Fernanda Torres tem experimentado, desde a estreia mundial de “Ainda estou aqui” no Festival de Veneza, em setembro, o que sua mãe chama de “a glória e seu cortejo de horrores”. A expressão, que também batiza o segundo romance da atriz carioca, descreve a rotina intensa de divulgação no exterior do filme de Walter Salles. O principal objetivo no momento é garantir a presença do longa-metragem na lista prévia das produções internacionais concorrentes ao Oscar, a ser divulgada na segunda semana de dezembro.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
“Estou fazendo zigue-zague no Atlântico, um negócio de maluco mesmo”, disse a atriz ao Estado de Minas, no Rio de Janeiro, antes de embarcar para nova maratona de entrevistas e exibições, desta vez em Los Angeles.
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda estou aqui” estreia na próxima quinta-feira (7/11) no Brasil e está em campanha para obter indicações nas categorias de Melhor Filme, Direção, Filme Internacional, Montagem (Affonso Gonçalves), Roteiro Adaptado (Murilo Hauser e Heitor Lorega, premiados em Veneza), Ator Coadjuvante (Selton Mello) e, claro, Melhor Atriz, o que faria Torres igualar o feito de Fernanda Montenegro – única brasileira a concorrer ao Oscar da categoria, em 1999, pela atuação em outro filme de Salles: “Central do Brasil” (a estatueta acabou nas mãos de Gwyneth Paltrow por “Shakespeare apaixonado”).
Trabalheira sem fim
No livro de memórias “Prólogo, ato, epílogo”, Montenegro conta que, antes de ficar entre as cinco finalistas, teve de se submeter a uma “trabalheira sem fim”: almoços, jantares, entrevistas, presença em sessões em que haja possibilidades de votos a serem conquistados.
“É isso mesmo: inacreditável. É como uma campanha política”, compara Fernanda Torres. “Você tem que fazer o filme ser visto nos Estados Unidos, na Europa, no Brasil, se possível na Ásia… Uma loucura! Estou vivenciando na pele a glória e seu cortejo de horrores”, brinca.
A atriz divulga sua atuação assombrosa como Eunice, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado pela ditadura militar após ser levado de sua casa no Rio de Janeiro, no início de 1971, e torturado dentro de um quartel.
Depois de também ser detida e de não obter notícias concretas sobre o destino do marido, a mãe de cinco filhos iniciou uma campanha pública para o reconhecimento do crime, o que veio oficialmente somente depois do restabelecimento da democracia no país. “Foi uma mulher que implodiu por dentro”, resume a protagonista.
Fernanda Torres conta que se assustou ao ser convidada por Salles, com quem já havia trabalhado em “Terra estrangeira” e “O primeiro dia”, para protagonizar o longa que marca a volta do diretor à ficção no Brasil desde “Linha de passe” (2008).
“Eu sabia que o Walter ia filmar essa história. Mas, quando ele me chamou para tomar um café, achei que era para me convidar para escrever um roteiro. Nunca nem cogitei esse papel. Primeiro porque a Eunice, quando as coisas acontecem, era 10, 12 anos mais nova que eu”, lembra a atriz, nascida em 1965. “Também porque eu vinha trabalhando num outro registro, fazendo comédia na televisão. Tomei um susto e até perguntei se ele tinha certeza. Quando ele confirmou, fui trabalhar”, comenta.
Por conta própria, fez um mês de preparação antes do início da leitura do roteiro com os outros atores e das filmagens, iniciadas em junho de 2023 e realizadas na mesma ordem dos fatos e do que aparece na tela, algo raro no cinema.
Protagonismo do olhar
Da sequência de abertura até os minutos finais, é pela variação da intensidade do olhar de Eunice Paiva que Walter Salles narra a história da família luminosa e barulhenta subitamente mergulhada em sombras e silêncios. A opção do diretor, entre outros acertos, se concretiza plenamente por causa da força das atuações de Fernanda Torres e de, numa participação especialíssima, Fernanda Montenegro.
“Tem uma China dentro da alma da mamãe. Ela realmente é a reunião de muita gente”, diz a filha, encantada com a forma que a mãe de 95 anos encontrou para interpretar Eunice nos últimos anos de vida, já acometida pelo Alzheimer.
Fernanda Montenegro faz o papel de Eunice Paiva já idosa, enfrentando o Alzheimer
Videofilmes/divulgação
A protagonista de “Ainda estou aqui” traça paralelos entre as matriarcas das famílias Pinheiro-Torres e Paiva, ambas parentes de italianos.
“A Eunice parece a minha mãe. É o mesmo tipo de mulher. Acho que a família da mamãe era mais operária do que a da Eunice, mas ambas eram formadas por mulheres muito intelectuais, inteligentes, mas, ao mesmo tempo, donas de casa. Minha mãe servia o prato do meu pai quando ele se sentava na cabeceira da mesa. Sabe o código do casamento patriarcal? Era total na minha casa”, revela Fernanda.
Pânico
“Da noite para o dia, o pânico” é a maneira como Fernanda Montenegro descreve em sua biografia uma das passagens traumáticas vivida por ela e o marido, Fernando Torres, durante a ditadura militar. Foi quando eles moravam em São Paulo e souberam da prisão de um amigo, Mauricio Segall, diretor do Museu Lasar Segall.
“Passei um ano morando com a minha mãe quando ela foi chamada para fazer uma peça de teatro no Rio que foi a salvação econômica da família. Vivemos um ano sem o papai e eu não entendia. Mais tarde, o papai veio e a gente se mudou para uma casa muito parecida com a casa do filme”, lembra, recordando também da proibição à censura sofrida por “Calabar” (de Chico Buarque e Ruy Guerra), produzido por Fernando Torres.
