NOSSAS REDES

MUNDO

Vale do Javari tem crianças mortas e falta de água potável – 05/02/2025 – Cotidiano

PUBLICADO

em

Vale do Javari tem crianças mortas e falta de água potável - 05/02/2025 - Cotidiano

João Gabriel

Uma série de crianças mortas por causas evitáveis, uma farmácia comparável a um galinheiro, mesas usadas como maca, falta de água potável e de medicamentos, surto de gripe e diarreia, além de doentes sintomáticos descumprindo quarentena e circulando normalmente pelas aldeias.

De acordo com uma série de documentos aos quais a Folha teve acesso, esse é o cenário no Vale do Javari, no Amazonas, território com mais indígenas isolados no mundo.

Os registros contemplam os últimos 13 meses e diferentes povos que vivem na região, inclusive comunidades de recente contato e que exigem proteção especial em razão da extrema vulnerabilidade imunológica contra doenças como a gripe —que pode ser mortal nestes casos.

Informações preliminares do Ministério da Saúde apontam que 16 pessoas morreram no território de 1º de janeiro a 30 de setembro de 2024, sendo que 6 eram crianças menores de cinco anos.

Documentos obtidos pela reportagem mostram outros três óbitos infantis de outubro do ano passado até agora.

Procurado, o Ministério da Saúde do governo Lula (PT) afirmou que os dados sobre mortes “passam por qualificação para garantir sua precisão”, e por isso ainda não é possível divulgar números mais atualizados.

A pasta afirmou que orienta a manutenção de quarentena, aplica protocolos para evitar a contaminação por doenças, e “adota uma abordagem integrada” para impedir mortes evitáveis.

Segundo o ministério, de janeiro a setembro de 2024 foram registrados 1.197 casos de gripe no território, 462 entre menores de cinco anos.

A Terra Indígena do Vale do Javari é onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados em 2022, a mando de pescadores ilegais.

O episódio levou ao indiciamento de Marcelo Xavier, então presidente da Funai (Fundação dos Povos Indígenas) da gestão de Jair Bolsonaro (PL), e ilustra como o território virou alvo de invasores, que colocam em risco a população, inclusive as comunidades isoladas.

Em junho de 2024, a Funai realizou uma visita aos tyohom-djapas, de recente contato. Segundo os registros, a qualidade da farmácia local era tão ruim que é comparada pelos indígenas a um “galinheiro”.

O relato indica que o polo de saúde que deveria atender a comunidade não tem água potável, que precisa ser buscada nos igarapés. Não há freezer para armazenar vacinas.

Segundo o documento, os pacientes que aguardam atendimento no local, conta o documento não têm onde esperar e ficam sob sol e chuva. A maca para atendê-los é uma mesa improvisada.

Os registros mostram também que 90% dos cerca de 250 djapas da região estavam contaminados com filariose —doença transmitida por mosquito que é uma das principais causas do mundo de incapacidade.

Não havia remédio suficiente para tratar todos, diz o relatório, e alguns doentes permaneciam por dias com febre alta, dores musculares e dificuldade de andar, sem tratamento.

O documento encerra com o alerta de que mais indígenas doentes poderiam chegar nos dias seguintes, de outras aldeias, para buscar atendimento.

Como resume um memorando do Ministério Público, os indígenas enfrentam “problemas graves de saúde”.

“O Ministério da Saúde tem investido na melhoria da infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde Indígena da região, ampliando recursos, insumos, medicamentos e equipamentos”, disse a pasta, sobre a situação dos djapas.

Situação semelhante vive um grupo de cerca de 150 korubos, grupo de mais recente contato pela Funai.

Um ofício do Ministério dos Povos Indígenas, de janeiro deste ano e enviado à Saúde, dá conta de duas mortes de crianças por causa evitáveis desde outubro —um documento da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) protocolado no Supremo Tribunal Federal cita três.

O relatório do ministério relata ainda um quadro de possível surto de gripe e diarreia generalizada em uma população de “alta vulnerabilidade epidemiológica”.

O documento e também registros de visitas feitas à aldeia aos quais a Folha teve acesso apontam que a quarentena de isolamento não era aplicada devidamente.

