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Bets tentam emplacar apostas em conteúdos de investimentos – 11/11/2024 – Mercado

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Stéfanie Rigamonti

Influenciadores de finanças têm recebido propostas agressivas de publicidade das chamadas bets, muitas delas com um valor 10 vezes superior ao que costumam receber de outros patrocinadores.

Isso tem causado um incômodo geral, porque aceitar essas ofertas significa vincular as apostas online à ideia de investimento. Por outro lado, esses influenciadores têm demonstrado preocupação porque seus perfis acabam perdendo público para outras classes de influenciadores que topam fechar com as bets.

Como reação, aumentou em 28%, do segundo semestre de 2023 para o primeiro de 2024, o número de menções ao assunto entre esses influenciadores. O dado faz parte da 7ª edição do Finfluence, levantamento feito pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em parceria com o Ibpad (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados), que mostra o perfil de quem fala sobre investimentos nas redes sociais.

Segundo o estudo, 95% desses influenciadores que falam sobre as bets são contrários às apostas online ou fazem conteúdos educativos de alerta. Dentro dos outros 5% mapeados pela pesquisa que são favoráveis às bets, 58% recebem dinheiro de publicidade dessas empresas.

Um dos influenciadores que recusaram propostas agressivas das bets e reagiram com conteúdos contrários foi Charlesson Campos, conhecido como Doutor Equilíbrio nas redes sociais. Em conversa com a reportagem, ele diz que recebeu duas propostas de sites de apostas, uma para o YouTube, onde tem mais de meio milhão de inscritos, e uma para o Instagram, mídia social na qual possui cerca de 380 mil seguidores.

Com canal no YouTube desde 2018, Charlesson diz que já tinha recebido várias propostas de anúncio do jogo do tigrinho, desenvolvido pela PG Soft. Recentemente, ele se engajou numa negociação para entender melhor a oferta. O acordo previa ganhos para ele de R$ 10 a R$ 20 por cada seguidor que aceitasse seu convite para conhecer a plataforma de aposta. Além disso, ele receberia uma porcentagem pelas apostas feitas por pessoas que recebessem o convite de algum de seus seguidores.

Ele então fez um cálculo com base no número dos inscritos em seu canal e concluiu que ele receberia pelo menos R$ 504 mil somente no primeiro mês da PG Soft. O valor, segundo ele, está muito distante do que costuma receber de propostas pelos demais anunciantes. Ele disse à reportagem que o máximo que recebeu por uma propaganda foi cerca de R$ 40 mil.

O anúncio do jogo do tigrinho envolvia criar uma conta de demonstração, que só simula as apostas, com a qual o influenciador induziria os seus seguidores a acreditar que ele estava de fato apostando. Ele só mostraria no vídeo os ganhos altos que tivesse no cassino.

Charlesson então decidiu copiar todas as conversas com os negociadores da bet e criou um conteúdo educativo para os seus seguidores, expondo a abordagem que esses sites de apostas têm com os influenciadores, para orientar o seu público. “A conclusão que eu quis passar é: tem que ter paciência, construir patrimônio com solidez e não acreditar em fantasias. Quem vai atrás de fantasias, acaba na miséria”, disse à reportagem.

O influenciador contou que também recebeu proposta de uma pessoa famosa, cujo nome ele preferiu não revelar, para anunciar no seu Instagram uma bet que acabou de chegar ao Brasil.

Segundo ele, o acordo envolvia uma remuneração fixa de R$ 20 por cada convite aceito pelos seus seguidores para apostar na plataforma, mais uma comissão de 20% por perdas de dinheiro com apostas feitas a partir de sua indicação.

“Ou seja, quanto mais você perde, melhor seria para mim”, resumiu. Fazendo um cálculo mais conservador, contando que cerca de 7% de seus seguidores iriam na onda e apostariam na bet, ele concluiu que um anúncio desse lhe renderia pelo menos R$ 660 mil. “Custaria menos de 10% da minha rede social. Bastava isso e eu estaria feito, milionário”.

Charlesson diz que as bets sabem qual é a dor das pessoas e suas necessidades e vendem a ideia de solução rápida para aliviar essa dor. Mas ele orienta que as pessoas se questionem: “se no meu meio eu não consigo ver ninguém que ganhou, só influenciadores, por que eu vou apostar nisso?”.

Em nota à reportagem, a ANJL (Associação Nacional de Jogos e Loterias) disse que o jogo do tigrinho, assim como outros “slot games”, é produzido por uma desenvolvedora de jogos mundialmente reconhecida, que não contrata influenciadores.

Em seu relato à Folha, Charlesson disse que questionou o CNPJ de quem o procurou para anunciar o tigrinho, mas recebeu como resposta que o dado é sigiloso.

Em relação aos casos citados pela reportagem, de bets contratando influencers da área de investimentos, a associação disse considerar “inapropriado esse tipo de estratégia para a divulgação de jogos, uma vez que o jogo deve ser encarado exclusivamente como forma de entretenimento e não de renda extra ou de investimentos”, diz

“A ANJL lembra que fez parte do processo de construção da autorregulamentação publicitária do mercado, junto com o Conar, e que não concorda com publicidades que sejam potencialmente nocivas tanto para apostadores quanto para a própria integridade e responsabilidade da indústria”, completa.

A gerente executiva de Comunicação, Marketing e Relacionamento com associados da Anbima, Amanda Brum, diz que a entidade não possui nenhuma campanha contra as bets, já que esta reconhece que os jogos de aposta são legítimos como meio de entretenimento.

