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A demanda por um outsider

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A demanda por um outsider

Thomas Traumann

Metade dos eleitores do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e 45% dos paulistas, mineiros e baianos acreditam que a solução dos problemas do País virá de alguém de fora da política, afirma um recorte da pesquisa Genial/Quaest. É um indicativo assustador da demanda de parte do eleitorado por um outsider, o mesmo sentimento que elegeu Jair Bolsonaro (2018), Fernando Collor (1989) e Jânio Quadros (1961).

A sensação de que os políticos não são capazes de resolver os problemas é indistinta entre quem votou em Lula ou Bolsonaro. Em São Paulo, 42% dos que votaram em Lula e 43% dos bolsonaristas admitem um candidato fora da política; em Minas Gerais, são 41% e 42%, respectivamente. No Rio, 46% e 50%. Goiás e Pernambuco são os Estados que ainda consideram os políticos, com menos de 40% achando que a solução virá de um outsider.

Não é por acaso. Existe uma impressão geral que o Judiciário está preocupado com seus privilégios do que com a Justiça, o Congresso só pensa nas emendas, Lula está fixado na reeleição e Bolsonaro só faz o que é bom para Bolsonaro. Num quadro desses, cresce a demanda por alguém de fora. É real o potencial de um candidato que reúna o discurso anti-Estado do argentino Javier Milei e a linha-dura do salvadorenho Nayib Bukele.

Outras respostas da mesma pesquisa ajudam a compreender o potencial da antipolítica. Para 67% dos paulistas, 66% dos mineiros, 67% dos fluminenses e 57% dos baianos, o País está no rumo errado. Faltando um ano e meio para as eleições, esta mudança de caminho poderia vir ainda no governo Lula, dizem os eleitores: 88% dos gaúchos, 85% dos paulistas, 83% dos mineiros e 78% dos pernambucanos gostariam que o presidente Lula fizesse um governo diferente dos primeiros dois anos. A porcentagem mostra que o desejo de mudança atinge tanto antipetistas, quanto eleitores de Lula.

A antipolítica é uma força eleitoral desde a Lava-Jato, primeiro com a eleição de João Doria a prefeito de São Paulo em 2016, depois com Bolsonaro e a bancada de youtubers em 2018. Em 2022, já aliado do Centrão, Bolsonaro perdeu o ímpeto da novidade, mas manteve com os ataques ao Supremo Tribunal Federal parte do engajamento da antipolítica. Na eleição municipal de 2022, porém, Bolsonaro perdeu o controle destes eleitores, como mostrou o resultado de Pablo Marçal em São Paulo, ou foi levado por eles, como em Curitiba, Belo Horizonte e Fortaleza.

Com Bolsonaro fora da disputa no ano que vem, a antipolítica é um desafio real para a direita. Em tese, ela poderia ser reunida em torno de Eduardo Bolsonaro, mas este cenário parece ser mais fruto de desejo do que da realidade. Certamente, a demanda antipolítica não seria atendida por governadores como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Junior e Ronaldo Caiado. Se for elegível, Pablo Marçal seria o nome natural para liderar essa força política, mesmo sem o aval do próprio Bolsonaro. Se Marçal também for condenado pela Justiça, o desejo por um outsider ficará em aberto para um outro forasteiro.



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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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POLÍTICA

Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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POLÍTICA

Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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