O relatório cita, por exemplo, que um grupo foi internado no fim de dezembro de 2024 e, dois dias depois, “foi permitido que esse mesmo grupo retornasse às aldeias apresentando sintomas gripais, o que possivelmente, generalizou a transmissão viral aos demais indígenas”.

“[Os] óbitos decorrentes de causas evitáveis impactam profundamente a reprodução física e cultural e o futuro dos Korubo enquanto povo indígena. É preciso, em conclusão, máxima prioridade e cuidado especial”, diz o documento do ministério.

Agentes que atuam no Vale do Javari apontam para problemas graves na política pública, e que seria necessária uma intervenção para mudar os rumos da situação.

Diante deste cenário, uma série de lideranças de diversos povos da região assinou uma carta contra a coordenação regional da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) no local.

O texto fala em desvio de gasolina, comercialização ilegal de peixe e campanha política com uso de recursos da secretaria, e pede mudanças na gestão.

“Sobre as denúncias relacionadas à conduta de gestores ou servidores, estas seguem os trâmites administrativos e legais cabíveis”, afirmou o ministério.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

‘Ruptura’ mostra nosso desejo de deixar trabalho para trás – 07/02/2025 – Mercado

PUBLICADO

em

'Ruptura' mostra nosso desejo de deixar trabalho para trás - 07/02/2025 - Mercado

Emma Jacobs

Você fantasia deixar seus problemas de trabalho no final do dia? Não mais remoer um comentário impensado de um colega, voltar aos emails após o jantar ou se preocupar com um problema complicado enquanto tenta dormir. E que tal estar livre de problemas pessoais entre 9h e 17h? Sem preocupações com pais idosos, adolescentes ansiosos ou um cônjuge mal-humorado, permitindo foco total em terminar aquele relatório ou fechar aquele negócio.

No borrão pós-pandêmico do trabalho híbrido, isso parece um sonho febril. É também a premissa de “Ruptura”, sátira distópica da Apple TV+ sobre o ambiente de trabalho. Funcionários fictícios de uma misteriosa corporação, Lumon, passam por um procedimento para dividir sua consciência em duas: o Innie (eu do trabalho) e o Outie (eu pessoal). O personagem central, Mark, aceita essa condição incomum de emprego para escapar do luto incessante que segue a morte de sua esposa.

Fãs e críticos saudaram o retorno do programa após um hiato de três anos. O Financial Times descreveu-o como “superlativo”. E, com as ordens de retorno ao escritório se intensificando, ele expôs um dos dilemas mais urgentes enfrentados por trabalhadores e empregadores: abraçamos a fusão entre trabalho e vida ou buscamos limites mais claros entre os dois?

Alguns trabalhadores anseiam por este último. Muitos anos atrás, me vi paralisada pela tristeza, um pouco como Mark de “Ruptura”. Mas então eu me sentava na Redação online do FT e pensava em nada além de notícias em tempo real. Parece um pouco triste, mas também era uma espécie de magia.

Outros são hábeis em criar uma distinção, como o acompanhante masculino que entrevistei uma vez, cujos clientes eram homens, mas que namorava mulheres em sua vida privada. Ele traçava paralelos com militares que lutavam na linha de frente e voltavam para casa para abraçar seus filhos. Em um local de trabalho anterior, um colega permanece memorável por suas duas personalidades distintas. No trabalho, ele era reservado e sensato; fora, falante e divertido. Se você tentasse continuar conversas da noite anterior no escritório, ele se fechava. Logo aprendi a separar sua persona de trabalho de sua persona de diversão. Pessoas como essas, que prosperam ao separar a vida do emprego, tornam sem sentido a filosofia de trazer seu eu autêntico para o trabalho.

A era vitoriana normalizou a separação entre trabalho e vida, aponta Sam Waterman, professor-assistente de inglês na Northeastern University. À medida que a industrialização separou o local de trabalho de casa, uma esfera doméstica supervisionada por mulheres tornou-se um espaço romantizado para os homens se refugiarem e se recuperarem.