Ela afirma, porém, que a associação procura sempre orientar o público com conteúdos de educação financeira, mostrando que apostas são diversão, não um produto de investimento, pois isso ainda é um objeto de confusão para os brasileiros.

“Investimento é investimento, é para as pessoas pensarem no futuro, para realizarem seus sonhos, para terem uma reserva de emergência, para uma maior tranquilidade com as suas finanças. E aí, tem uma série de produtos que são regulados, que têm regras e que garantem, no fim da linha, muito mais segurança e tranquilidade. As bets, por outro lado, são jogos”, afirmou.

Outro estudo da Anbima publicado no fim de 2023, o raio-X do investidor brasileiro, mostrou que 14% da população do país declararam ter feito pelo menos uma aposta online durante o ano. Essa fatia representa 22 milhões de pessoas em todo o país.

Segundo Brum, é uma quantidade considerável de apostadores, alguns dos quais nem sempre conhecem a natureza das bets e ainda confundem apostas com investimentos. Somente para efeito de comparação, esse número de pessoas que, pelo menos uma vez na vida, colocaram dinheiro nesses sites é menor, por exemplo, do que o total dos que disseram, na pesquisa, que investem em fundos de investimento (4%) ou em ações (2%).

“Ou seja, tem um monte de influenciador que fala o tempo todo de trade [investimento], que fala o tempo todo de ações. Tem um monte de perfis em redes sociais, veículos especializados, que falam o tempo todo disso. E aí você vai para a rua e descobre que tem mais gente colocando dinheiro em bet do que em ações”, relata Brum.



Leia Mais: Folha

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PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

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PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou, nessa terça-feira, 18, no teatro E-Amazônia, campus-sede, a abertura do 4º Simpósio de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). Com o tema “A Produção do Conhecimento, a Formação Docente e o Compromisso Social”, o evento marca os dez anos do programa e reúne estudantes, professores e pesquisadores da comunidade acadêmica. A programação terminou nesta quarta-feira, 19, com debates, mesas-redondas e apresentação de estudos que abordam os desafios e avanços da pesquisa em educação no Estado.

Representando a Reitoria, a pró-reitora de Pós-Graduação, Margarida Lima Carvalho, destacou o papel coletivo na consolidação do programa. “Não se faz um programa de pós-graduação somente com a coordenação, mas com uma equipe inteira comprometida e formada por professores dedicados.”

O coordenador do PPGE, Nádson Araújo dos Santos, reforçou a relevância histórica do momento. “Uma década pode parecer pouco diante dos longos caminhos da ciência, mas nós sabemos que dez anos em educação carregam o peso de muitas lutas, muitas conquistas e muitos sonhos coletivos.”

 

A aluna do programa, Nicoly de Lima Quintela, também ressaltou o significado acadêmico da programação e a importância do evento para a formação crítica e investigativa dos estudantes. “O simpósio não é simplesmente dois dias de palestra, mas dois dias de produção de conhecimento.” 

A palestra de abertura foi conduzida por Mariam Fabia Alves, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), que discutiu os rumos da pesquisa educacional no Brasil e os desafios contemporâneos enfrentados pela área. O evento contou ainda com um espaço de homenagens, incluindo a exibição de vídeos e a entrega de placas a professores e colaboradores que contribuíram para o fortalecimento do PPGE ao longo desses dez anos.

Também participaram da solenidade o diretor do Cela, Selmo Azevedo Apontes; a presidente estadual da Associação de Política e Administração da Educação; e a coordenadora estadual da Anfope, Francisca do Nascimento Pereira Filha.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Consu da Ufac adia votação para 24/11 devido ao ponto facultativo — Universidade Federal do Acre

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A votação do Conselho Universitário (Consu) da Ufac, prevista para sexta-feira, 21, foi adiada para a próxima segunda-feira, 24. O adiamento ocorre em razão do ponto facultativo decretado pela Reitoria para esta sexta-feira, 21, após o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A votação será realizada na segunda-feira, 24, a partir das 9h, por meio do sistema eletrônico do Órgão dos Colegiados Superiores. Os conselheiros deverão acessar o sistema com sua matrícula e senha institucional, selecionar a pauta em votação e registrar seu voto conforme as orientações enviadas previamente por e-mail institucional. Em caso de dúvidas, o suporte da Secrecs estará disponível antes e durante o período de votação.

 



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Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

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Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

A professora Aline Andréia Nicolli, do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela) da Ufac, foi eleita presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), para o biênio 2025-2027, tornando-se a primeira representante da região Norte a assumir a presidência da entidade.

Segundo ela, sua eleição simboliza não apenas o reconhecimento de sua trajetória acadêmica (recentemente promovida ao cargo de professora titular), mas também a valorização da pesquisa produzida no Norte do país. Além disso, Aline considera que sua escolha resulta de sua ampla participação em redes de pesquisa, da produção científica qualificada e do engajamento em discussões sobre formação de professores, práticas pedagógicas e políticas públicas para o ensino de ciências.

“Essa eleição também reflete o prestígio crescente das pesquisas desenvolvidas na região Norte, reforçando a mensagem de que é possível produzir ciência rigorosa, inovadora e socialmente comprometida, mesmo diante das dificuldades operacionais e logísticas que marcam a realidade amazônica”, opinou a professora.

Aline explicou que, à frente da Abrapec, deverá conduzir iniciativas que ampliem a interlocução da associação com universidades, escolas e entidades científicas, fortalecendo a pesquisa em educação em ciências e contribuindo para a consolidação de espaços acadêmicos mais diversos, plurais e conectados aos desafios educacionais do país.

 



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