o vidro lateral com o pé. 

Quando a lama chegou rompendo o para-brisa e “tomando a máquina toda”, ele teve por onde sair.
Mas não conseguiria ter saído sozinho. Elias e Sebastião andaram sobre a densa lama de rejeitos até chegarem a ele e cavaram com as mãos os escombros para arrancá-lo dali. “Pode puxar”, dizia ele mesmo, com a perna presa no maquinário. A bota ficou.

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Foto: Elias de Jesus Nunes, 43, sobrevivente que estava em caminhonete.

A partir daí ele não lembra direito o que aconteceu, só viu depois na TV, já com a perna fraturada e 22 pontos no braço: um helicóptero da TV Record registrou Sebastião, que estava erguendo um colete laranja para que resgatassem Leandro. Alguns minutos depois chegou a aeronave da Polícia Militar, que o levou a uma ambulância e, finalmente, ao hospital.

Elias Nunes, 43, Sebastião Gomes, 53, e Leandro Cândido, 37, estão entre as pessoas resgatadas com vida após o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (região metropolitana de Belo Horizonte), naquela sexta-feira (25). Outras 121 morreram e 226 continuam desaparecidas, a maioria delas também funcionárias da Vale.

Sebastião trabalha para a companhia há nove anos; Elias, há 13. A função dos dois naquele dia era acompanhar funcionários terceirizados que prestavam serviços sanitários em uma fossa do complexo da mina do Córrego do Feijão.

“A calma nos salvou. Se tivesse me desesperado, a gente estaria ali hoje sendo achado pelos bombeiros como 80%, 90% dos amigos que eu perdi”, diz Elias, que saiu ileso, em sua casa na cidade de Mário Campos (Grande Belo Horizonte) junto das filhas.

Quando ouviu um barulho “que parecia de dinamite” da barragem ruindo, foi ele quem pensou em sair correndo para dentro da caminhonete e chamou Tião, como o colega é conhecido, para entrar no banco do passageiro.

Tião chegou a tropeçar antes de chegar no carro, mas conseguiu se levantar. Elias dirigiu até se ver cercado pela lama. Foi quando desligou o veículo, com medo de que ele pegasse fogo com o impacto dos rejeitos, e eles começaram a rezar.

“É uma força muito grande [a da lama], acho que nem uma bomba atômica faria aquilo. [Depois que a onda de rejeitos passa], é como se nunca tivesse existido nada ali”, descreve Elias.

Toda a cena da fuga foi filmada por uma câmera de segurança da mineradora e divulgada depois pela Band. Ele não gosta de rever as imagens, que têm passado frequentemente na televisão.

Sebastião está há sete dias quase sem dormir, chorando a todo momento.

“Não estou querendo falar muito sobre isso, o psiquiatra me deu até esses remédios pra eu tomar”, afirma ele em seu sofá ao lado da esposa, na cidade de Betim, também na Grande BH.

Cabisbaixa e com a fala lenta, Ana Gomes, 47, diz que agora tem que ser forte em dobro, por si e pelo marido. “Mexe com a mente da gente demais da conta. Ele não consegue nem conversar direito, dá desespero e choro nele, perdeu muitos amigos.” Fisicamente, porém, Sebastião só sofreu alguns arranhões nos joelhos e nos braços.

Já para o pai de Leandro, faltaram palavras na hora em que conheceu a dupla que resgatou seu filho, que trabalha há dois anos carregando os vagões do trem com minério de ferro que foi arremessado e soterrado pela lama.

“Eles disseram ‘fomos nós que salvamos o seu filho’. Eu não tive nem argumento para responder, só agradeci e chorei”, conta Antônio Cândido, 62, ainda com os olhos marejados.

A Vale até agora não trouxe a público os documentos que, diz a empresa, atestavam a estabilidade da barragem 1 da mina do Córrego do Feijão. Segundo a mineradora, os papéis foram “entregues às autoridades competentes”.

Conforme revelou a Folha, a empresa já previa em seu plano de emergência que a área da administração e o refeitório (onde morreu a maioria das pessoas) poderiam ser destruídos em menos de um minuto caso a estrutura colapsasse.

Oito dias depois, Leandro ainda se questiona sobre como tudo aconteceu. “Meia hora antes estava rindo com os amigos. Fico pensando como tudo mudou tão rápido.” Por Fabrício Lobel e Júlia Barbon. 

BRASIL

No Mês da Mulher, STJ institui Comissão para Igualdade de Gênero

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A foto histórica Mulheres do STJ, produzida na última quarta-feira (6), assinala um momento marcante não só pela imagem e pela adesão, mas pelo anúncio da instituição da Comissão para Igualdade de Gênero no Superior Tribunal de Justiça. Servidoras, colaboradoras e estagiárias da corte ganham de presente, no Mês da Mulher, uma ação prática em defesa dos seus direitos.​​​​​​​​​

FOTO DE CAPA: No Salão de Recepções, ministras, servidoras, colaboradoras e estagiárias posam para o registro fotográfico da força feminina do STJ.
 

