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África busca enfrentar sua crise aguda de cuidados cirúrgicos – DW – 30/12/2024

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África tem milhões de pessoas que não têm acesso a cuidados cirúrgicos essenciais. Desde crianças nascidas com lábio leporino até vítimas de queimaduras que não foram tratadas, essas cicatrizes contam histórias de uma sistema de saúde levado ao limite.

A África Subsariana suporta o peso de uma crise aguda de cuidados cirúrgicos, com 93% da população incapaz de aceder aos procedimentos reconstrutivos de que necessita desesperadamente.

Numa região onde queimaduras, deformidades congénitas e lesões relacionadas com traumas são comuns, a escassez de cirurgiões qualificados e de infra-estruturas médicas agrava o sofrimento, deixando uma grande maioria sem esperança de cura.

“Muitos países (africanos) enfrentam grave escassez de profissionais de saúde e acesso limitado a instalações cirúrgicas”, disse à DW o Dr. Paa-Ekow Hoyte-Williams, diretor de Assuntos Médicos da RESTORE Worldwide. Disse que a lacuna entre a necessidade de cuidados cirúrgicos e os recursos disponíveis é enorme, acrescentando que estes défices levam a incapacidades evitáveis ​​e, em alguns casos, à morte.

Médico ganense realiza cirurgias reconstrutivas gratuitas

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As áreas rurais são as mais afetadas

Hoyte-Williams observou que a crise é especialmente pronunciada nas zonas rurais e mal servidas em todo o continente africano.

“Os grupos mais desfavorecidos são geralmente as pessoas pobres e as que vivem em áreas rurais e remotas, mulheres e crianças. Se considerarmos as recentes missões realizadas no centro de Kumasi (emGana), tivemos pessoas viajando até 900 quilômetros (560 milhas) para avaliar o serviço cirúrgico gratuito.”

Os desafios são agravados pelo êxodo de profissionais capacitados. Muitos cirurgiões treinados em cirurgia reconstrutiva são atraído para trabalhar no exterioronde os recursos e as condições de trabalho são melhores.

“Não há cirurgiões reconstrutores suficientes em África”, admite Hoyte-Williams.

Cirurgiões usam um sistema de controle remoto enquanto realizam uma cirurgia
Países tecnologicamente avançados agora estão usando robôs cirúrgicos para realizar cirurgiasImagem: Thomas SAMSON/AFP

As zonas rurais da África Oriental enfrentam desafios semelhantes, especialmente em países como Quênia e Ugandaonde grandes segmentos da população residem em áreas remotas com pouco acesso a cuidados de saúde.

No Quénia, por exemplo, os pacientes de condados marginalizados como Turkana têm frequentemente de viajar centenas de quilómetros para chegar ao hospital de referência mais próximo. A falta de cirurgiões especializados nessas áreas torna a cirurgia reconstrutiva quase impossível para muitos.

Em Nigériaa nação mais populosa de África, a escassez de cirurgiões reconstrutores também é sentida em todo o país. Com uma população superior a 200 milhões, apenas alguns especialistas estão disponíveis e estão predominantemente concentrados em centros urbanos como Lagos e Abuja.

Isto deixa as comunidades rurais em estados como Borno e Yobe vulneráveis ​​e desamparadas, forçando os pacientes a depender de viagens dispendiosas às grandes cidades ou a renunciar completamente à cirurgia.

Médicos são vistos dentro de uma sala de cirurgia
Alguns cirurgiões, como o Dr. Obeng, nascido em Gana, que trabalha nos EUA, ocasionalmente oferecem cirurgias gratuitas aos pacientes Imagem: Isaac Kaledzi/DW

Esforços para desenvolver capacidade local

Hoyte-Williams partilhou a importância de investir em programas locais de educação e formação cirúrgica para resolver esta escassez.

“Estabelecer as nossas próprias instalações de formação educacional será um grande passo para ajudar”, disse ele, ao apelar a um maior compromisso do governo.

Uma solução reside em iniciativas locais de formação para aumentar o número de cirurgiões em qualquer país.

“Se pretendemos resolver esta questão, temos realmente de investir em programas locais de educação e formação cirúrgica”, acrescentou Hoyte-Williams.

Nana Bediako Brogya, presidente e fundadora da Brogya no Gana, também destacou os desafios que os pacientes enfrentam quando procuram uma cirurgia reconstrutiva.

Mas nem tudo é desgraça e tristeza. Na África do Sul, as colaborações entre hospitais públicos e prestadores de cuidados de saúde privados apoiaram os esforços para desenvolver capacidades.

Programas como bolsas cirúrgicas oferecidas em instituições como o Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo, permitem que jovens cirurgiões ganhem experiência prática.

Estas iniciativas são complementadas por programas de extensão dirigidos às províncias rurais marginalizadas, garantindo um acesso mais equitativo a cuidados especializados.

Fuga de cérebros em África: Porque é que os trabalhadores qualificados estão a sair?

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Enorme encargo financeiro

Brogya também observou que outro desafio principal que decorre das dificuldades de acesso aos cuidados cirúrgicos é o alto custo dos procedimentos.

“Os recursos financeiros necessários para cobrir despesas cirúrgicas, cuidados pós-operatórios, transporte e alojamento são substanciais”, explicou. Ele sugeriu que enfrentar estes desafios requer uma abordagem multifacetada, incluindo melhor financiamento e infra-estruturas.

Desafios semelhantes são vistos emEtiópiaonde as famílias nas regiões rurais muitas vezes vendem gado ou terras para pagar cirurgias que salvam vidas.

Com programas limitados de assistência financeira, muitos pacientes ficam sem opçõespiorando suas condições.

Homens sul-africanos usam salto alto para destacar o câncer de mama masculino

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Esperança para o futuro

Apesar dos desafios, Brogya continua otimista quanto ao futuro.

“Acredito que as coisas estão melhorando”, disse ele. “Há muitos cirurgiões plásticos em treinamento que eu acho que vão salvar muitas vidas, embora haja mais espaço para melhorias. Deveria haver mais recursos para equipá-los e capacitá-los para o desempenho.”

A falta de cuidados cirúrgicos em África tem um impacto significativo no desenvolvimento socioeconómico do continente.

Isto, por sua vez, perpetua a pobreza e prejudica o desenvolvimento global. Hoyte-Williams acredita que existem formas de inverter esta tendência.

“Nosso objetivo é atender tanto às necessidades imediatas dos pacientes quanto às necessidades de longo prazo de cuidados cirúrgicos sustentáveis”, disse Hoyte-Williams.

“Estou muito positivo. Se olharmos para a política do Seguro Nacional de Saúde no Gana, em particular, o financiamento não provém dos prémios. Há uma taxa de seguro de saúde… Isto deverá gerar fundos suficientes para poder cobrir a necessidades cirúrgicas da população.”

O número crescente de cirurgiões em formação e o compromisso de organizações como RESTORE Worldwide e Brogya proporcionam esperança para um futuro melhor.

Contudo, o investimento sustentado e o compromisso do governo são cruciais para colmatar o fosso cirúrgico em todo o continente.

Brogya observou que enfrentar a crise dos cuidados cirúrgicos é um imperativo humanitário e um passo crucial para alcançar o desenvolvimento sustentável em África.

Países como o Quénia e a África do Sul estão a explorar estas soluções que, se forem ampliadas, poderão reduzir significativamente a disparidade nos cuidados cirúrgicos e garantir intervenções atempadas para aqueles que dela necessitam.

Editado por: Chrispin Mwakideu



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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