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Como foram dias finais de Antonio Cicero antes de suicídio – 20/12/2024 – Ilustríssima

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Claudio Leal

[RESUMO] Em 23 de outubro, Antonio Cicero morreu na Suíça após passar por procedimento de suicídio assistido. Dois dias antes, aparentando calma, trocou e-mails com amigos, que desconheciam seus planos, deixou mensagens aos mais íntimos que deveriam ser enviadas após sua morte, aprovou a capa de seu último livro e contou sua decisão à irmã, a cantora Marina Lima. No texto a seguir, repórter relata os meses finais do poeta, do diagnóstico de Alzheimer à última viagem a Paris com o marido, antes do desembarque final em Zurique.

Quinze meses depois do diagnóstico de Alzheimer, o poeta Antonio Cicero se hospedou em um hotel a 20 minutos de carro de Zurique e a quatro minutos a pé da Dignitas. A associação auxiliaria seu suicídio assistido. Na Suíça, em 21 de outubro, ele não dramatizava a finitude nas conversas com seu marido, o figurinista Marcelo Pies. À noite, um médico entrou em seu quarto, explicou o procedimento e perguntou se ele estava convicto da decisão. Sem recuo.

A visita médica se repetiu na noite seguinte. Cicero prosseguia calmo e alheio à própria morte, atento aos e-mails. Preocupado com o susto posterior dos correspondentes, Marcelo pediu que ele esquecesse as mensagens. Os amigos desconheciam seus planos. “Vou responder”, discordou o poeta.

Na tela, o compositor Orlando Morais lhe propunha um encontro. E sua editora na Companhia das Letras, a poeta Alice Sant’Anna, pedia a aprovação da capa do livro de ensaios “O Eterno Agora”, a ser lançado dali a dois meses.

No rascunho do e-mail, ele arquivara mensagens de despedida aos mais íntimos, acrescidas de dois anexos: uma apresentação de seu quadro clínico e uma defesa do suicídio assistido.

“Encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo”, escreveu.

Marcelo se encarregou de enviar os e-mails depois do desenlace. No bilhete para o artista plástico Luciano Figueiredo, Cicero expressou afeto e um desejo: “Admiro imensamente a sua obra e lamento muito a estupidez da crítica que não a reconhece como uma das maiores do mundo contemporâneo. Creio, porém, que, dentro de não muito tempo, ela será certamente reconhecida”.

Aconselhado pelo marido, ele aceitou telefonar para sua irmã e parceira artística, a cantora Marina Lima, informada sem volteios sobre a iminência da morte assistida na organização suíça, escolhida por aceitar estrangeiros. Marina chorou na linha, mas apoiou o irmão, e deu-lhe adeus.

Cicero e Marcelo caminharam até uma pequena casa da Dignitas na manhã de 23 de outubro. Duas mulheres acolheram o poeta. Dado a escolher entre uma poltrona e uma cama, ele preferiu a segunda, e o encosto da cabeça foi erguido.

Para evitar mal-estar no estômago, Cicero tomou um pequeno copo de líquido transparente. Pouco depois, ingeriu o segundo, dessa vez com a substância letal e indutora do coma, igualmente límpida. Em 15 minutos, adormeceu. O encosto do leito foi descido. Mais 20 minutos, e Cicero estava morto, aos 79 anos. Marcelo segurava as suas mãos.

Antonio Cicero tinha 24 anos ao mudar-se para Londres, em 1969. Os estudos de filosofia no University College teriam menos impacto mental do que as visitas aos tropicalistas exilados no bairro de Chelsea. Caetano Veloso era casado com Dedé e Gilberto Gil com Sandra, suas primas baianas.

Cicero entregou a Dedé queijos franceses e uma carta de recomendação da avó, o passe para as conversas noturnas. O estudante especializado em filosofia analítica e lógica ingressou em sua primeira experiência contracultural, seduzido pela inteligência sem hierarquias de Caetano, homem de equivalentes paixões por temas eruditos e populares.