“A instalação da Comissão de Gênero reflete nosso compromisso de lançar luzes sobre a realidade e as necessidades do gênero feminino no âmbito deste tribunal, identificando e propondo ações capazes de incrementar sua segurança, seu acolhimento e seu empoderamento”, afirmou a presidente, ministra Maria Thereza de Assis Moura, em discurso diante da multidão de companheiras.



“A regulamentação da comissão reafirma, portanto, o nosso compromisso de combater todas as formas de discriminação e garantir que os direitos das mulheres sejam protegidos e respeitados”, enfatizou a ministra.

A criação da Comissão para Igualdade de Gênero, que faz parte do Programa Humaniza STJ e integra o Comitê Gestor de Diversidade, Respeito e Solidariedade, está alinhada com um dos principais objetivos da atual gestão da corte: promover o respeito aos direitos humanos.

Desde agosto de 2022, quando Maria Thereza de Assis Moura e Og Fernandes assumiram a gestão do STJ, foram realizados seminários e reuniões, desenvolvidas ações de comunicação social e publicados atos normativos sobre temas importantes relacionados aos direitos humanos, como os direitos das mulheres, dos indígenas e da população LGBT+, o combate ao racismo e a real inclusão das pessoas com deficiência.

Um dos eventos – sucesso de público – foi o Seminário Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero: teoria e prática, promovido nos dias 6 e 7 de março do ano passado, no auditório do STJ. Após os debates, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução 492, de 17/3/2023, que estabeleceu diretrizes para a adoção do protocolo nos julgamentos de todo o Poder Judiciário.

Diversidade para empoderar de verdade

Os trabalhos da Comissão para Igualdade de Gênero serão presididos pela servidora Renata Seixa Vianna, e acompanhados pela coordenadora do Comitê de Diversidade, Respeito e Solidariedade, Solange Rossi, com o apoio da juíza auxiliar da Presidência, Maria Paula Cassone, que integra o Comitê de Governança do Humaniza STJ.

A composição do grupo, com sete mulheres, contempla a diversidade de marcadores sociais como raça, deficiência, orientação sexual e identidade de gênero. Além de Renata Vianna, fazem parte Giselle Coutinho, Rowena Neves, Clarissa Sturzbecher, Fernanda Daher Gomes, Julierne Velez e Fernanda Zago.

“Esperamos contar com a participação de todos. A comissão não é restrita às suas integrantes. Estamos à disposição para sugestões sempre”, ressalta a presidente Renata Vianna.

A Comissão para Igualdade de Gênero vem ao encontro do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, e da Resolução CNJ 255, de 4/9/2018, que instituiu a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário. Também segue a Resolução STJ/GP 22, de 28/6/2023, sobre a política de governança institucional; e as Instruções Normativas STJ/GP 16, de 13/4/2023, do Programa Humaniza STJ de Governança Institucional de Direitos Humanos, e STJ/GDG 18, de 16/8/2023, que define o funcionamento dos colegiados administrativos do tribunal.

Veja mais fotos no Flickr.

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FELICIDADE

Casal que se conheceu através de rede social realiza sonho de oficializar o enlace no Projeto Cidadão

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Conheça essa e outras histórias, que confirmam a magnitude da mais importante ação social do Poder Judiciário Acreano, “promovendo justiça e cidadania, e assim fazendo jus ao seu slogan

O Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), através do Projeto Cidadão, realizou neste sábado, 2, Casamento Coletivo em Brasiléia, distante 230 km da capital acreana. A demanda foi um pedido da Prefeitura Municipal de Brasiléia e da Câmara Municipal.

Jheymerson Pereira Damasceno e Sheila Fernandes Lopes, se conheceram através de uma rede social. Ela é brasileense, mas morava em Assis Brasil quando iniciou conversas com Jheymerson. As conversas desenvolveram para um namoro, depois noivado e hoje, juntos, escrevem um importante capítulo em suas vidas. O casal estava radiante na fila para assinar o documento que legitimava o sonho do casal, a Certidão de Casamento. Ironicamente, souberam da oportunidade também através de uma rede social. Juntos há quatro anos, já estavam planejando oficializar a união quando surgiu a chance. “Quando soubemos, ficamos muito interessados, porque já tínhamos vontade, e fomos levar os documentos”, explica a noiva Sheila.



O Projeto Cidadão, para Jheymerson, “é um projeto incrível, porque muitos casais querem se casar, mas não tem o recurso para pagar. Então, o projeto alcança casais e pode unir duas pessoas, que tem vontade de casar no papel, mas não tem condições. Com essa oportunidade que o Tribunal de Justiça proporciona, a gente aproveita”, finaliza.

