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Cada vez mais paquistaneses rejeitam o casamento entre primos – DW – 17/10/2024
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Quando Shagufta Rashid, da Caxemira Britânica, migrou para o Reino Unido de Paquistão em 1990, ela já era uma mulher casada e com vida familiar estável. O marido também era primo dela, mas na cultura dela, principalmente na época, isso era considerado normal.
O casal tinha cinco filhos e as coisas estavam indo bem.
“Todos os meus filhos eram muito inteligentes e bonitos”, disse ela à DW. O primeiro sinal de problema, porém, veio com uma de suas filhas reclamando de problemas de visão.
“Estávamos nos preparando para comemorar o aniversário de 18 anos desta filha quando ela reclamou de ver problemas”, disse Shagufta.
Logo a visão da filha piorou e ela não conseguia mais ver nada.
“Eu me senti completamente arrasado e devastado”, disse Rashid. Em seguida, os médicos alertaram que a filha “poderia ficar cega permanentemente” por sofrer de uma doença que costuma aparecer em pessoas idosas.
Sussurros de vizinhos
Mesmo assim, a filha conseguiu fazer duas cirurgias essenciais — uma aos 18 anos e outra aos 21 — e evitar a cegueira.
“Ela ainda não consegue enxergar sem os óculos, mas está muito melhor agora e leva uma vida de casada em Dubai”, disse Shagufta.
Mas quando os seus vizinhos no Reino Unido souberam dos problemas que afectavam o seu filho, começaram a especular que a doença se devia ao facto de Shagufta ser casada com o seu primo – e seu filho era produto de um casamento consanguíneo.
A irmã de Shagufta, Sabiha Hasan, disse que outros membros da família também lidaram com o estigma. O filho de Sabiha é casado com seu primo e um de seus filhos é autista, enquanto outro membro da família em casamento consanguíneo tinha dois filhos obesos. Mesmo com as crianças eventualmente perdendo peso excessivo, a família ouviu rumores sobre os problemas de saúde das crianças devido ao fato de seus pais serem parentes próximos.
Sabiha reconhece que isso pode ser um fator, mas ela não vê isso como decisivo porque “há muitas mulheres casadas com primos na nossa região e tendo uma vida normal”.
Risco mortal de defeitos genéticos
Contudo, os factos médicos indicam que o risco não pode ser tão facilmente descartado. Um briefing publicado pelo programa de pesquisa Born in Bradford, analisando as mortes de crianças em Bradford, Birmingham e no bairro londrino de Redbridgedescobriram que “20-40% das mortes infantis podem ser devidas a doenças genéticas associadas à consanguinidade e condições cromossômicas”.
Dr. Shabi Ahmed, do Hospital Municipal de Birmingham, também alerta que a consanguinidade acarreta um sério risco de problemas genéticos.
“E esses problemas não ocorrem apenas entre os paquistaneses britânicos e os caxemires, mas também entre os árabes e outras comunidades onde tais casamentos são comuns”, disse Ahmed à DW.
Taxas de casamento intrafamiliar diminuindo na Grã-Bretanha
O casamento consanguíneo é definido como uma união em que o casal homem e mulher são parentes de primos de segundo grau ou mais próximos. A prática está socialmente enraizada em muitas regiões do mundo, incluindo o Sul da Ásia, o Norte de África e o Médio Oriente. Estima-se que globalmente cerca de 10-15% dos recém-nascidos tenham pais consanguíneos.
Embora a prática persista entre os paquistaneses britânicos, parece estar em declínio. Estudando 13.500 famílias entre 2007 e 2011, o projeto Born in Bradford descobriu que 60% dos casais de herança paquistanesa eram parentes de sangue (primo-irmão, primo de segundo grau ou outro parente de sangue). Mas se ambos os pais de origem paquistanesa tivessem nascido no Reino Unido, este número caía para 30%.
Um estudo de acompanhamento entre 2016 e 2020 constatou um declínio acentuado na consanguinidade na comunidade paquistanesa – de 60% para 40% no geral.
Mesmo assim, ainda é dramaticamente superior às taxas de casamento intrafamiliar entre os britânicos brancos, onde os dados disponíveis mostram que menos de 1% são casados com o seu primo-irmão.
Jovens mais informados devido às redes sociais
Tanto Sahiba como Shagufta confirmam que a prática de casar com membros da família está a tornar-se menos comum. Eles acreditam que isso se deve em parte à tecnologia moderna.