Em 1975, Marina Lima musicou seu poema “Alma Caiada” e o levou a uma segunda abertura de sensibilidade. Elevada a estrela da música popular, a irmã deu uma dimensão pop ao professor de filosofia. O álbum “Fullgás”, de 1984, ampliou o alcance de suas ideias na imprensa e instaurou a complexidade da figura de intelectual tripartido. Poeta, letrista e ensaísta.

Aos 49 anos, Cicero estreou em livro com o ensaio “O Mundo Desde o Fim” (1995), densa reflexão sobre a modernidade, e só então passou aos volumes de poemas “Guardar” (1996), “A Cidade e os Livros” (2002) e “Porventura” (2012). Por insistência de Marcelo, incluiu algumas canções em “Guardar”, mas insistiu em arguir as diferenças entre letras e poemas.

A influência intelectual de Cicero se expandiu ao longo de três décadas. “Ele começou a falar que as vanguardas acabaram porque cumpriram a sua função”, lembrou Adriana Calcanhotto, sua parceira na canção “Inverno”. “Naquela época, no final dos anos 1990, ele tinha essas ideias originais: o que a gente pode fazer hoje, tanto faz a forma, é uma conquista das vanguardas. Então, as vanguardas conseguiram o que pretendiam e, por isso, não precisam mais existir. Naquela hora isso era um susto. O pensamento dele sempre foi muito avançado.”

“Cicero era a versão oposta do Waly Salomão. Por isso que eles andavam colados, sempre discutindo. Cicero queria uma forma dada. E não importava que não fosse fixa. A melodia dava a forma. Ele vinha com a letra e mostrava muitas vezes cantando a melodia em cima. Ele cantava a melodia exata, com os acentos, a prosódia. Fazia mapas para trabalhar isso. Numa época, falou que ia aprender a ler música. Pra ele, era como aprender grego, russo, latim ou alemão”, ela disse.

O poeta Régis Bonvicino considera-o “uma das poucas figuras ímpares dessas últimas décadas” na cultura brasileira. “Embora chegasse a distinguir, Antonio Cicero não distinguia na prática entre poema para a página e a letra de canção. Portanto, não acho que tenha sido um poeta de apenas três livros. Aliás, para mim, seu trabalho de maior efeito foi o realizado em parceria com Marina Lima nos anos 1980, especialmente no álbum ‘Fullgás’.”

“O conjunto da obra poética de Cicero vivia esse e desse embate entre o informal e o mais formal. As letras eram muitas vezes colagens fragmentárias, e os poemas eram feitos com frases subordinadas. Cicero, um homem erudito, sofreu o impacto da brilhante geração dos anos 1960, que deu outro status às letras de música. Difícil para a geração dele não admirar Caetano Veloso e Chico Buarque. Mas, ao mesmo tempo, ‘ou quem sabe, Yeats numa tarde/ feito esta, tão vadia, / possa a leitura de tua/ poesia, pura Musa,/ inspirar minha arte’”, citou Bonvicino, referindo-se ao poema “Auden e Yeats”, de Cicero.

As musas da grande poesia não impediram sua retração na escrita. Passada a pandemia, em março de 2022, ao jantarmos com Luciano Figueiredo na churrascaria Majórica, no Flamengo, Cicero transmitiu inquietude. “Faz três anos que não consigo escrever nenhum poema. ‘Brasileiro Profundo’ foi o último.”

Na mesa, abastecido por chopes, recitou a cria mais recente, musicada por Arthur Nogueira: “Um brasileiro profundo é o que sou/ Tenho em mim todas as raças e nenhuma/ Tenho em mim todos os sexos e nenhum/ Tenho em mim todos os deuses e nenhum”. “Uma síntese do que sou”, acrescentou.

Outra vez, lamentou o bloqueio criativo. “Em parte, atribuo a minha depressão à decadência cultural do Rio. Prometi um livro de filosofia à minha editora, mas até agora não consegui escrever nada. Não sei por quê. Eu vejo também uma crise da filosofia. Continuo a acompanhar os debates filosóficos, os novos livros, e sinto que não houve nada de novo nos últimos anos. Wittgenstein e Heidegger foram os últimos filósofos que me estimularam. E não houve grandes contribuições depois do que surgiu no pós-guerra, com Sartre e o existencialismo.”