Essa divisão alimentou o conceito do trabalhador ideal, disponível em tempo integral, com poucas distrações, dos 20 anos até a aposentadoria. Segundo Joan C. Williams, ex-diretora do Center for WorkLife Law, isso funcionou “razoavelmente bem até os anos 1960, quando as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho formal em maior número”. Durante a pandemia, a ilusão de esferas separadas se dissolveu ao vermos crianças no Zoom, e os funcionários descobriram que gostavam de colocar a roupa para lavar entre as chamadas.

Na verdade, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal agora muitas vezes se resume ao tipo de personalidade, se você é um chamado integrador ou segmentador. Algumas pessoas gostam de um uniforme de escritório distinto das roupas de fim de semana; outras optam por um estilo casual-chique, adequado tanto para reuniões quanto para um brunch de sábado. Possivelmente isso muda ao longo da vida.

A integração entre trabalho e vida é frequentemente promovida por entusiastas cujo trabalho não é apenas um salário, mas também seu hobby —e às vezes toda a sua personalidade. “Acho que todo o conceito de equilíbrio entre trabalho e vida foi inventado por pessoas que odeiam o trabalho que fazem”, publicou recentemente no Instagram James Watt, cofundador da cervejaria BrewDog.

“Se você ama o que faz, não precisa de equilíbrio entre trabalho e vida, precisa de integração entre trabalho e vida.” Isso vindo de um homem cujos funcionários alegaram um ambiente de trabalho tóxico, acusando-o de um “culto à personalidade” e de buscar “crescimento a qualquer custo”. A postagem foi removida.

Há mais de uma década, a montadora VW anunciou que desligaria os emails fora do horário de expediente, levando alguns a reclamar da falta de flexibilidade. Algumas pessoas gostam de buscar seus filhos na escola e depois voltar ao trabalho após colocá-los na cama.

Pode ser, como Waterman argumentou, que “Ruptura”, com sua separação impossível entre casa e trabalho, fale de um anseio por um limite mais nítido. Que o procedimento seja sinistro, implantado por uma corporação misteriosa e propenso a falhas, pode mostrar que não é nem perfeito nem desejável.



Leia Mais: Folha

Continue lendo

MUNDO

O declínio no direito internacional humanitário

PUBLICADO

em

O declínio no direito internacional humanitário

Oksana Sukhorukova Enterro morto por um ataque russo a Kryviy Rih, Ucrânia em 17 de janeiro de 2025.

REtour Aux Fundamentals no Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC), em Genebra. Diante dos conflitos, em particular as guerras russas-ucranianas e próximas orientais, que abalam o mundo, e com a capacidade dos estados de esquecer sua responsabilidade em relação à lei humanitária internacional (DIH), os guardiões das convenções de Genebra procuram restaurar o significado para sua missão.

A Cruz Vermelha Internacional, exigida pelos estados a ajudar os feridos, prisioneiros ou combatentes desaparecidos, bem como civis cada vez mais direcionados nas últimas décadas, devem, setenta e cinco anos após a adoção das convenções de Genebra, que remontam ao Assalto para convencer sua utilidade, diante de líderes políticos que operam desafiando as leis da guerra.

Presidente da CICR, Mirjana Sproljaric, que estima que “O mundo enfrenta um momento crítico”lançou um aviso severo, quinta -feira, 6 de fevereiro, apontando na extensão das violações do direito internacional humanitário e “O impacto devastador” Conflitos que acendem o planeta. Ela aponta “Erosão de respeito” Convenções de Genebra “Ratificado universalmente” Depois “As horas mais sombrias” que o mundo conheceu.

Você tem 87,43% deste artigo para ler. O restante é reservado para assinantes.



Leia Mais: Le Monde

Continue lendo

MUNDO

Donald Trump revoga a autorização de segurança de Joe Biden no último movimento de vingança | Joe Biden

PUBLICADO

em

Donald Trump revoga a autorização de segurança de Joe Biden no último movimento de vingança | Joe Biden

Agencies

Presidente Donald Trump disse que está revogando a autorização de segurança de Joe Biden e encerrando os briefings diários de inteligência que ele está recebendo, em Payback por Biden fazendo o mesmo com ele após os ataques de 6 de janeiro.

