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Como um novo Ideb pode promover a equidade na educação – 19/11/2024 – Políticas e Justiça

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Criado em 2007 para acompanhar as metas da educação brasileira, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) se tornou um dos indicadores mais acompanhados e discutidos no Brasil. Jornalistas, secretários e prefeitos se debruçam intensamente a cada dois anos sobre os resultados, comparando desempenhos, estudando a evolução e comemorando ou lamentando estatísticas.

O segredo do Ideb está na simplicidade. Calculado em uma escala de 0 a 10, o índice usa uma fórmula que combina duas dimensões fundamentais dos resultados escolares: o rendimento (medido pela taxa de aprovação) e a proficiência (calculado a partir da média em matemática e português no Sistema de Avaliação da Educação Básica).

Em que pese o seu sucesso, o momento é propício para repensar essa ferramenta. As metas do Ideb no formato atual terminaram em 2021, e a oportunidade está colocada para melhorias que ajudem a refinar o índice.

Em especial, para que dê conta de uma lacuna em seu desenho: a falta de indicadores de desigualdade educacional. Acredito que existem três dimensões importantes em que uma revisão do Ideb poderia contribuir para mensurar e atuar sobre isso.

A primeira diz respeito à proficiência ser calculada pela média dos resultados dos estudantes, o que faz com que, no Ideb, um aluno avançado “compense” o resultado de outro que não aprendeu. Do ponto de vista do direito à educação, isso não faz sentido: os direitos de aprendizagem são iguais para todos.

Uma alternativa interessante seria medir por faixas de desempenho —avançado, adequado, básico e abaixo do básico, por exemplo. Nesse modelo, em vez de calcular a proficiência pela média dos alunos, o valor seria calculado atribuindo pesos à proporção de alunos em cada uma das faixas. Esse ajuste evitaria que muitas redes de ensino pudessem avançar significativamente no Ideb mantendo ainda um contingente relevante de estudantes abaixo dos níveis adequados.

O segundo aspecto se refere ao indicador de rendimento, ou fluxo escolar. O Ideb acerta ao apostar em uma combinação de proficiência e rendimento, pois com isso pode evitar que escolas alcancem artificialmente boas médias por meio da reprovação e exclusão de alunos com piores resultados. Mas a maneira pela qual o Ideb mede o rendimento —penalizando as redes pelos alunos reprovados e que abandonam os estudos durante o ano letivo— é incompleta, pois deixa de fora a evasão.

Esse é um cálculo possível —o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) possui séries históricas das taxas de transição na educação básica— e que, se incorporado ao índice, criaria incentivos para que as redes de ensino promovam trajetórias educacionais mais regulares.

Por fim, redes que têm o mesmo Ideb podem apresentar realidades distintas, incluindo desigualdade entre estudantes por questões de gênero, raça ou nível socioeconômico. Incluir essas variáveis no Ideb não é impossível, mas poderia tornar o cálculo complexo demais e de difícil interpretação.

Uma solução simples seria um compromisso do Inep em sempre divulgar o Ideb acompanhado de indicadores de desigualdade, que apontassem, para cada rede de ensino, o tamanho da diferença dos resultados segundo esses marcadores, inclusive por uma lógica interseccional.

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço “Políticas e Justiça” da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Daniel De Bonis foi “Pan y Leche”, de Maurício Pereira.


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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.

 



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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.

“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.

Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”

O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.

Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.

À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.

Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.

 



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