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Ataque em Nova Orleans mostra força do Estado Islâmico – 04/01/2025 – Mundo

Erin Banco, Jonathan Landay, Idrees Ali

Ao erguer uma bandeira do Estado Islâmico (EI) enquanto atropelava uma multidão em Nova Orleans na quarta-feira (1º), o veterano do Exército americano responsável pelo ataque mostrou que o grupo terrorista continua influente —mesmo depois de sofrer repetidas derrotas para uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos.

No auge de seu poder, de 2014 a 2017, o EI impôs morte e tortura a vastas áreas do Iraque e da Síria, além de possuir braços locais em todo o Oriente Médio.

Seu líder à época, Abu Bakr al-Baghdadi, morto em 2019 por forças especiais dos EUA no noroeste da Síria, emergiu do anonimato para liderar o grupo ultrarradical e se declarar califa de todos os muçulmanos.

O grupo terrorista colapsou primeiro em 2017, no Iraque, onde mantinha uma base a apenas 30 minutos de carro de Bagdá; e depois em 2019, na Síria, após uma campanha militar sustentada por uma coalizão liderada pelos americanos.

O EI respondeu se dispersando em células autônomas e sendo assumido por uma liderança clandestina. É difícil dizer quantos integrantes a organização tem atualmente —a ONU estima que sejam 10 mil membros nos principais territórios que controla.

Nesse meio tempo, a coalizão continuou a atacar os terroristas com bombardeios e incursões que, segundo o Exército americano, resultaram na morte e na captura de centenas de combatentes.

Mas o EI continua a inspirar atentados isolados. Episódios semelhantes àquele que deixou 15 mortos em Nova Orleans, na quarta, incluem um ataque em uma cerimônia oficial do regime do Irã em Kerman em janeiro do ano passado, quando ao menos 94 pessoas morreram; e a invasão de uma casa de shows por atiradores em Moscou em março do mesmo ano, que deixou 143 mortos.

Apesar da pressão antiterrorismo, o EI se reagrupou, “ajustou suas operações de relações públicas e voltou a fazer planos para o exterior”, diz Brett Holmgren, diretor interino do Centro Nacional de Contraterrorismo dos EUA, em outubro.

Fatores geopolíticos têm favorecido o retorno do grupo. A indignação que a guerra Israel-Hamas causou entre os árabes incentiva o recrutamento por parte dos jihadistas. Os riscos para os curdos sírios, que mantêm milhares de prisioneiros do EI, também podem criar uma abertura para o seu retorno.

O EI não reivindicou a autoria do ataque em Nova Orleans nem o elogiou publicamente, embora seus apoiadores tenham feito isso, disseram agências governamentais americanas.

Sob anonimato, um funcionário público dos EUA ligado à Defesa afirmou que há uma preocupação crescente da administração com o aumento dos esforços de recrutamento do EI na Síria, além de um fortalecimento geral do grupo no país.

Essas preocupações se intensificaram após a queda do ditador Bashar al-Assad e a tomada de poder no país pela organização islâmica HTS (Hayat Tahrir al-Sham, ou Organização para a Libertação do Levante na sigla em árabe), em dezembro.



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