NOSSAS REDES

MUNDO

Entenda como é a rotina de quem vive com discalculia – 16/10/2024 – Equilíbrio

PUBLICADO

em

Rone Carvalho

A incapacidade de ver a hora no relógio de ponteiro, de contar certo o troco do supermercado e de decorar o próprio número de telefone levaram a psicóloga Larissa Pessoa a descobrir que sua dificuldade com os números, a qual acreditava ser comum, era, na verdade, um transtorno de aprendizado.

Intitulado discalculia, o transtorno de aprendizado diagnosticado em Larissa consiste em uma dificuldade fora do normal da pessoa entender e manipular números e conceitos matemáticos. E, por mais, que possa parecer raro é cada vez mais comum entre os brasileiros. Para se ter uma ideia, estudo estima que, entre 6% e 7% dos brasileiros em idade escolar possuem discalculia.

Larissa, de 26 anos, já perdeu as contas de quantas vezes tentou entender um relógio de ponteiro, sem ter que perguntar para alguém como funciona. A dificuldade é apenas uma dentre inúmeras que passa diariamente por ter discalculia.

“Minha dificuldade com números vem desde que eu me conheço por gente. Na escola, sempre era um desafio entender o que meus professores de matemática diziam e mesmo estudando por horas não conseguia compreender”.

Na época, por não conseguir assimilar matemática, professores lhe classificavam como uma aluna rebelde, sem vontade de aprender, o que a fez desistir dos estudos.

Larissa somente concluiu o ensino médio por meio do Encceja —exame destinado àquelas pessoas que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade adequada e fazem a prova para obter o certificado de conclusão.

“Infelizmente, há dez anos, não se falava em discalculia no Brasil. Por isso, muitas pessoas achavam que a minha dificuldade era um ato de rebeldia. Ou que eu não fazia esforço para aprender.”

“Tanto que somente descobri que tinha discalculia aos 18 anos. Lembro que ao pesquisar o termo na internet, boa parte do que aparecia eram de reportagens ou artigos em inglês, porque não no Brasil nem se falava deste transtorno de aprendizado”, conta a psicóloga.

‘As pessoas acham que sou de outro mundo’

Quem viveu situação parecida na escola foi Isabela Aquino, de 20 anos. A estudante de artes visuais conta que além da dificuldade em matemática, outro dilema que enfrenta até hoje é de como as pessoas encaram sua dificuldade.

“Muita gente quando vê alguém que não consegue entender relógio de ponteiro ou têm dificuldade para fazer operações simples de matemática em uma calculadora acham que somos de outro mundo”, diz.

O problema é que essa dificuldade com os números não impacta apenas os estudos, mas também interfere na vida financeira de quem tem discalculia.

A publicitária Jenifer Mendes, de 36 anos, conta que por ter dificuldades em operações básicas de matemática, devido ao diagnóstico de discalculia, é comum errar o valor das compras.

“Já tive situação de achar estar gastando R$ 100 em uma loja e no momento de chegar no caixa descobrir que tudo era R$ 1.000. Tudo pela minha dificuldade de fazer cálculos.”

“Nessas situações não tem como não se sentir constrangida.”

Outra dificuldade comum por quem tem discalculia acontece na hora de fazer uma simples receita de bolo.

“Já tive situações de não conseguir fazer um bolo porque não conseguir colocar em prática o um quarto de determinando ingrediente”, diz Larissa.

“Até mesmo lembrar que número corresponde ao mês é difícil. Por exemplo, sei que três refere-se ao mês de março, porque é até onde eu consigo. Mas se você perguntar que número corresponde a outubro, não sei.”

Ana Helena Guimarães, 21 anos, estudante de educação física, conta que por ter o transtorno de aprendizado passou a criar mecanismos para sofrer menos no dia-dia.

“Hoje, sempre uso cartão de crédito para evitar que alguém me peça dez centavos para facilitar o troco e consequentemente eu fique parada na frente do atendente sem entender”, conta Ana Helena.

“Já nas provas da faculdade que tem cálculos, procuro dar o máximo nas questões que não envolvem números para compensar minha dificuldade. Porque sei que mesmo estudando muito, não vou ir bem”, completou.

Causas da discalculia

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que diferente de uma dificuldade em matemática, comum entre os alunos brasileiros —segundo o último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que avaliou o desempenho de alunos de 15 anos de 81 países, sete em cada dez estudantes brasileiros não conseguem fazer simples de matemática, como, por exemplo, dizer, quantos reais equivalem a dois dólares, sabendo o valor de um dólar.

