
A notícia significará o fim de sua carreira política? A Polícia Federal brasileira solicitou formalmente, quinta-feira, 21 de novembro, a acusação de Jair Bolsonaro, suspeito de ter participado na organização de uma tentativa de golpe de Estado no final de 2022 para se manter no poder. No final de um processo legal que promete ser perigoso, o antigo presidente de extrema-direita (2019-2023) poderá ser condenado a até vinte e oito anos de prisão.
Bolsonaro é acusado dos crimes de “abolição violenta do estado democrático de direito”, “golpe de Estado” e “participação em organização criminosa”. Tantas acusações que pesam também sobre outras trinta e seis personalidades também indiciadas, incluindo vinte e quatro militares, incluindo os generais Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e companheiro de chapa de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, e Augusto Heleno, ex-ministro do gabinete de segurança institucional. A lista também inclui os nomes de Valdemar Costa Neto, atual presidente do Partido Liberal (PL), partido de Bolsonaro, e do deputado Alexandre Ramagem, ex-chefe dos serviços de inteligência.
Concretamente, Jair Bolsonaro é suspeito de ter pelo menos conhecimento dos preparativos para uma série de ataques destinados a assassinar Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) bem como Luiz Inácio Lula da Silva e seu companheiro de chapa Geraldo Alckmin, vencedores das eleições presidenciais de outubro de 2022, a fim de impedi-los de tomar posse. Cinco indivíduos, incluindo quatro soldados das forças especiais, foram presos na terça-feira, 19 de novembro, acusados de terem planejado esses assassinatos, através de um ataque com rifle, um ataque com explosivos ou envenenamento.
Mas o ex-presidente de extrema-direita também teria tido um papel activo na preparação do golpe. Projetos de decretos oficiais que prevêem a instauração do estado de exceção e a organização de novas eleições foram encontrados pela polícia. Os principais dirigentes do Exército, por sua vez, confirmaram que haviam sido convocados em dezembro de 2022 por Bolsonaro, que então lhes apresentou uma série de ações destinadas a impedir o retorno de Lula ao poder.
“As investigações reuniram provas”
As revelações vertiginosas da polícia não são, na realidade, surpreendentes. Ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro nunca escondeu suas inclinações autoritárias, bem como sua nostalgia pela ditadura militar (1964-1985). Em 1991, então deputado, estimou em entrevista que“através do voto não obtemos mudança” e que uma vez eleito presidente ele desencadearia “um golpe de Estado no mesmo dia”. Chegando ao poder, ele encorajou manifestações em massa de seus apoiadores com slogans golpistas e criticou o sistema de votação eletrônica brasileiro.
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