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China volta à carga e pede um Brics maior e mais assertivo – 24/10/2024 – Mundo

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Igor Gielow

No encerramento da cúpula em que a ampliação dos Brics foi contida, com a criação da categoria de países parceiros, a China retomou sua campanha para que o bloco cresça com a adesão de países não alinhados com Washington.

O líder do gigante asiático, Xi Jinping, afirmou que o Brics precisa de mais membros do chamado Sul Global, o jargão da vez para denominar economias emergentes que não estão no polo americano da Guerra Fria 2.0 entre Pequim e os Estados Unidos.

Na reunião do ano passado, os chineses trabalharam na última hora para incluir o antiamericano Irã e a Etiópia na maior expansão do grupo desde sua criação, em 2006, que também trouxe Egito e Emirados Árabes Unidos —a Arábia Saudita também ingressou, mas não consumou ainda sua adesão.

O Brasil era contrário a isso, não menos pelo caráter antiocidental que a mexida deu ao Brics. O chanceler Mauro Vieira, que representa o ausente presidente Lula (PT) no atual encontro em Kazan, minimiza isso, mas o Itamaraty trabalhou para arrefecer o ímpeto chinês.

Assim, ao longo dos meses que antecederam a cúpula russa, foi adotada a fórmula de convite a países para serem parceiros do Brics, sem os deveres e direitos da adesão plena. A ideia era manter certa coesão nas linhas do grupo e evitar a cacofonia que já se vê num clube com nações tão díspares.

De quebra, o Brasil conseguiu vetar o convite à Venezuela na definição da lista de 13 países a quem caberá a Rússia oferecer a parceria. O ditador Nicolás Maduro até fez uma visita surpresa à cúpula, onde foi recebido pelo Vladimir Putin, que deu apoio à pretensão do aliado, mas não conseguiu a vaga.

Com efeito, em seu discurso no encerramento da cúpula, Vieira defendeu os pontos usuais para reforçar a relevância do Brics, mas não citou a ampliação do time. Qualquer alteração na lista atual precisará ser pactuada com todos os membros do Brics (nove na prática).

Apesar de uma declaração final com terminologia vaga, algo que tende a aumentar o quão mais houve membros no Brics, na retórica a dupla China e Rússia se manteve na ofensiva.

Para Xi, o bloco “tem de liderar o processo de reforma da governança econômica global”. Há um consenso entre os integrantes do Brics de que o atual arcabouço que rege o sistema monetário do planeta, herdado da conferência de Bretton Woods (EUA) em 1944, está desatualizada.

Suas duas principais instituições, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, refletem o balanço de poder do pós-guerra, com predominância de americanos e europeus no seu comando. Mudar isso é um ponto em que Lula, Xi, Putin e os outros líderes do Brics concordam.

O presidente russo, por sua vez, deu um tom ainda mais político em sua fala na reunião final do chamado Brics+, uma versão com 26 convidados e a presença polêmica do secretário-geral da ONU, o português António Guterres —a Ucrânia diz que sua presença em um país em guerra sugere lado na disputa.

O Ocidente, diz Putin, “está usando a Ucrânia para infligir uma derrota estratégica à Rússia”. “Isso é ilusão”, afirmou. Ele defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, instância máxima da entidade, com maior representatividade do tal Sul Global.

O russo também voltou a criticar o regime de sanções aplicado pelos EUA e aliados contra Moscou, como punição pela invasão do vizinho em 2022. Para ele, é um “regime ilegal de manipulação de moedas”, um outro tema corrente no Brics: a tentativa de tirar do dólar a primazia nas transações comerciais entre países do grupo.

Apesar de este ser um problema muito russo, devido às sanções, Lula fez a mesma defesa em discurso na quarta (23). A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que lidera o banco dos Brics, deverá ser reconduzida ao cargo baseada na defesa desta mesma plataforma.

A prática, contudo, difere da realidade. A Índia virou, com a guerra e o fechamento de mercados à Rússia, grande compradora de petróleo do país de Putin. Os pagamentos são em sua maioria em moeda nacional, mas não é negócio para os russos ter o superávit de US$ 55 bilhões guardado em rupias indianas.

