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Como a ‘cozinha de Frankfurt’ desencadeou uma revolução doméstica – DW – 27/12/2024

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“Se eu soubesse que teria que falar sobre essa maldita cozinha pelo resto da minha vida, nunca a teria construído!” disse Margarete Schütte-Lihotzky, de 100 anos, em uma entrevista em 1998.

O cozinha ela projetou na década de 1920, reescreveu a história da arquitetura e revolucionou a vida dos moradores de habitações públicas ao criar um espaço culinário recém-funcional e equipado.

Apelidada de “cozinha de Frankfurt”, Schütte-Lihotzky criou uma peça de arquitetura social pioneira que define as cozinhas até hoje.

A estilista também foi ativista dos direitos das mulheres e foi celebrada como uma heroína da resistência contra o Ditadura nazista.

Margarete, que morreu em 2000, aos 103 anos, teve como objetivo melhorar a vida de outras pessoas através do seu trabalho ao longo da vida.

Uma mulher mais velha usa óculos, um suéter verde e uma gravata colorida
Margarete Schütte-Lihotzky foi uma pioneira da arquitetura com consciênciaImagem: Ulrich Schnarr/dpa/picture Alliance

Mudando a vida da classe trabalhadora com arquitetura

Schütte-Lihotzky atingiu a maioridade durante o pico da industrialização, uma época de mudança demográfica do campo para as cidades, à medida que as pessoas procuravam trabalho em novas fábricas.

Mas as condições de vida nos bairros superlotados e da classe trabalhadora das cidades em Weimar Alemanha e a Áustria, como Berlim, Frankfurt e Viena, foram por vezes caracterizadas por doenças, pobreza e falta de higiene.

Quando jovem estudante de arquitetura vienense, Schütte-Lihotzky tinha uma perspectiva única sobre as lutas das famílias trabalhadoras em cortiços superlotados.

Em 1917, ela fazia pesquisas para um concurso de arquitetura e projetou um conjunto habitacional baseado nas necessidades práticas dos moradores, incluindo mais ar e luz.

Adotando a ideia de que “a forma segue a função”, Schütte-Lihotzky afastou-se dos estilos arquitetônicos decorativos do século passado e abraçou a funcionalidade da “Nova Objetividade”.

Para ela, a arquitetura era um antídoto para os problemas sociais. Essa atitude foi amplamente influenciada por sua formação.

Uma cozinha básica equipada com armários e utensílios
O design da cozinha de Frankfurt que ainda define os espaços culinários um século depoisImagem: aliança dpa/image

Da habitação ao design da cozinha

Nascido em uma família intelectual vienense de classe média em 1897, a infância de Schütte-Lihotzky foi caracterizada pela arte e pela cultura, bem como pela política.

Sua mãe estava envolvida com a cena artística vienense e com círculos pacifistas e feministas. Quando criança, Margarethe sabia que era relativamente privilegiada, o que moldou a sua compreensão do design e da arquitetura e a sua decisão de trabalhar em projetos de habitação social.

Após a Primeira Guerra Mundial, a habitação era urgentemente necessária numa Europa devastada. Novos conjuntos habitacionais com habitação social foram construídos de forma rápida e barata para a crescente classe trabalhadora – e para aqueles que perderam as suas casas na guerra.

O diretor de construção Ernst May lançou o programa habitacional “Nova Frankfurt” em Frankfurt am Main. Seu objetivo era eliminar a escassez de habitação em 10 anos.

May contratou Schütte-Lihotzky para projetar uma cozinha adequada para os complexos residenciais. Esta cozinha foi criada para aproveitar ao máximo o espaço limitado dos novos edifícios e melhorar a vida quotidiana dos residentes.

O jovem arquiteto começou a trabalhar: quantos passos o usuário da cozinha precisa realizar para ir de A a B? Como eles se movem? Onde estão melhor colocados os utensílios de cozinha? Como cuidar das crianças enquanto trabalha na cozinha?

Duas fileiras de rampas de alumínio para cozinhar ingredientes.
As calhas de alumínio para cozinhar ingredientes tipificam a alta funcionalidade do design Margarete Schütte-LihotzkyImagem: Fabian Sommer/dpa/picture Alliance

O alvorecer da moderna cozinha ‘equipada’

O resultado foi uma sala com cerca de 3,5 metros (11,4 pés) de comprimento e 2 metros (6,5 pés) de largura, com portas de vidro deslizantes que permitiam a vista para a sala e uma grande janela para deixar entrar luz.

A cozinha foi equipada com armários do chão ao teto, bancada, lava-loiça com escorredor, gavetas para resíduos de cozinha e calhas de alumínio para os ingredientes mais essenciais à cozinha.

Os módulos individuais deveriam ser fabricados industrialmente em grande número à medida que novos blocos de apartamentos fossem construídos em Frankfurt.

Para dissipar o ceticismo inicial sobre este novo tipo de cozinha, Ernst May promoveu a invenção de Margarete como “construída por uma mulher para mulheres”.

Nasceu a “cozinha Frankfurt” que revolucionou o trabalho doméstico.

No entanto, o crescente movimento feminista da época criticava a ideia de que as mulheres realizavam todo o trabalho doméstico na cozinha. A acusação era que a eficiência desta cozinha apenas aproximava ainda mais as mulheres do fogão.

No entanto, a intenção de Schütte-Lihotzky era aliviar o fardo que recai sobre mulheres com esta cozinha.

Quebrando o teto de vidro – Mulheres na arquitetura

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Resistência contra os nazistas

Apesar das críticas, a Cozinha Frankfurt foi um sucesso.

Chegaram encomendas de todo o mundo: só o Ministro do Trabalho francês queria 260.000 unidades instaladas.

Apesar do reconhecimento internacional, o jovem designer sentiu-se incompreendido e queria principalmente melhorar a vida da classe trabalhadora.

Isso quase se tornou sua ruína durante a era nazista. Após a anexação da Áustria à Alemanha nazista, ela lutou clandestinamente contra o Nazistas como comunista. Ela foi presa e escapou por pouco da execução.

Após a Segunda Guerra Mundial, Margarete Schütte-Lihotzky envolveu-se no movimento pela paz e pelos direitos das mulheres. Ela deu palestras, orientou jovens arquitetas e construiu apartamentos e jardins de infância na Alemanha Ocidental, Rússia, Cuba e Alemanha Oriental.

Conjuntos habitacionais modernistas de Berlim

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Editado por: Sarah Hucal



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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