O processo corre em total segredo de Justiça, mas o acjornal apurou que 5 policiais do BOPE, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, passaram da condição de acusados para réus. Os militares, que integram a Polícia de elite do estado, vão responder ação penal pelas três mortes ocorridas no Bairro Preventório, durante uma mal sucedida operação. Entre as vítimas fatais está a estudante Maria Cauane Araújo da Silva, de apenas 11 anos.
Uma força tarefe de promotores do GAECO, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, chegou a solicitar a prisão preventiva dos policiais, mas o pedido foi negado pelo Juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Cloves Lodi. Em vez da prisão dos militares, o magistrado estabeleceu medidas cautelares.
TRÊS MORTES
A mal sucedida Operação do BOPE aconteceu na noite de 14 de Maio do ano passado, na Rua Rio Grande do Sul, região do Bairro Preventório. Na época as informações eram que membros de facções rivais estariam em confronto. Durante a ação policial, a estudante Maria Cauane Araújo da Silva, de apenas 11 anos, foi atingida com um fragmento de munição de fuzil. A menina ainda chegou a ser socorrida
Além de Cauene, também foram mortos Edmilson Fernandes da Silva, que tinha 38 anos, e Gleito da Silva Borges. Francisco Vitor Junior e Raimundo Luan Lacerda ficaram feridos.
Logo após a operação várias armas utilizadas pela polícia foram apreendidas, entre elas fuzis e pistolas.
REVIRAVOLTA NA INVESTIGAÇÃO
Após uma serie de denúncias, promotores do GAECO iniciaram uma investigação para apurar as circunstancias em que ocorreram as mortes. Pelo menos duas reconstituições do caso foram feitas. O objetivo era esclarecer algumas dúvidas e confrontar os depoimentos.
A PROVA TÉCNICA
Em agosto do ano passado, o laudo de micro comparação balística do Instituto de Criminalística da Polícia Civil revelou que o fragmento de munição que matou a estudante Maria Cauane partiu de um fuzil utilizado pelo o Cabo Alan Melo Martins, o mesmo que no último dia 18 se envolveu em um acidente de trânsito que acabou na morte da dona de casa Silvinha Pereira da Silva de 38 anos, na Estrada Dias Martins. O militar foi exonerado do cargo em comissão que exercia no Gabinete do Governador.
Ao todo, cerca de 17 policiais do BOPE foram ouvidos pela força tarefa do Ministério Publico Estadual. Ao final do procedimento, os promotores pediram a prisão preventiva de 5 policiais que participaram da ação no preventório. O pedido foi negado.
Mas uma serie de medidas cautelares foram estabelecidas pela Justiça, entre elas, a proibição de usar armas de fogo fora de serviço. Como a denúncia foi feita, o próximo passo é marcar a audiência de instrução e julgamento do processo. A defesa dos militares entrou com recursos para desclassificar a acusação do MP.