Na discalculia, a dificuldade com os números não pode ser suprimida com aulas de reforço, porque o impasse para entendê-los é fruto de um transtorno de neurodesenvolvimento —terminologia utilizada para definir e classificar as alterações do desenvolvimento cerebral que aparecem nos primeiros anos de vida e que persistem até a morte.

“Ou seja, a criança nasce com uma disfunção em áreas cerebrais que processam as habilidades matemáticas”, explica Camila León, psicopedagoga e professora convidada da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

Dentro os transtorno de neurodesenvolvimento destacam-se o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e os Transtornos do Desenvolvimento da Aprendizagem (TApr), no qual estão incluídos separadamente os transtornos do aprendizado da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia) e o transtorno do desenvolvimento da aprendizagem com prejuízo na matemática (a discalculia).

Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte, professora do departamento de fonoaudiologia da USP de Bauru e coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Escrita e Leitura (GREPEL), explica que a discalculia é causada por uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais.

  • Fatores neurológicos: estudos de neuroimagem indicam que a discalculia pode estar relacionada a diferenças no funcionamento de áreas do cérebro envolvidas no processamento numérico, especialmente no lobo parietal, que é responsável por habilidades espaciais e matemáticas. Além disso, problemas na comunicação entre diferentes áreas do cérebro que processam informações matemáticas e numéricas também podem influenciar a discalculia. Isso inclui dificuldades em conectar os símbolos numéricos (como números e sinais matemáticos) ao que eles representam.
  • Fatores genéticos: a discalculia também pode ter um componente hereditário. Estudos indicam que familiares de pessoas com discalculia têm maior probabilidade de apresentar dificuldades semelhantes. Isso sugere que fatores genéticos podem influenciar a condição, embora ainda não haja um gene específico identificado como responsável.
  • Desenvolvimento cognitivo: problemas relacionados à memória de trabalho, habilidades visuo-espaciais e outras funções cognitivas podem contribuir para a discalculia, já que essas funções são importantes para o processamento matemático.

“Embora a discalculia tenha uma base neurológica e genética, fatores ambientais também podem influenciar. Falta de exposição a um ensino adequado de matemática, situações de estresse emocional ou condições socioeconômicas podem agravar ou contribuir para o aparecimento de dificuldades matemáticas. Esses fatores por si só não causam discalculia, mas podem intensificar os sintomas em indivíduos já predispostos”, ressaltou Patrícia.

Sinais de alerta

Julia Beatriz Lopes Silva, professora do departamento de psicologia e coordenadora do laboratório de neuropsicologia do desenvolvimento, ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alerta que o primeiro sinal que uma pessoa tem discalculia é quando seu desempenho com números é quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo.

“Os sintomas da discalculia podem se manifestar de maneira diferente em cada faixa etária. Crianças, por exemplo, apresentam dificuldades básicas em aprender a contar, compreender conceitos de quantidade, memorizar tabuadas ou aprender operações matemáticas básicas.”

“Já no caso de adolescentes e adultos, é possível observar dificuldade em aplicar matemática em situações práticas do cotidiano, como cálculo de troco, lidar com horários ou gerir finanças pessoais”, ressaltou Silva.

Camila León, psicopedagoga e professora convidada da ABD (Associação Brasileira de Dislexia) destaca que geralmente o primeiro a desconfiar que alguém pode ter discalculia é o professor, uma que vez pode comparar o aluno com os demais da sala. O problema é que por ser um transtorno de aprendizado novo, muitos profissionais da educação não o conhecem.

León cita sinais da discalculia em cada etapa do ensino regular. Confira:

Educação infantil (3 a 5 anos)

  • Dificuldade para aprender a contar;
  • Dificuldade para reconhecer padrões simples;
  • Dificuldade para entender o significado dos numerais (como associar o numeral 3 a um conjunto de três objetos ou à palavra oral três);
  • Dificuldade para entender o conceito de enumeração (associar um número a uma quantidade de objetos).

Ensino fundamental 1 (6 a 9 anos)

  • Dificuldade de aprender e lembrar fatos numéricos, como 4 + 2 = 6;
  • Uso excessivo dos dedos para contar, em vez de utilizar métodos mais avançados;
  • Dificuldade para identificar símbolos matemáticos (como + e -) e usá-los corretamente;
  • Dificuldade para entender linguagem matemática, como mais que e menos que;
  • Dificuldade para entender o valor posicional dos algarismos (confundindo 12 e 21, por exemplo).

