Barney Jopson
O conselho da Telefônica anunciou Marc Murtra como novo CEO da empresa, após a demissão de José María Álvarez-Pallete no último sábado (18). A alteração atende um pedido do grupo estatal espanhol Sepi, que é o maior acionista do grupo de telecomunicações espanhol.
A Telefônica divulgou que a troca atende “a nova estrutura acionária da empresa” e o desejo de alguns acionistas por uma “nova etapa” na liderança.
O governo espanhol teve um papel decisivo na decisão, que ocorreu após uma reviravolta de investidores iniciada com o anúncio em 2023 que o STC, grupo controlado pelo fundo soberano da Arábia Saudita, comprou 9,9% da Telefônica. Em resposta, o governo espanhol aumentou sua própria participação na Telefônica para 10%, através do Sepi.
Álvarez-Pallete foi chamado para uma reunião com o primeiro-ministro Pedro Sánchez na sexta-feira (17) para ser informado de que seria demitido, segundo uma pessoa familiarizada com a situação.
O conselho da empresa se reuniu para concordar com a decisão na tarde de sábado. Escolheu Murtra de outra empresa parcialmente estatal —a Indra, um grupo de defesa conhecido por seus sistemas de radar, onde ele era presidente.
O STC afirmou que deseja colaborar com a Telefônica, elogiando os “ativos de infraestrutura de classe mundial” do grupo espanhol e a tecnologia de ponta em áreas como inteligência cognitiva e internet das coisas.
O investimento do STC marca um forte retorno da empresa para investir no exterior após um período de retração desde sua primeira incursão quando adquiriu participações em telecomunicações na Índia, Indonésia e Malásia há mais de 15 anos. A empresa saiu da maioria desses investimentos, mas manteve uma participação na Maxis da Malásia.
No entanto, à medida que o fundo soberano saudita PIF buscava crescimento rápido como parte da estratégia do reino para diversificar sua economia nos últimos anos, o STC buscou oportunidades fora da região do Golfo, onde operam telecomunicações no Kuwait e Bahrein, além da Arábia Saudita.
A Tawal, uma subsidiária da STC, adquiriu infraestrutura de torres no valor de 1,22 bilhão de euros do United Group em 2023 para ativos na Bulgária, Croácia e Eslovênia.
Folha Mercado
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A Telefônica, que tem um valor de mercado de 22 bilhões de euros, é vista como uma empresa estratégica porque está envolvida em questões de segurança nacional e defesa cibernética, mas também é conhecida por alguns investidores pelo excesso de burocracia.
Durante os nove anos de Álvarez-Pallete no comando, as ações da Telefônica caíram cerca de 50% em um momento em que o setor de telecomunicações europeu enfrentava dificuldades No ano passado, perdeu sua posição como maior provedora de telecomunicações por número de clientes na Espanha quando a Orange e a MásMóvil se fundiram.
O presidente destituído, que trabalhou na companhia por 26 anos e liderava a empresa desde 2016, viajou pelo menos uma vez à Arábia Saudita para discutir o futuro da Telefônica com executivos do STC.
O STC não tem um assento no conselho de 15 membros da Telefônica, mas espera-se que busque preencher uma vaga atual com um de seus candidatos.
Além da demissão, Álvarez-Pallete concordou com o pedido do conselho para que renunciasse como diretor, de acordo com o grupo de telecomunicações. O conselho afirmou que expressou unanimemente sua “mais profunda gratidão” a ele “pelos muitos serviços prestados e por seu extraordinário esforço, dedicação e contribuição durante sua longa carreira profissional no grupo”.