Seus gestos discretos enfatizavam a elegância verbal. Naquela semana, Figueiredo restaurara seu trabalho “Gaiologia D’Antonio Cicero”, de 1983. O retrato poético-visual reúne frases escolhidas por Cicero, tais como “bobagens meu filho bobagens”; “as coisas choram”; “nascido para ver, disposto a olhar”; “a morte vem do azul”; e “maybe sunday, maybe monday, maybe not”.

Dois perfis foram pintados a partir de fotos polaroides feitas por Jorge Salomão. Outro elemento da obra de Figueiredo é a capa do livro “Mirskontsa” (1912), da artista russa Natalia Goncharova (em inglês, “Worldbackwards”). Cicero sugeriu que a tradução do russo para o português fosse “O Mundo Desde o Fim”. Só depois julgaria que “O Mundo de Trás para a Frente” era mais adequado.

Caetano viu o título no quadro pendurado na parede do poeta e decidiu citá-lo na canção “Os Outros Românticos”, de 1989: “Anjos sobre Berlim/ ‘O Mundo Desde o Fim’”. O livro com o mesmo nome surgiria seis anos depois, excitando as ideias políticas de Caetano nos anos 1990. No diálogo com o compositor, a ideia de uma morte lúcida era especulada. “Se eu não tiver condições de ter uma vida plena, prefiro não viver”, ele repetia desde a juventude.

Na virada de 2022 para 2023, as falhas de memória e os longos silêncios de Cicero seriam recorrentes. Em março, num restaurante do Leblon, após um show de José Miguel Wisnik, recobrou o ânimo ao falar de caminhadas em Paris, sobretudo nos redutos das vanguardas das décadas de 1920 e 1930. Nessa altura da conversa, Caetano regressou à mesa. Cicero disse com bom-humor ao amigo pouco eletrizado pela mística parisiense: “Você foi ao banheiro na hora certa. Eu estava aqui falando de Paris. Mas, não se preocupe. Já acabei”.

Incentivado por Arthur Nogueira, Mariano Marovatto e Omar Salomão, Cicero propôs a edição de sua poesia reunida à Companhia das Letras, no início de 2023. Mais à frente, manifestou o desejo de antecipar uma seleta de ensaios e escolheu os textos para os ciclos de conferências do professor Adauto Novaes. Alice Sant’Anna pinçou o título “O Eterno Agora” no ensaio “A Sedução Relativa”.

A poesia completa de Cicero, incorporando uma dezena de letras, vai sair no meio de 2025. “Autorretrato”, um dos cinco inéditos, foi encontrado por Marcelo em uma cópia impressa:

Ontem perdi uma carteira

sem dinheiro.

Tinha só um documento

estrangeiro

e em certo compartimento

separado

meu retrato carimbado

de estudante:

passageiro equivocado

de um momento passageiro,

já distante

e agora sempre passado.

Continuo a ser errante,

mas mais lento

sem o olhar do menino,

sem destino.

Ele reiterava o desejo de ser mais reconhecido como ensaísta de filosofia. Apesar das tentativas, a ideia de um ensaio extenso empacou nos esboços. “Na pandemia, Cicero quis escrever, mas repetia que o mundo estava mal. A conclusão era pessimista, como se não tivesse mais nada original em filosofia”, contou Marcelo, em nosso encontro no Rio.

Em julho de 2023, o geriatra do escritor diagnosticou a doença de Alzheimer. Cicero manifestou o desejo de fazer “eutanásia” (usava este termo) na Dignitas, uma sociedade sem fins lucrativos defensora do direito de morrer em caso de adoecimento grave ou terminal, sob o amparo da legislação suíça.

Criada em 1998, ela se dedica ainda à prevenção de tentativas de suicídio. Mesmo antes do Alzheimer e de qualquer internação, Cicero se posicionava a favor da eutanásia e cogitava o suicídio assistido se sua saúde declinasse.

O poeta não tardou a enviar para a Dignitas os resultados dos exames solicitados. De início, pagou 4.000 euros (cerca de R$ 26 mil) para iniciar as análises médicas, cuidando um a um de todos os pedidos, à exceção da tradução juramentada, contratada pelo marido. Os médicos em Zurique pediram novos exames cerebrais. Em algumas noites, Cicero lastimava a demora: “Queria que fosse hoje”.

“Ele não perdeu a lucidez até o final. Temia a virada de uma chave e a perda da lucidez. Por isso tinha pressa”, disse Marcelo.

Em abril de 2024, o poeta soube que seus documentos eram válidos e declarou que gostaria de viajar para a Suíça em agosto. Envolvido com o figurino da série “Ângela Diniz: O Crime da Praia dos Ossos”, o marido sugeriu o mês de outubro. Cicero ficou contrariado, mas aceitou. Segundo o acordo, ele seria cremado e suas cinzas espargidas em Zurique.

Marcelo foi o pilar amoroso de Cicero desde 1984, com solidez psicológica suficiente para ampará-lo durante o processo. “O último capítulo do Cicero se dá na medida em que ele tem Marcelo, meu melhor amigo, pra estar junto com ele”, me disse Adriana Calcanhotto.

Em sua preparação para a perda, Marcelo viu sozinho o documentário “Terry Pratchett: Choosing to Die” (2011), de Charlie Russell, que acompanhou um caso de morte assistida na Dignitas. “Não foi uma surpresa por causa desse filme”, contou Marcelo.

Cicero evitou despedidas, gravou seus poemas em estúdio e manteve as três saídas semanais para o Bar Lagoa ou a Majórica, sem faltar às sessões na Academia Brasileira de Letras (ABL), onde o então ocupante da cadeira 27 leu seus poemas em julho.

“O que eu penso desse país ou o que penso que devia ser o mundo, em certo sentido, se encontra na minha poesia. É melhor do que eu fazer uma definição conceitual, que seria impossível”, ele respondeu ao romancista Antonio Torres, que elogiou seu verso “você me abre seus braços/ e a gente faz um país”.

Em casa, como fazia há muitos anos, dedicava meia hora diária ao estudo de dicionários de alemão e grego arcaico. Num chope com Khalid Salomão, filho de seu amigo Waly, gargalhou ao ser desafiado a traduzir frases definidas pelo ChatGPT nessas línguas. Em 6 de outubro, em seu aniversário, reuniu poucos amigos no restaurante D’Amici, no Leme. Transpareceu mais alegria.

Perto da viagem, Cicero depositou o segundo pagamento (7.000 mil euros, quase R$ 45,5 mil) para a Dignitas, que exigiu um exame de lucidez 15 dias antes de sua chegada a Zurique. Por insistência de Marcelo, em vez de irem direto para a Suíça, passaram três dias em Paris. Foi a única despedida organizada.

Em 19 de outubro, o casal deixou as malas no Hotel des Deux Continents, na rue Jacob, em Saint-Germain-des-Prés, e caminhou até o restaurante L’Atelier, do chef Joël Robuchon. No boulevard Saint-Germain, Marcelo olhou para Cicero e percebeu uma transfiguração. Ele sorria enquanto contemplava a cidade.

Na curta estadia, foram aos restaurantes La Coupole e Georges, este no alto do Centro Georges Pompidou, onde viram um pedaço da exposição “Surrealismo”, comemorativa do centenário do movimento. “Estou cansado, vamos voltar”, pediu Cicero, na sala superlotada.

O roteiro abrangeu uma visita à Sainte-Chapelle, na Île de la Cité, preservando o ritual de todas as viagens à França. A capela gótica era uma paixão do pai do poeta. Do Gênesis a uma rosácea do apocalipse, as 1.113 cenas dos vitrais remontam a passagens bíblicas. O tempo cinzento de Paris não impediu a incidência de luz nos vitrais, e a profusão de azul e vermelho se repetiu.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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