Ensino fundamental 2 (10 a 14 anos)

  • Dificuldade para entender conceitos matemáticos, como a propriedade comutativa (3 + 5 é igual a 5 + 3) e a inversão (saber a resposta para 3 + 26 – 26 sem precisar calcular);
  • Dificuldade de selecionar uma estratégia para resolver problemas matemáticos;
  • Dificuldade para lembrar o placar em jogos e atividades esportivas;
  • Dificuldade de calcular o preço total de dois ou mais itens

Como funciona o diagnóstico

O diagnóstico da discalculia é estabelecido por meio de uma avaliação multidisciplinar.

“Por vezes a realização de teste de QI ou exames de imagem serão úteis, mas não para o diagnóstico da discalculia propriamente dita, e sim para excluir outras condições neurológicas que podem estar interferindo no aprendizado.”

“Existem também ‘testes de desempenho escolar’, que são padronizados, e tornam-se ferramentas úteis para o diagnóstico”, aponta Júlio Koneski, médico neuropediatra e membro do departamento científico de transtornos do neurodesenvolvimento da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNi).

Segundo Koneski, durante o diagnóstico, o neuropediatra analisa como é a trajetória do aprendizado ao longo dos anos escolares iniciais, e se existe algum grau de dificuldade em outras áreas (leitura e escrita).

“Informações vindas da escola através de relatórios e análise de cadernos, bem como de outros profissionais como psicólogos e pedagogos, podem complementar o diagnóstico.”

No Brasil, não existe um “teste específico de discalculia”, sendo necessária a utilização de vários testes que avaliem as habilidades matemáticas e de outras habilidades cognitivas associadas ao desempenho com números, como memória, atenção, velocidade de processamento.

Julia Beatriz Lopes Silva, professora da UFMG, ressalta que, em regra, a discalculia pode ser identificada a partir dos 7 anos de idade.

Apesar de não haver cura para esse transtorno de aprendizado, existem intervenções pedagógicas e tratamentos focados em habilidades matemáticas que podem ajudar a melhorar o desempenho e qualidade de vida de quem sofre com o transtorno. Alguns exemplos de intervenções são:

  • Apoio escolar especializado com métodos adaptados e ferramentas visuais;
  • Terapia cognitivo-comportamental para ajudar a lidar com o impacto emocional e social das dificuldades;
  • Tecnologia assistiva, como aplicativos e softwares que facilitam o aprendizado de matemática.

Outros transtornos de aprendizado

Além da discalculia, existem outros dois transtornos de aprendizado: os transtornos do aprendizado de leitura (dislexia) e o da escrita (disgrafia/ disortografia).

Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte, professora da USP de Bauru diz que, dentre eles, a dislexia é o mais comum. Estima-se que ela afete entre 5% e 17% da população mundial, enquanto a discalculia afeta de 3% a 7%.

Indivíduos com dislexia apresentam dificuldades em decodificar palavras, compreender textos, identificar sons da fala (consciência fonológica) e associar letras a seus sons.

Além disso, apresentam dificuldades em reconhecer palavras rapidamente, ler com fluência, decodificar palavras, soletrar corretamente, organizar pensamentos em escrita e compreender o que foi lido.

“Como a leitura e escrita são pilares da educação formal, os problemas relacionados à dislexia são rapidamente notados, ao contrário da discalculia e da disortografia, que afetam a matemática e a escrita, respectivamente, e são menos perceptíveis”, apontou Patrícia.

A professora da UFMG, Julia Beatriz Lopes Silva, também ressalta que é comum que pessoas que apresentam dificuldades numéricas (discalculia) também apresentem dificuldades de leitura (dislexia).

“Existem estimativas que entre 30 e 70% de pessoas que apresentam um destes transtornos de aprendizagem também apresentam o outro.”

No Brasil, desde 2021, Lei nº 14.254/21 estabelece que as escolas da rede pública e privada devem garantir acompanhamento específico, direcionado à dificuldade e da forma mais precoce possível, aos estudantes com discalculia, disortografia e dislexia.

No caso de candidatos com discalculia, em vestibulares e concursos públicos, eles têm assegurado atendimento especializado no momento de realização da prova, como tempo adicional e até calculadora (fornecida, geralmente, pela própria banca realizadora da prova).

Texto publicado originalmente aqui.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO

em

O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

Leia mais notícia boa

Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO

em

Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

Leia mais notícia boa

A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO

em

O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

Leia mais notícia boa

Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS