
As manobras desta vez duraram apenas um dia, segunda-feira, 14 de outubro, e a retórica parece quase rotineira entre as duas margens do estreito. O exército chinês apresentou-os como “avisos sérios” de frente para o “ações separatistas”quatro dias depois do primeiro discurso do Dia Nacional do presidente taiwanês, Lai Ching-te, eleito em janeiro e odiado por Pequim. Em troca, este último comprometeu-se a “proteger uma Taiwan democrática e salvaguardar a segurança nacional”.
Por trás do que se poderia considerar como gestos simbólicos que não afectam concretamente a vida quotidiana dos taiwaneses, a China avança na sua preparação, caso um dia opte por uma verdadeira invasão da ilha, que reivindica como uma das suas províncias. Pequim está a aumentar a pressão exercida, como ilustra o registo de 153 aviões chineses detetados perto da ilha num só dia até às 6h de terça-feira. de acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan.
Desde 2020, a sua força aérea aumentou as incursões perto da ilha. Primeiro de dia, depois de dia e de noite, depois, por meio de aviões de caça e de inteligência, realizando operações de reabastecimento e, finalmente, enviando drones. Estas manobras permitem aos pilotos do exército chinês, que não tem experiência recente de combate – ao contrário das forças americanas ou russas – melhorar em todas estas áreas. E esgotam as forças taiwanesas, cujos combatentes devem decolar para preparar uma interceptação caso esses aviões não retornem.
“A frequência cada vez maior de incursões coloca grande pressão sobre a aviação. Os pilotos estão cansados, há problemas de manutenção das aeronaves, cuja taxa de disponibilidade está caindo. Nossa capacidade de defesa sofre”observa o general reformado Chang Yan-ting, ex-número dois da Força Aérea de Taiwan. Possui pouco menos de 150 caças F-16 americanos e cerca de cinquenta Mirage 2000 antigos, daí uma necessidade urgente de modernização.
Entre os seus aviões, a China envia nomeadamente Y-8, um avião de inteligência – e não um avião de combate – que tem capacidades de detecção subaquática, particularmente na área que separa o sul de Taiwan do norte das Filipinas, o Estreito de Bashi. Para a China, trata-se de compreender melhor a área, bem como a movimentação nela dos submarinos nucleares americanos. Em caso de guerra, seriam a grande ameaça aos navios chineses.
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