Trump anunciou sua decisão em um post dizendo: “Não há necessidade de Joe Biden Para continuar recebendo acesso a informações classificadas. Portanto, estamos revogando imediatamente as autorizações de segurança de Joe Biden e interrompendo seus briefings diários de inteligência.

“Ele estabeleceu esse precedente em 2021, quando instruiu a comunidade de inteligência (IC) a impedir o 45º Presidente dos Estados Unidos (ME!) De acessar detalhes sobre segurança nacional, uma cortesia fornecida aos ex -presidentes”.

Os ex -presidentes tradicionalmente recebem alguns briefings de inteligência, mesmo depois de deixarem o cargo.

Biden encerrou os briefings de inteligência de Trump depois que Trump ajudou a estimular os esforços para anular as eleições presidenciais de 2020 e incitou o ataque de 6 de janeiro no Capitólio. Na época, Biden disse que o comportamento “errático” de Trump deve impedi -lo de obter os briefings da Intel.

Questionado em uma entrevista à CBS News o que ele temia se Trump continuasse recebendo os briefings, disse Biden na época em que não queria “especular em voz alta”, mas deixou claro que não queria que Trump continuasse tendo acesso a essas informações.

“Só acho que não há necessidade de ele ter os briefings de inteligência”, disse Biden. “Que valor está dando a ele um briefing de inteligência? Que impacto ele tem, além do fato de que ele pode escorregar e dizer alguma coisa? ”

Biden não comentou imediatamente na mudança de sexta -feira.

A mudança de Trump é a mais recente em uma turnê de vingança de Washington que ele prometeu durante sua campanha.

Ele já revogou as autorizações de segurança de mais de quatro dúzias de ex -autoridades de inteligência que assinaram uma carta de 2020 dizendo que a saga do laptop de Hunter Biden tinha as características de uma “operação de informação russa”.

Ele também revogou os detalhes de segurança designados para proteger ex -funcionários do governo que o criticaram, incluindo seu Ex -Secretário de Estado, Mike Pompeo e ex -especialista em doenças infecciosas, Dr. Anthony Fauci.

Em um assunto relacionado, Trump negou provimento ao Colleen Shogan como arquivista dos Estados Unidos, Sergio Gor, assessor da Casa Branca, postou no X na noite de sexta -feira.

Trump havia dito no início de janeiro que substituiria o chefe da Administração Nacional de Arquivos e Registros. A agência governamental desenhou sua raiva depois de informar o Departamento de Justiça sobre questões com o tratamento de documentos classificados por Trump. Shogan, a primeira mulher no posto, não era a arquivista dos Estados Unidos na época em que a questão surgiu.

Em 2022, agentes federais revistaram a casa da Flórida de Trump e agarraram caixas de registros classificados. Ele foi indiciado por dezenas de acusações criminais acusando -o de acumular registros classificados ilegalmente e obstruir os esforços do FBI para recuperá -los. Ele se declarou inocente e negou irregularidades. Um juiz negou provimento às acusações, governando o advogado especial que os trouxe foi nomeado ilegalmente. O Departamento de Justiça desistiu de recursos depois que Trump foi eleito em novembro.

Em seu post de sexta -feira em Biden, Trump citou o relatório de advogados especial no ano passado sobre o tratamento de documentos classificados, dizendo: “O relatório do HUR revelou que Biden sofre de ‘baixa memória’ e, mesmo em seu ‘prime’, não poderia ser confiável com informações sensíveis. ”

O advogado especial Robert Hur investigou o manuseio de informações classificadas por Biden e descobriu que as acusações criminais não eram justificadas, mas entregaram uma avaliação cortavelmente crítica do tratamento de registros sensíveis do governo. O relatório descreveu a memória de Biden como “nebulosa”, “confusa”, “com defeito”, “pobre” e “limitações significativas”. Ele disse que Biden não se lembrava de definir marcos em sua própria vida, como quando seu filho Beau morreu ou quando ele serviu como vice-presidente.

Com a Associated Press e Reuters



Leia Mais: The Guardian

Continue lendo

MAIS LIDAS