Contudo, o primeiro casal a chegar, com uma hora de antecedência, foi Faustina Carvalho Araújo e eu noivo Valter Bezerra de Araújo, junto há quase três anos. O casal de aposentados, que se conheceu e se aproximou quando Faustina fazia pamonhas, já tinha tentado participar do Casamento Coletivo em Epitaciolândia, mas as vagas já haviam sido preenchidas. Desta vez, não perderam tempo. Faustina considera o Projeto Cidadão de grande relevância, principalmente para as pessoas em vulnerabilidade social. “Acho importante, pois eu fui perguntar no cartório qual o valor para casar, me informaram que o custo é de R$500 e aqui (no Projeto Cidadão) não vamos pagar nada”.

Emerson Pereira Germano da Silva, 19 anos e Vitória Nascimento Damasceno Germano, 17 anos, moram na zona rural de Brasiléia. Os jovens noivos se conheceram num arraial de festa junina e já estão juntos há três anos e cinco meses. Vitória está grávida de sete meses e estão a espera de Maria Cecília. O noivo explica que o “Projeto Cidadão é muito bom, porque na fase que estamos passando de construção da nossa casa, não estávamos podendo gastar, foi muito benéfico pra gente.

Luciano Pereira da Costa e Laura Cardoso André estão juntos há 20 anos, mas casados no religioso há quatro anos e somente agora legitimando a união perante a Justiça. “A gente já sonhava com esse momento, é um sonho e o TJ está fazendo virar realidade”, disse a noiva emocionada e produzida com “grinalda e tudo que tem direito”, afirma Laura com sorriso no rosto. Luciano fala do seu sentimento neste dia tão especial. “Estou muito alegre, por estar realizando mais passo na vida da gente”, conclui.

A solenidade, realizada na quadra de esportes do Centro Cultural de Brasiléia, foi celebrada pelo juiz substituto da Comarca de Brasiléia, Jorge Luiz Lima da Silva Filho, que falou sobre a tradição do Projeto Cidadão e a oportunidade de dialogar com a comunidade. “É o terceiro casamento coletivo que estou realizando, sempre com muita satisfação de representar o Tribunal de Justiça do Estado do Acre e também participar desse projeto sensacional, fundamental que o TJ faz desde 1995, que é o Projeto Cidadão. Pra mim é uma honra dar continuidade ao trabalho de grandes magistrados que já passaram por esse projeto, e conversar um pouco com a população, sair um pouco do gabinete, trocar palavras de forma próxima, de igual para igual, como deve o ser o exercício da magistratura hoje em dia”.

O magistrado celebrante falou ainda sobre o impacto desta ação na viabilização de cidadania aos munícipes. “Além da importância pessoal, ou seja, a concretização desse sonho de formalizar a união, muitos começando agora, outros formalizando uniões mais antigas, mas há também uma seria de impactos positivos, resguardo de direitos dos mais diversos previstos no Código Civil. Então o TJAC atua com essa marca, tem esse DNA da cidadania, de ser instrumento de concretização, muito além das decisões judiciais”, finaliza.

O dispositivo de honra foi composto pelo vice-prefeito de Brasileia, Carlos do Pelado; o presidente da Câmara Municipal, vereador Marcos Tibúrcio; e o delegatário do Cartório de Brasiléia, Rodrigo da Silva Azevedo.

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ACRE

Casamento Coletivo em Brasiléia segue com vagas disponíveis

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As inscrições  vão seguir até 10 de novembro ou até completar as vagas. A cerimônia ocorrerá no dia 2 de dezembro

O Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) informa que ainda há 30 vagas para o Casamento Coletivo, que será realizado em Brasiléia. Aos casais interessados, as inscrições ocorrem no Fórum do município, na Avenida Geny Assis, bairro Centro, das 8h às 14h, até o dia 10 de novembro ou até completar a quantidade de vagas. 



Nesta edição, 100 casais terão a oportunidade de oficializar a união. A cerimônia está prevista para o dia 2 de dezembro. Local e horários a serem definidos. 

Confira a documentação exigida:

  • Noivos solteiros: Certidão de Nascimento original (legível e sem rasura), comprovante de endereço, RG e CPF (original e cópia).
  • Noivos divorciados: Certidão de Casamento original, Averbação do Divórcio (legível sem rasura), cópia do processo ou sentença do divórcio (parte referente à partilha de bens), comprovante de endereço, RG e CPF (original e cópia)
  • Noivos menores de idade (entre 16 a 18 anos incompletos): Certidão de Nascimento original (legível e sem rasura), comprovante de endereço, presença dos pais portando RG e CPF (original e cópia). Em caso de responsáveis falecidos, apresentar Certidão de Óbito. Em caso de pais ausentes, apresentar consentimento por escrito do responsável.

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