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Capital do Sul do Líbano, Sour retorna à guerra

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No cais do antigo porto de Sour, os pescadores matam o tempo. O verão indiano continua neste mês de outubro na cidade portuária do sul do Líbano. A vida está a abrandar em torno dos poucos cafés e mercearias que permanecem abertos para alguns milhares de residentes e pessoas deslocadas. A guerra travada entre o exército israelense e o partido xiita Hezbollah causou a fuga de quarenta mil residentes de Sour. Indiferente ao som abafado dos bombardeios caindo em intervalos regulares na periferia da cidade, um pescador conserta suas redes. Dois irmãos, deslocados dos subúrbios de Al-Bass, esperam que o peixe morda a isca.

Os barcos de pesca estão no cais. “O exército libanês proíbe-nos de sair para o mar porque corremos o risco de sermos baleados pelos israelitas”diz Hamzi Najdi, um pescador de 46 anos. Em 7 de Outubro, o exército israelita declarou toda a costa libanesa, desde Naqoura, perto da linha de demarcação entre o Líbano e Israel, até Saida, 60 quilómetros mais a norte, uma zona proibida. Poucos pescadores foram ao mar desde 23 de Setembro, quando Israel lançou uma intensa campanha de ataques no sul e leste do Líbano, bem como nos subúrbios ao sul de Beirute, que já deixou 1.200 mortos.

Naquele dia, Hamzi Najdi deixou Al-Bass, um subúrbio de Sour, com a esposa e três filhos, por medo de bombardeios. Um amigo pescador, que partiu para Beirute, deixou-lhe as chaves da sua casa na antiga cidade de Sour. Lá mora com 31 familiares, totalmente dependente de ajuda do município. “Só Deus sabe quanto tempo vamos ficar aqui”lamenta o pescador. Conhece bem os habitantes do centro histórico, onde sempre trabalhou, mas para outros deslocados a coabitação não é tão fácil.

Hamzi Najdi, deslocado de Al-Bass com 31 membros da sua família numa casa que lhe foi emprestada por um amigo pescador, ele próprio deslocado em Beirute. Na cidade velha de Sour (Líbano), 10 de outubro de 2024.

“Não dormimos à noite”

“Os homens enviaram as mulheres e os filhos para o norte e ficaram a vigiar as casas porque as pessoas entram nas casas vazias arrombando portas e janelas”explica Clémence Jouné, moradora do bairro cristão. Da esplanada de um café, a libanesa de 29 anos vigia o filho de 8 anos, que pesca com um vizinho. Seu marido, um soldado, está estacionado na base Sour. « Oiiiiiii, ela grita de repente, assustada com um bombardeio à distância. Tememos que aqui se torne como Gaza. Não dormimos à noite. Não temos nada a ver com esta guerra. »

No verão de 2006, a guerra ainda não havia atingido a antiga cidade de Sour. O bairro cristão ainda é poupado hoje. Não o bairro xiita vizinho. Num beco estreito, várias casas antigas desabaram no início de Outubro, após um ataque israelita. Nove membros da família Samra, desde avós a netos, foram mortos. Um vizinho garante que todos eram civis e o pai, militar. A 200 metros dali, também foi alvejado um apartamento com uma família inteira em seu interior. “Eles eram simpatizantes do Hezbollah, mas nada mais. Após o atentado, o resto da família ficou ainda mais convencido a apoiar o partido.disse um morador da rua.

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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.

“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”

Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu, nessa segunda-feira, 22, no gabinete da Reitoria, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Representando a liderança da entidade, esteve presente Letícia Holanda, responsável pelas relações institucionais. O encontro teve como foco a apresentação da agenda da UNE, que reúne propostas para o Congresso Nacional com a meta de ampliar os recursos destinados à educação na Lei Orçamentária Anual de 2026.

Entre as prioridades estão a recomposição orçamentária, o fortalecimento de políticas de permanência estudantil e o incentivo a novos investimentos. A iniciativa também busca articular essas demandas a pautas nacionais, como a efetivação do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB para a área e o uso de royalties do petróleo em medidas de justiça social.

“Estamos vivenciando um momento árduo, que pede coragem e compatibilidade. Viemos mostrar o que a UNE propõe para este novo ciclo, com foco em avançar cada vez mais nas políticas de permanência e assistência estudantil”, disse Letícia Holanda. Ela também destacou a importância da regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil, entre outras medidas, que, segundo a dirigente, precisam sair do papel e se traduzir em melhorias concretas no cotidiano das universidades.

Para o vice-presidente da UNE-AC, Rubisclei Júnior, a prioridade local é garantir a recomposição orçamentária das universidades. “Aqui no Acre, a universidade hoje só sobrevive graças às emendas. Isso é uma realidade”, afirmou, defendendo que o Ministério da Educação e o governo federal retomem o financiamento direto para assegurar mais bolsas e melhor infraestrutura.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Isaac Dayan Bastos da Silva; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarina Lima de Carvalho; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; representantes dos centros acadêmicos: Adsson Fernando da Silva Sousa (CA de Geografia); Raissa Brasil Tojal (CA de História); e Thais Gabriela Lebre de Souza (CA de Letras/Português).

 

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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Tomaz Silva / Agência Brasil

Pode não parecer, mas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro não se limitam só aos motoristas de carros e motos — na verdade, as normas incluem também a conduta dos ciclistas. Mesmo assim, a aplicação das penalidades ainda gera dúvidas.

Nem todos sabem, mas o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) descreve situações específicas em que ciclistas podem ser autuados, como pedalar em locais proibidos — o artigo 255 do CTB, por exemplo, diz que conduzir bicicleta em passeios sem permissão ou de forma agressiva configura infração média, com multa de R$ 130,16 e possibilidade de remoção da bicicleta.

Já o artigo 244 amplia as situações de infração para “ciclos”, nome dado à categoria que inclui bicicletas. Entre os exemplos estão transportar crianças sem segurança adequada, circular em vias de trânsito rápido e carregar passageiros fora do assento correto. Em casos mais graves, como manobras arriscadas ou malabarismos, a penalidade prevista é multa de R$ 293,47.

De fato, o CTB prevê punições para estas condutas, mas o mais curioso é que a aplicação dessas regras não está em vigor. Isso porque a Resolução 706/17, que estabelecia os procedimentos de autuação de ciclistas e pedestres, foi revogada pela norma 772/19.

Em outras palavras, estas infrações existem e, mesmo que um ciclista cometa alguma delas, não há hoje um mecanismo legal que permita a cobrança da multa.




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