POLÍTICA
As estratégias dos novos advogados escalados por J…

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Isabella Alonso Panho
Jair Bolsonaro é um político que flertou o tempo todo com processos judiciais, seja por causa de ameaças a adversários e ataques a instituições e à democracia, seja defendendo teses e medidas controversas — ou até sendo omisso — na pandemia de covid-19. Para se defender, o ex-presidente se valia quase sempre de gente que pertencia a seu círculo de confiança. O mais íntimo da família é Frederick Wassef, também conhecido como Anjo, forma com que Fabrício Queiroz, o pivô do célebre caso das rachadinhas, se referia a ele no período em que se escondeu numa casa de Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo. Agora, prestes a enfrentar o processo mais difícil de sua vida — a acusação de conspirar contra a ordem democrática, o que poderá levá-lo à prisão —, Bolsonaro aceitou sugestões de seu entorno para reforçar o time com gente de fora, escolhendo uma das estrelas do mundo jurídico do país. A mudança de rota resultou na recente contratação de um dos principais advogados criminalistas do país, Celso Sanchez Vilardi.
Mestre em direito processual penal pela PUC e professor da FGV-SP, o profissional chama a atenção também pelo histórico de clientes, que, por ironia, inclui graúdos nomes petistas, como o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Hoje, Vilardi cuida do caso da Americanas, uma das maiores fraudes fiscais da história. Discreto, o advogado tem bom conceito entre os ministros do STF, um ativo que pode colaborar para baixar a temperatura do clima de guerrilha do ex-presidente com a Corte e com o ministro Alexandre de Moraes. Esse comportamento ajuda a inflamar o público bolsonarista, mas só complica ainda mais o trabalho de defesa. O novo cliente tem dado sinais de que seguirá à risca as recomendações de Vilardi, o que representaria uma novidade no mercurial e imprevisível histórico de comportamento do capitão.
Sem gastar energia em belicismos desnecessários, a prioridade será livrar o ex-presidente do banco dos réus e, se não conseguir, impedir ao menos uma pesada condenação. A estratégia de Vilardi será atacar o que a defesa considera falhas da investigação conduzida pela Polícia Federal, que indiciou Bolsonaro e mais 39 pessoas, a maioria ex-auxiliares de seu governo, pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. O ponto principal a ser questionado é a delação firmada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, peça central do processo. Vilardi tentará provar que os depoimentos formam um conjunto de acusações baseadas apenas na palavra do assessor, sem provas comprobatórias. A provável ida do caso para a Primeira Turma do STF, que tem Moraes como presidente e mais quatro ministros próximos a ele, e não para o plenário (onde há onze integrantes), também deve ser explorada pela defesa. No plenário, é maior a chance de os defensores conseguirem alguma divergência significativa entre os ministros sobre o caso.
Antes da chegada de Vilardi, quem estava à frente da defesa do ex-presidente era Paulo Cunha Bueno, que passou a ser criticado no entorno bolsonarista depois de uma entrevista na qual defendeu que, segundo o relatório da PF, Bolsonaro não se beneficiaria do golpe articulado pelo grupo de militares. A tese do “golpe dentro do golpe” desagradou ao capitão e a um dos principais envolvidos na trama, o ex-ministro Walter Braga Netto, que está preso desde dezembro. Cunha Bueno segue na equipe de advogados, mas o comando agora está a cargo de Vilardi.

Segundo pessoas próximas a Bolsonaro, Vilardi teria sido indicado ao ex-presidente por outro criminalista de primeira linha, José Luis Oliveira Lima, que havia assumido pouco antes a defesa de Braga Netto. “Somos apenas velhos conhecidos”, afirma Lima, referindo-se ao colega. Entre outros clientes, Lima defendeu o ex-ministro José Dirceu no mensalão e o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, na Lava-Jato. Uma de suas frentes será também tentar deslegitimar a delação de Mauro Cid. “Não vou abrir mão de nenhum recurso de defesa que possa beneficiar meu cliente. Aos ministros do STF, minha reverência e respeito. Mas essa delação é um escárnio”, disse Lima a VEJA.
Os novos advogados correm contra o tempo. A possível denúncia contra Bolsonaro e Braga Netto está nas mãos do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que pode decidir nos próximos dias. Na quarta-feira 15, ele deu parecer contrário à pretensão do ex-presidente de viajar aos EUA para a posse de Donald Trump — Moraes, depois, negou o pedido. As complicações de Bolsonaro com a Justiça lhe renderam condenações variadas — de um plano para explodir bombas em quartéis quando estava no Exército nos anos 1980 a crimes eleitorais que o levaram à inelegibilidade e à sua saída, por ora, do páreo presidencial em 2026. Agora, se for condenado pelo golpe, pode pegar até 28 anos de cadeia. O sinal de alerta disparou fortemente com a prisão de Braga Netto. Com a defesa reforçada por alguns dos melhores criminalistas da praça, ambos devem responder em breve às graves acusações no Supremo. Não será um trabalho fácil para Vilardi e Lima.
Publicado em VEJA de 17 de janeiro de 2025, edição nº 2927
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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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2 meses atrásem
5 de maio de 2025
Marcela Rahal
Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.
Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.
Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.
O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.
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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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2 meses atrásem
5 de maio de 2025
Ludmilla de Lima
Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.
Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano.
A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.
A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.
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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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5 de maio de 2025
Matheus Leitão
A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.
Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.
Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.
“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.
A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.
“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana.
A seguir as cenas dos próximos capítulos…
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