Kyiv alerta contra o apaziguamento de Moscovo; A Rússia insiste que a vitória está próxima e reduz o limite para o uso de armas nucleares.
A Ucrânia e a Rússia declararam que lutarão até a vitória, conforme marcaram 1.000 dias de guerra.
Kiev insistiu na terça-feira que “nunca se submeterá” na defesa contra a invasão de Moscovo e alertou que o mundo não deve oferecer nenhum apaziguamento ao presidente russo, Vladimir Putin. O Kremlin fez declarações semelhantes e mais uma vez envolveu-se em ataques nucleares.
“A Ucrânia nunca se submeterá aos ocupantes e os militares russos serão punidos por violarem o direito internacional”, declarou um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros em Kiev.
Numa declaração ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiha, classificou 1.000 dias como “um número muito grande”.
“Por um lado, prova a bravura ucraniana face à brutal agressão russa. (…) Por outro lado, este número prova o fracasso da comunidade internacional, incluindo este estimado conselho, em parar as guerras de agressão e atrocidades”, afirmou.
Em meio à expectativa de que a próxima administração de Donald Trump nos Estados Unidos possa instigar negociações de paz com Putin no próximo ano, Yevheniia Filipenko, embaixadora da Ucrânia na ONU em Genebra, alertou numa entrevista à agência de notícias Reuters que “Putin não quer paz”.
“Ele vê essas tentativas (de iniciar negociações) como uma fraqueza. E o que precisamos agora não é de fraqueza e apaziguamento. Precisamos de força”, disse ela.
1.000 dias de resiliência. 1.000 dias de bravura. 1.000 dias defendendo as nossas vidas e casas durante a fase em grande escala da invasão da Rússia. Mais de 10 anos de guerra da Rússia contra a Ucrânia – contra o nosso povo, a soberania e a liberdade. pic.twitter.com/ukk6GFyFc0
— MFA da Ucrânia 🇺🇦 (@MFA_Ukraine) 19 de novembro de 2024
Enquanto isso, Putin aprovou na terça-feira uma atualização da doutrina nuclear da Rússia. O documento estabelece que a Rússia poderia considerar a utilização de armas nucleares se fosse alvo de um ataque convencional com mísseis apoiado por uma potência nuclear.
A mudança é a resposta do Kremlin à relatórios que o presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu permitir que a Ucrânia utilizasse mísseis de longo alcance fornecidos por Washington para atacar profundamente a Rússia.
O porta-voz de Putin disse mais tarde aos jornalistas que Moscovo está confiante na vitória naquilo que chama de “operação militar especial” que lançou em Fevereiro de 2022 com uma invasão em grande escala do seu vizinho.
“A operação militar contra Kiev continua… e será concluída”, disse Dmitry Peskov aos repórteres.
Ataque sumário
Com o passar do sombrio aniversário, Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy informou que sete pessoas, incluindo uma criança, foram mortas por um ataque noturno de drones na região nordeste de Sumy, que faz fronteira com a região russa de Kursk.
O ataque, que atingiu um edifício residencial na pequena cidade de Hlukhiv, também deixou 12 feridos, informou a administração militar de Sumy no Telegram.
“Cada novo ataque russo apenas confirma as verdadeiras intenções de Putin. Ele quer que a guerra continue, não está interessado em falar de paz”, disse Zelenskyy.
Na segunda-feira, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) disse ter encontrado vestígios de gás lacrimogêneo em amostras colhidas no mês passado na linha de frente na região ucraniana de Dnipropetrovsk.
O uso de agentes de controle de distúrbios, como gás lacrimogêneo, como método de guerra é proibido pela Convenção sobre Armas Químicas, o tratado de não proliferação supervisionado pela OPAQ.
O órgão da ONU não atribuiu culpas. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia culpou na terça-feira a Rússia e pediu ação de seus parceiros.