Isso gera um desequilíbrio ao fim, o que leva à especulação sobre a adoção de uma moeda como padrão para o comércio intra-Brics, restando saber qual. A ideia de substituir o sistema de pagamentos Swift é ainda mais complexa.

Outro ponto comum nas falas finais foi a condenação a Israel. Putin disse que o Oriente Médio está à beira de uma guerra total, e Vieira criticou a ação em Gaza, chamando-a de “genocídio do povo palestino”. Assoprou ao condenar o ataque terrorista do Hamas que iniciou o atual conflito, há pouco mais de um ano, mas logo virou-se contra “a reação desproporcional” do Estado judeu.

Largamente ausente dos debates oficiais, mas permeando as preocupações do grupo, está a eleição americana. Para diplomatas, a eventual volta de Donald Trump ao poder deverá acirrar ainda mais a Guerra Fria 2.0, de resto lançada pelo então presidente em 2017.



Leia Mais: Folha

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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.

“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”

Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu, nessa segunda-feira, 22, no gabinete da Reitoria, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Representando a liderança da entidade, esteve presente Letícia Holanda, responsável pelas relações institucionais. O encontro teve como foco a apresentação da agenda da UNE, que reúne propostas para o Congresso Nacional com a meta de ampliar os recursos destinados à educação na Lei Orçamentária Anual de 2026.

Entre as prioridades estão a recomposição orçamentária, o fortalecimento de políticas de permanência estudantil e o incentivo a novos investimentos. A iniciativa também busca articular essas demandas a pautas nacionais, como a efetivação do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB para a área e o uso de royalties do petróleo em medidas de justiça social.

“Estamos vivenciando um momento árduo, que pede coragem e compatibilidade. Viemos mostrar o que a UNE propõe para este novo ciclo, com foco em avançar cada vez mais nas políticas de permanência e assistência estudantil”, disse Letícia Holanda. Ela também destacou a importância da regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil, entre outras medidas, que, segundo a dirigente, precisam sair do papel e se traduzir em melhorias concretas no cotidiano das universidades.

Para o vice-presidente da UNE-AC, Rubisclei Júnior, a prioridade local é garantir a recomposição orçamentária das universidades. “Aqui no Acre, a universidade hoje só sobrevive graças às emendas. Isso é uma realidade”, afirmou, defendendo que o Ministério da Educação e o governo federal retomem o financiamento direto para assegurar mais bolsas e melhor infraestrutura.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Isaac Dayan Bastos da Silva; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarina Lima de Carvalho; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; representantes dos centros acadêmicos: Adsson Fernando da Silva Sousa (CA de Geografia); Raissa Brasil Tojal (CA de História); e Thais Gabriela Lebre de Souza (CA de Letras/Português).

 

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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Tomaz Silva / Agência Brasil

Pode não parecer, mas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro não se limitam só aos motoristas de carros e motos — na verdade, as normas incluem também a conduta dos ciclistas. Mesmo assim, a aplicação das penalidades ainda gera dúvidas.

Nem todos sabem, mas o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) descreve situações específicas em que ciclistas podem ser autuados, como pedalar em locais proibidos — o artigo 255 do CTB, por exemplo, diz que conduzir bicicleta em passeios sem permissão ou de forma agressiva configura infração média, com multa de R$ 130,16 e possibilidade de remoção da bicicleta.

Já o artigo 244 amplia as situações de infração para “ciclos”, nome dado à categoria que inclui bicicletas. Entre os exemplos estão transportar crianças sem segurança adequada, circular em vias de trânsito rápido e carregar passageiros fora do assento correto. Em casos mais graves, como manobras arriscadas ou malabarismos, a penalidade prevista é multa de R$ 293,47.

De fato, o CTB prevê punições para estas condutas, mas o mais curioso é que a aplicação dessas regras não está em vigor. Isso porque a Resolução 706/17, que estabelecia os procedimentos de autuação de ciclistas e pedestres, foi revogada pela norma 772/19.

Em outras palavras, estas infrações existem e, mesmo que um ciclista cometa alguma delas, não há hoje um mecanismo legal que permita a cobrança da multa.




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