eum 8 de novembro, os ministros do Interior, Bruno Retailleau, e da Justiça, Didier Migaud, anunciaram a criação de um Ministério Público nacional dedicado à luta contra o crime organizadouma iniciativa essencial face ao flagelo do tráfico de droga. Contudo, para ser verdadeiramente eficaz, este sistema deve ir além da simples repressão do tráfico de drogas para atacar as redes criminosas como um todo. Este é um grande desafio, como evidenciado por um recente relatório da Europol.
A agência europeia identifica 821 redes criminosas compostas por 25.000 membros de 112 nacionalidades, 71% dos quais recorrem à corrupção, muitas vezes de forma proativa e sistemática. Estas organizações são flexíveis, transnacionais e extremamente eficazes na infiltração no tecido económico e social. Utilizam o encobrimento para branquear milhares de milhões de euros em lucros criminosos, ameaçando diretamente a democracia e a estabilidade económica. Entre eles, 86% infiltram-se em atividades jurídicas, 68% reúnem membros de diferentes nacionalidades e 76% estão presentes em vários países europeus.
Esta criação de um Ministério Público nacional está em plena consonância com a estratégia europeia de combate ao crime organizado, em particular contra o tráfico de droga, um flagelo transfronteiriço que exige uma resposta concertada. Neste contexto, a Rede Judiciária Europeia de Combate ao Crime Organizado (EJOCN) foi recentemente inaugurada em 25 de setembro em Haia. (Holanda)no âmbito da Eurojust, a Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária.
Concebido como um centro especializado que reúne procuradores, juízes de instrução e agentes da polícia, o EJOCN visa apoiar as autoridades judiciais europeias na condução de investigações complexas sobre a criminalidade transfronteiriça. Esta rede permitirá um intercâmbio estruturado de conhecimentos especializados, boas práticas e informações, facilitando assim as operações nacionais e reforçando a coordenação judicial entre os 27 Estados-Membros da União Europeia.
Ataque onde eles são vulneráveis
Confrontada com redes cada vez mais policriminosas e versáteis, a missão da EJOCN é combater organizações envolvidas em vários domínios, desde o contrabando de migrantes e o tráfico de seres humanos até ao branqueamento de capitais e ao tráfico de drogas. Esta iniciativa é tanto mais estratégica quanto 70% das apreensões de droga na Europa estão concentradas nos portos europeus, pontos nevrálgicos desta luta. O apoio da EJOCN a novas estruturas nacionais, como esta acusação, reforçará as capacidades de coordenação e intervenção, tornando possível atacar as redes criminosas onde elas são mais vulneráveis: nas suas estruturas transfronteiriças e financeiras.
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