NOSSAS REDES

MUNDO

Acompanho o caso Bali Nine há 20 anos. Não se trata de tomar partido, exceto o lado do tempo | Madona Rei

PUBLICADO

em

Madonna King

Kim Beazley substituiu Mark Latham como líder da oposição federal em 2005; no mesmo ano, nove jovens australianos tentaram contrabandear 8,7 kg de heroína para a Austrália.

John Howard foi primeiro-ministro, os Swans derrotaram os West Coast Eagles para conquistar seu primeiro cargo de primeiro-ministro em 72 anos, e Sir Joh Bjelke-Petersen, Graham Kennedy e Kerry Packer foram sepultados.

Foi há muito tempo.

Os líderes australianos do Bali Nine – Andrew Chan e Myuran Sukumaran – tinham 21 e 24 anos. Renae Lawrence tinha 27 anos. Tan Duc Thanh Nguyen, que já morreu, tinha 22 anos.

E os outros, que agora estão em solo australiano e aguardam a liberdade, tinham entre 18 e 28 anos.

Que erro cometemos aos 18 anos? E quantos de nós pagamos um preço de 20 anos por isso? Na maioria das vezes, todos nós tomamos decisões estúpidas e imprudentes e enfrentamos as consequências – mas fomos autorizados a seguir em frente.

Isto não é para desculpar o Bali O comportamento criminoso de Nove. Imagine quantas mortes esses 8,7kg de heroína poderiam ter causado. Talvez isso pudesse ter acabado com a vida de um dos nossos filhos, que estava cometendo o seu próprio erro.

Mas 20 anos, em condições terríveis, longe da família e dos amigos? Vendo dois dos seus co-acusados, que haviam mudado de atitude, serem baleados na calada da noite? Observando a dor de cabeça estampada no rosto de suas mães?

Está na hora.

E sim, meu e-mail será inundado em poucas horas, atacando o que alguns consideram um toque suave. Mas acompanho este caso há 20 anos. Cindy Wockner e eu escrevemos um livro sobre esses nove jovens.

Não se trata de tomar partido, exceto do lado do tempo.

Você sabia que outras pessoas ligadas a este caso foram posteriormente presas na Austrália, enfrentaram o sistema judicial aqui e seguiram em frente em meses ou alguns anos?

Para aqueles que estão lutando com a decisão de trazer Si Yi Chen, Michael Czugaj, Matthew Norman, Scott Rush e Martin Stephens para casa, vale a pena aprender como esse grupo foi pego em uma operação internacional de contrabando de drogas (onde os culpados de primeira linha nunca enfrentei julgamento).

Tomemos como exemplo o garoto de Brisbane, Czugaj. Até a família o chamava de seguidor, que não se enquadrava na escola e preferia faltar às aulas. Sua mãe, Vicki, costumava se preocupar com o sexto de seus oito filhos, até que se sentou e pensou no tipo de adulto que acreditava que Mikey, como sua família o chamava, se tornaria.

Ele foi o primeiro a levantar a mão para ajudar, chegando a massagear os pés da mãe após um longo dia de trabalho. Ele estava descontraído, certamente. O mais engraçado – e mais atrevido – de seus filhos. E, ah, tão ingênuo.

Como jornalista, você aprende a descrer. Isso nem sempre é bom, mas é necessário. Mas irei para o túmulo pensando que Michael Czugaj não tinha ideia do que estava se metendo quando conheceu Nguyen em uma boate de Brisbane.

Nguyen perguntou a Michael se ele já tinha estado no estrangeiro. “Em seguida, ele me ofereceu para ir a Bali e eu concordei”, disse Michael aos investigadores. Michael aceitou a oferta pelo valor nominal; uma viagem grátis de um cara com dinheiro para gastar.

Ele tinha apenas 19 anos.

Nossos filhos poderiam cometer o mesmo erro? E se o fizeram, uma sentença de 20 anos seria muito longa?

Scott Rush também era de Queensland; o terceiro filho de Christine, uma professora, e de Lee, que trabalhava para a Telstra. Scott era bonito, tonificado e atlético. E ele se meteu em problemas. Em 2005.

Em todos os nove casos, há histórias de fundo.

Si Yi Chen nasceu em 1985 em Guangzhou, China, estabelecendo-se mais tarde em Doonside, Sydney. Filho único, seus pais estavam desesperados para lhe dar o melhor que o mundo poderia oferecer.

Martin Stephens, o menino nascido e criado em Illawarra, causou confusão para quem o conhecia, quando seu rosto encheu a tela durante a prisão. “Ele sempre foi ingênuo”, sua mãe me disse há quase 20 anos. “Ele estava disposto a acreditar no melhor das pessoas.”

Matthew Norman era uma criança quando foi preso, mas agora está chegando aos 40. Gêmeo, sua infância foi marcada por dificuldades. Ele nasceu semanas prematuro, sofreu a amarga separação dos pais e depois – aos 14 anos – ajudou a salvar a vida da mãe de um amigo, que quase teve uma overdose de drogas.

Nada disto desculpa o seu comportamento. Mas e se fosse o seu filho quem se misturasse com o grupo errado? Ou quem foi tão ingênuo que pensou que um colega rico gritaria uma viagem para Bali?

Tudo o que você acredita, não é hora?

Madonna King é jornalista e trabalhou na Austrália e nos EUA durante três décadas. Ela é autora de 13 livros. Bali 9: a história não contada foi escrita em coautoria com Cindy Wockner



Leia Mais: The Guardian

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO

em

O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

Leia mais notícia boa

Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO

em

Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

Leia mais notícia boa

A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO

em

O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

Leia mais notícia boa

Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS