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Como um sucesso de TV gera debate sobre ter muitos filhos – 01/01/2025 – Mundo

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7 meses atrásem
Ruth Maclean
Seis irmãos se aglomeraram em volta de um pequeno aparelho de televisão em sua modesta casa de cimento. Como famílias em todo o norte da Nigéria, os Sani estavam esperando a noite de quinta-feira para assistir ao último episódio de seu programa favorito, um drama de comédia chamado “Gidan Badamasi”.
Todos estavam falando sobre o programa em Kano, a segunda maior cidade da Nigéria, onde crianças se sentam nas calçadas todas as tardes para estudar o Alcorão.
E quase todo mundo conhecia alguém como o protagonista descuidado do programa: um rico divorciado em série que teve 20 esposas e tantos filhos que perdeu a conta —e era tão mesquinho que se recusava a sustentá-los.
Na Nigéria, o tema das consequências de ter muitos filhos é relevante devido ao boom de bebês na África. Isso gera oportunidades e desafios para educar e empregar essa população crescente.
Muitas mulheres africanas têm mais filhos do que em outros continentes. Na Nigéria, elas têm em média mais de cinco filhos, enquanto as americanas e europeias têm cerca de 1,5 filho, e chinesas ainda menos. E o progresso recente na diminuição da mortalidade infantil na África significa que mais crianças sobrevivem até a idade adulta.
Lá Fora
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A taxa de natalidade na África também está decaindo. Foi uma queda de cerca de 38% nos últimos 60 anos. Isso se deve em grande parte à educação, economia e mudanças de atitude em relação ao tamanho da família, efeito de conversas motivadas por programas como “Gidan Badamasi”, um dos maiores sucessos dos últimos anos no principal canal de televisão em língua haúsa.
“É um hábito muito ruim, criar filhos que não podem sustentar”, disse Sani Ibrahim, 53, diretor de escola e pai dos seis irmãos que riem enquanto assistem ao programa no sofá. Eles fazem um som de reprovação para o personagem principal.
O assunto não era estranho, Sani admitiu. Ele veio de uma família grande, e queria ter três filhos no máximo. Culpou sua esposa por ter seis.
Contando os centavos e os bebês
O norte e sul da África registraram diminuições nas taxas de natalidade, enquanto outras regiões mantiveram a alta fertilidade. No Quênia e no Maláui, por exemplo, a média de filhos por mulher caiu de mais de 7 para 3,4 e 3,7, respectivamente, em quatro décadas.
A queda nas taxas de natalidade ocorreu com a maior disponibilidade de contraceptivos, educação feminina e incentivos governamentais para ter menos filhos.
Mesmo em lugares como Kano, lar da família Sani, mudanças estão acontecendo. Nessa cidade religiosamente conservadora, famílias grandes são consideradas uma bênção e uma aposta sensata para garantir cuidados na velhice. Mas para muitos em Kano —e em toda a África— o cálculo econômico e social está mudando.
Famílias que antes viviam em grandes propriedades rurais passaram a morar em casas menores em áreas urbanas. A mortalidade infantil caiu. Contraceptivos estão mais disponíveis e menos controversos. A educação, agora acessível e desejada, especialmente para meninas, ajuda a reduzir as taxas de natalidade.
Enquanto as crianças assistiam ao protagonista do programa flertar com sua última esposa de 22 anos na tela naquela noite de quinta, Sani e sua esposa, Fatima Ado Saleh, 37, ficavam no pequeno pátio do lado de fora, ansiosos com as finanças da família sob séria pressão.
Sani passava seus dias ensinando as crianças dos outros, mas não podia pagar mensalidades escolares para os seus filhos. Ele mal podia pagar um saco de arroz com seu salário mensal. O aluguel anual estava quase vencendo.
Educação
As irmãs Saratu e Juwairiyyah —conhecidas pelos apelidos de Baby e Nana, 16 e 14 anos—, vivem em Kano, onde enfrentam dificuldades, como a falta de água encanada.
Baby, uma aluna dedicada, estuda em uma boa escola particular, enquanto Nana frequenta uma instituição de qualidade inferior, embora sua família faça sacrifícios financeiros para mantê-la lá. Ambas são muito inteligentes, mas têm oportunidades diferentes devido às dificuldades financeiras da família.
“É óbvio que a inteligência de Nana está se deteriorando porque não posso pagar uma boa escola para ela”, disse Sani, abraçando Asma’u, então com 2 anos. E depois de Baby e Nana, havia mais quatro crianças para educar.
Descobrindo o controle de natalidade
O problema, na visão de Sani, eram as amigas de sua mulher. Ele suspeitava que elas tinham a visão tradicional de que a contracepção moderna era ruim e que a influenciavam.
Clínicas com pílulas, preservativos, implantes e injeções gratuitas —grande parte financiada por organizações internacionais— estão presentes na maioria dos bairros de Kano. Mas um tabu em torno da contracepção persiste.
Muitos acreditam que seu uso é anti-islâmico —apesar de clérigos de Kano darem garantias, em entrevistas, de que trata-se de algo perfeitamente aceitável. Apesar de todos os contraceptivos gratuitos, nem sempre é fácil para as mulheres obtê-los.
Em uma clínica deteriorada no bairro de Fatima, Halima Umar Baba, que atua com planejamento familiar, disse que mulheres iam para suas casas para obter a permissão de seus maridos antes de retirar os contraceptivos. Se fossem solteiras, a resposta era não. Mas Baba agora ajuda mulheres a evitar gravidez, com contraceptivos injetáveis, muitas vezes em segredo.
Influenciadores da fertilidade
Na sexta à noite, o líder religioso Goni Auwal Alhassan e clérigos participaram de um programa na Rádio Aminci. Eles aconselharam os noivos sobre paternidade. O tamanho da família é um tema frequente entre a liderança de Kano.
“Não se trata do número”, disse Salisu al Hassan, um dos clérigos. Muitos, incluindo os criadores de “Gidan Badamasi”, discordam. Em uma entrevista em um hotel de Kano, o principal escritor do programa, Nazir Adam Salih, disse que havia uma visão generalizada de que as pessoas estavam tendo muitos filhos para o próprio bem delas e da sociedade.
“Gidan Badamasi” teve um efeito “massivo, instantâneo”, iniciando conversas sobre a diminuição do tamanho da família. O programa teve sucesso, disse, numa área em que muitas organizações internacionais falharam.
O lugar de uma mulher
Baby e Nana sussurravam enquanto assistiam a estrela de “Gidan Badamasi” se enfurecer com seu mais recente interesse amoroso. “Ele descobriu que ela tinha seis filhos, então agora ele não quer mais se casar com ela”, disse Baby.
Fatima foi colocar Asma’u para dormir e perdeu a maior parte do episódio de “Gidan Badamasi”, mas sabia que as filhas a atualizariam. A energia acabou. As crianças se espalharam pelo pátio escuro e voltaram a seus deveres de casa, escrevendo à luz de um celular. Quando a energia voltou, Alhaji Badamasi havia abandonado sua nova esposa.
Antes de se casar, Fatima queria ser enfermeira, mas dependia do pai e depois do marido, ambos não a apoiavam. Mas ela disse que “as coisas mudaram”. Muitas famílias estão reconsiderando o lugar das mulheres na sociedade, especialmente à medida que elas conseguem emprego e ajudam a pagar despesas domésticas crescentes.
Muitas amigas de Baby na escola estão se casando. Mas ela quer se formar médica primeiro. Fatima também quer isso, e quer que Nana se torne enfermeira, realizando seu próprio sonho.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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2 meses atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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2 meses atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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2 meses atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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