“As crianças nascidas no Reino Unido estão mais conscientes sobre as questões de saúde porque estão o tempo todo nas redes sociais e discutem tudo, inclusive saúde”, diz Shagufta.
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Shagufta também acredita que as brigas familiares que muitas vezes se seguem ao casamento também estão a afastar as pessoas de se casarem com os primos.
Um punjabi britânico de origem paquistanesa, que agora vive perto de Bradford, diz que os jovens deveriam poder escolher os seus parceiros por conta própria.
“Meu próprio filho recusou-se a casar com o primo, apesar de toda a pressão familiar, mas eu o apoiei, ao contrário de outros membros da família”, disse ele à DW, sob condição de anonimato. “Precisamos reconhecer que tais casamentos apresentam problemas médicos e devem ser desencorajados”.
Religião e obediência empurram os jovens para o casamento consanguíneo
O activista Beenash Faris, residente em Bradford, admite que, em geral, os casamentos consanguíneos estão a diminuir. Mas ela também aponta uma tendência interessante – a prática está a ressurgir, embora numa escala limitada, entre os jovens de mentalidade religiosa.
“A religião dá muita ênfase ao respeito e à obediência dos pais. Por isso, tenho visto alguns jovens de mentalidade religiosa aceitando os conselhos dos pais sobre questões de casamento ou, em alguns assuntos, mostrando disposição para se casar com seus primos”, disse ela à DW.
Editado por: Darko Janjevic
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Ufac recebe equipamentos para Laboratórios de Toxicologia e Farmácia Viva — Universidade Federal do Acre
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2 de dezembro de 2025A Ufac realizou nesta segunda-feira, 1º, na sala ambiente do bloco de Nutrição, a entrega oficial do material destinado ao Laboratório de Toxicologia Analítica e ao Projeto Farmácia Viva, reforçando a infraestrutura científica da instituição e ampliando o suporte às ações de ensino, pesquisa e extensão.
A ação integra o Projeto de Implantação do Laboratório de Toxicologia Analítica, que recebeu a doação de 21 equipamentos permanentes, adquiridos com recursos do Ministério Público do Trabalho da 14ª Região (MPT-14), mediante autorização da Primeira Vara Federal do Acre. A iniciativa reconhece o interesse público e a relevância social das atividades desenvolvidas pela Universidade Federal do Acre, especialmente nas áreas da saúde, inovação científica e desenvolvimento regional.
Os equipamentos recebidos fortalecem duas frentes estratégicas da instituição. No âmbito do Projeto Farmácia Viva, eles ampliam a capacidade de cultivo, processamento e controle de qualidade de plantas medicinais, reforçando também as ações de extensão voltadas à promoção da saúde e ao uso racional de fitoterápicos. Já na área de toxicologia analítica, os novos aparelhos permitem o desenvolvimento e validação de métodos de análise, o processamento de matrizes biológicas e ambientais e o suporte a investigações científicas e forenses.
“Parabenizo os três professores que estão à frente desse projeto: a professora Marta Adelino, Dayan Marques e Anne Grace. Isso moderniza nossa universidade e representa um salto qualitativo na formação de profissionais”, afirma a reitora Guida Aquino.
O professor Dayan de Araújo Marques, docente do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto (CCSD) e farmacêutico industrial, realizou a apresentação das fases do projeto. Ele destacou que a parceria com o MPT-14 representa a consolidação de um espaço científico. “Essa consolidação é capaz de oferecer respostas mais rápidas e precisas às demandas de saúde e meio ambiente no Acre, reduzindo a dependência de laboratórios externos e ampliando o impacto social das pesquisas desenvolvidas na universidade”.
Com a entrega desse conjunto tecnológico, a instituição eleva seu potencial de atuação laboratorial e reafirma o compromisso com a produção de conhecimento e o atendimento às demandas da sociedade acreana.
Também compuseram o dispositivo de honra o Pró Reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; a coordenadora do projeto do laboratório de toxicologia analítica, Marta Adelino da Silva Faria; a procuradora do Trabalho, representando o ministério público, Ana Paula Pinheiro de Carvalho.
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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre
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29 de novembro de 2025As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.
A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”
A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”
Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”
A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.
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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre
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27 de novembro de 2025Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.
Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.
O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.
“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.
Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.
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