“Não posso te descrever a cara dele no dia que proibiram o ‘Calabar’. Tinha investido muito dinheiro como produtor. Os figurinos passaram anos num galpão que tinha nos fundos da casa da minha avó na Ilha do Governador”, conta Fernanda Torres.
“Soberba” e “espetacular”
Incluída nas relações de possíveis indicadas ao Oscar desde a aclamação em Veneza, Fernanda Torres foi homenageada no fim de outubro em Los Angeles pela Critics Choice Awards como um dos destaques do cinema latino.
A performance como Eunice tem provocado elogios de publicações especializadas que costumam chamar a atenção dos responsáveis pelas escolhas dos concorrentes ao prêmio da indústria norte-americana. A revista Variety classificou a performance como “soberba” e o site IndieWire afirmou que a atuação de Fernanda “é tão espetacular quanto sua filmografia sugere”.
Fernanda Torres ressalta que Walter Salles orientou os atores a não sublinhar a tragédia que acomete a família de Rubens Paiva depois do desaparecimento do ex-deputado.
“Não tem música que sobe na hora da emoção, não tem a cena do grito. É igual a ela (Eunice). Nunca extravasa. Quem extravasa é o público”, pontua a atriz. “É o filme mais maduro do Walter, um devoto do cinema que limpou todos os truques”, complementa. “É um filme de silêncios e lacunas.”
Aos 20 anos, Fernanda Torres ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, em 1986, por sua atuação em “Eu sei que vou te amar”, filme de Arnaldo Jabor
Embrafilme/reprodução
ISTO É FERNANDA TORRES
• Principais filmes
“Inocência” (1983, de Walter Lima Jr.)
“A marvada carne” (1984, de André Klotzel)
“Eu sei que vou te amar” (1986, de Arnaldo Jabor)
“Com licença, eu vou à luta” (1986, de Lui Farias)
“Quarup” (1989, de Ruy Guerra)
“Terra estrangeira” (1995, de Walter Salles e Daniela Thomas)
“O que é isso, companheiro” (1997, de Bruno Barreto)
“O primeiro dia” (1998, de Walter Salles e Daniela Thomas)
“Gêmeas” (1999, de Andrucha Waddington)
“Os normais – o filme” (2003, de José Alvarenga Júnior)
“Casa de areia” (2005, de Andrucha Waddington)
“Saneamento básico, o filme” (2007, de Jorge Furtado)
“Jogo de cena” (2007, de Eduardo Coutinho)
“Os normais 2 – A noite mais maluca de todas” (2009, de José Alvarenga Júnior)
“Ainda estou aqui” (2024, de Walter Salles)
• Livros
“Fim” (romance, 2013)
“Sete anos” (crônicas, 2014)
“A glória e seu cortejo de horrores” (romance, 2017)
“AINDA ESTOU AQUI”
Brasil, 2024, 2h17. De Walter Salles. Com Fernanda Torres, Selton Mello, Valentina Herszage, Barbara Luz, Luiza Kosovski e Guilherme Silveira. Em cartaz a partir de quinta-feira (7/11) nas salas de cinema de Belo Horizonte.
A Ufac, por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (Proex) e em parceria com a Federação do Desporto Universitário Acreano (FDUA), apresentou oficialmente a delegação que representará a instituição nos Jogos Universitários Brasileiros (Jubs) de 2025. O grupo, formado por cerca de 70 estudantes-atletas e técnicos voluntários, foi apresentado em cerimônia realizada na quadra do Sesi neste sábado, 27.
A equipe, que competirá no maior evento de desporto universitário da América Latina, levará as cores da Ufac e do Acre em diversas modalidades: handebol, voleibol, xadrez, taekwondo, basquete, cheerleading, futsal e a modalidade eletrônica Free Fire. A edição deste ano dos jogos ocorrerá em Natal, no Rio Grande do Norte, entre 5 e 19 de outubro, e deve reunir mais de 6.500 atletas de todo o país.
A abertura do evento ficou por conta da apresentação da bateria Kamboteria, da Associação Atlética Acadêmica de Medicina da Ufac, a Sinistra. Sob o comando da mestra Alexia de Albuquerque, o grupo animou os presentes com o som de tamborins, chocalhos, agogôs, repiques e caixas.
Em um dos momentos mais simbólicos da solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, entregou as bandeiras do Acre e da universidade aos atletas. Em sua fala, ela destacou o orgulho e a confiança depositada na delegação.
“Este é um momento de grande alegria para a nossa universidade. Ver a dedicação e o talento de nossos estudantes-atletas nos enche de orgulho. Vocês não estão apenas indo competir; estão levando o nome da Ufac e a força do nosso estado para todo o Brasil”, disse a reitora, que complementou: “O esporte universitário é uma ferramenta poderosa de formação, que ensina sobre disciplina, trabalho em equipe e superação”.
A cerimônia contou ainda com a apresentação do time de cheerleading, que empolgou os presentes com suas acrobacias, e foi encerrada com um jogo amistoso de vôlei.
Compuseram o dispositivo de honra do evento o deputado federal e representante da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro; o deputado estadual Eduardo Ribeiro; o vereador de Rio Branco Samir Bestene; o vice-presidente da Federação do Desporto Universitário do Acre, Sandro Melo; o pró-reitor de Extensão, Carlos Paula de Moraes; a diretora de Arte, Cultura e Integração Comunitária, Lya Beiruth; o coordenador do Centro de Referência Paralímpico e Dirigente Oficial da Delegação da Ufac nos Jubs 2025, Jader de Andrade Bezerra; e o presidente da Liga das Atléticas da Ufac, Max William da Silva Pedrosa.
A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac. A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.
Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.” A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou. A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.” Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”
Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login