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Códigos verdes ajudam a diminuir impacto ambiental de apps – 13/12/2024 – Mercado

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Vitor Hugo Batista

Criadores de sites, programas e aplicativos para aparelhos móveis e televisores têm adotado técnicas mais “limpas” na hora de criar os sistemas que serão utilizados por milhares de usuários. São práticas conhecidas como software verde, um conceito antigo, mas que tem ganhado força agora, especialmente entre empresas estrangeiras.

O objetivo é reduzir o custo ambiental crescente que surge com o uso das tecnologias da informação e sistemas de inteligência artificial (IA). Consultar o saldo bancário ou pedir ajuda a uma IA, por exemplo, consomem água e energia, um impacto que já tem sido calculado. Pedir entre 10 e 50 respostas do Chat GPT equivale a “beber” uma garrafa de 500 ml de água, segundo Shaolei Ren, professor associado da UC Riverside —sem falar dos bilhões de quilos de lixo eletrônico produzidos todo ano no mundo.

No Brasil, o movimento ainda é incipiente, devido à falta de investimentos e políticas públicas de incentivo, afirmam especialistas.

As técnicas de software verde envolvem a forma como os programadores escrevem as instruções —ou códigos— para que o computador, o celular ou a televisão possam realizar uma tarefa. Esses aparelhos são como um chefe de cozinha, que sabe seguir receitas detalhadas se escritas de uma forma que ele entende.

Há várias receitas para chegar no mesmo resultado. Algumas são simples e outras mais complexas, e vão demandar um esforço diferente do cozinheiro. Na programação, códigos simples exigem menos processamento, enquanto códigos complexos exigem mais.

Essa diferença afeta os servidores e data centers onde ficam guardadas as informações.

Quando processam códigos complexos, essas máquinas consomem mais energia e aquecem mais, podendo alcançar temperaturas de até 300°C (graus Celsius), o que exige resfriamento constante. Para evitar um superaquecimento, utiliza-se ar-condicionado para jogar ar frio sobre as máquinas, o que consome grandes quantidades de água.

Já códigos mais simples, que reduzem o tempo de processamento por serem mais objetivos e rápidos e consomem menos energia, evitam o aquecimento excessivo das máquinas, reduzindo também a necessidade de resfriamento e o consumo de água.

“O uso das imagens, dos vídeos, das fontes, das cores, tudo isso vai impactar em quanta energia vai ser requerida dos servidores. Como desenvolvedores, somos responsáveis em desenhar softwares que vão exigir menos consumo”, afirma Facundo Armas, diretor do Estúdio de Negócios Sustentáveis da Globant, setor especializado em sustentabilidade e tecnologia.

A empresa é responsável por pensar em soluções de TI e aplicativos para diversas marcas globais, como KFC, MCDonald’s, grupo Royal Caribbean, Avianca, Nissan e FIFA, além de streamings populares de séries e filmes.

Dos quase 30 mil funcionários, 13 mil já foram treinados em técnicas de TI verde para minimizar o impacto ambiental, abrangendo cinco módulos que incluem codificação, infraestrutura e interface do usuário, diz Facundo.

“A energia é limitada no mundo. Então, como eu consigo fazer um código mais eficiente que consuma menos energia? Se você tem essa consciência, você começa a pensar em estratégias de hackear o sistema para fazer algo da forma mais simplificada possível”, diz Kefreen Batista, vice-presidente de tecnologias da Globant Brasil.

VEJA COMO ESCOLHAS DO PROGRAMADOR REDUZEM CONSUMO DE ENERGIA

Algumas escolhas simples de codificação e design dos aplicativos já ajudam a reduzir o impacto energético do uso e, consequentemente, o consumo de água.

É o caso de fundos escuros nos apps. Cada pixel claro consome mais energia para se iluminar. Os pixels que mostram tons escuros, especialmente os pretos, praticamente desligam, o que mantém um consumo energético mais sustentável.

Imagens e vídeos consomem muito espaço e também exigem mais processamento para serem exibidos. Uma solução de software verde é desenvolver apps que fazem a compressão dos arquivos em tamanhos reduzidos.

Além disso, o aplicativo pode exibir essas mídias em baixa resolução e aumentar a qualidade somente se o usuário escolher visualizar a imagem ampliada. Além de economizar energia, reduz o uso de dados.

Nos aplicativos de bancos, por exemplo, o botão de consulta de saldo, que exige um toque do usuário para ser ativado, evita consultas automáticas desnecessárias. É uma maneira de reduzir o impacto energético de algo que muitos usuários talvez nem queiram consultar toda vez que acessam o aplicativo, porque, apenas para exibir o saldo, o app precisa acessar dois computadores bancários de alto desempenho (mainframes).

No caso de sistemas que geram registros de atividade ou criam novas versões de arquivos, os dados podem se acumular e ocupar muito espaço de armazenamento, além de exigir mais processamento para organizar ou encontrar as informações relevantes. Um design de programação sustentável pode suprimir registros desnecessários e eliminar versões redundantes para contornar esse problema.

ADOÇÃO DE CÓDIGOS VERDES AINDA ENGATINHA NO BRASIL

Segundo Danielle Costa, professora e pesquisadora em tecnologia, banco de dados e ciência de dados na UFPA (Universidade Federal do Pará), pouquíssimas empresas adotam práticas de sustentabilidade no Brasil —atitude mais comum entre as multinacionais com sede no país, caso da Globant, de origem argentina.

Em suas pesquisas de mestrado e doutorado, Costa concluiu que grandes empresas brasileiras de tecnologia ainda estão longe de implementar indicadores de sustentabilidade, algo comum entre as estrangeiras. Para a pesquisadora, a demanda por práticas sustentáveis no país deve vir do mercado e dos investidores, como ocorreu no exterior.

“O ESG [sigla em inglês para ambiental, social e governança] só ganhou força quando grandes investidores passaram a exigir indicadores sustentáveis para investir. As mudanças só ocorrem quando o impacto financeiro é sentido”, afirma.

A pesquisa “Maturidade ESG nas empresas brasileiras 2024,” encomendada pela Beon ESG, Nexus e Aberje, revela que 51% das empresas de médio e grande porte no Brasil adotam práticas sustentáveis, um aumento de 14 pontos percentuais desde 2021.

A doutora em engenharia da computação e sistemas digitais pela USP (Universidade de São Paulo) e especialista em sustentabilidade e inovações tecnológicas, Márcia Machado, considera que a adoção dessas práticas não deve ser apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente.

“Não é apenas um detalhezinho, não é só o design. Estamos falando de um desenho de aplicativo, software e sistema voltados para a sustentabilidade. É algo bastante importante diante do contexto climático que estamos vivendo”, afirma.

Marco Konopacki, hackerativista e doutor em ciência política na área de inovações democráticas pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), avalia as técnicas de software verde como passos “louváveis” para conscientizar sobre o uso dos recursos finitos do planeta.

“Se aplicadas em larga escala, o impacto sobre os recursos é ainda mais relevante”, afirma.

Apesar dos códigos verdes ajudarem a mitigar o impacto ambiental, isoladamente, são insuficientes para enfrentar o problema, de acordo com Costa, da UFPA. Para ela, a responsabilidade deve ser compartilhada entre empresas e consumidores.

“Esse consumo digital excessivo é um fenômeno global. As pessoas precisam repensar os hábitos e se conscientizar do impacto que geram. No caso das empresas, se não houver política pública e fiscalização, as práticas sustentáveis não vão ser priorizadas, porque é muito confortável para elas se manterem do que jeito que estão”, diz.

Costa acredita que políticas públicas são necessárias para garantir mudanças reais, especialmente em regiões onde o mercado e os investidores não atuam com tanta força, como na Amazônia. “Esses investidores não chegam nesses lugares”, diz, referindo-se à ausência de fiscalização e incentivos nas áreas remotas.

Ela observa ainda que, no Brasil, muitas práticas de ESG ainda são “marketagem”, onde empresas divulgam ações sustentáveis mais para a imagem pública do que por compromisso ambiental, prática conhecida como “greenwashing”.

Konopacki defende ainda a implementação de incentivos tanto positivos, que recompensam práticas sustentáveis adotadas pelas empresas, e negativos, como multas e penalizações para as que não se adequam às práticas.



Leia Mais: Folha

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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