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Fortaleza é palco do principal duelo entre PL, de Bolsonaro, e PT, de Lula; entenda a disputa

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BRASÍLIA – Capital mais populosa do Nordeste, Fortaleza será palco da principal disputa entre um candidato do PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e um do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Brasil. O deputado estadual Evandro Leitão (PT) e o deputado federal André Fernandes (PL) estão numa competição parelha, com todas as principais pesquisas apontando empate técnico entre os dois.

Políticos do Estado e analistas ouvidos apontam que o resultado servirá de medida para a força da direita na região e poderá significar para o PT uma superação do fraco resultado em 2020, quando não venceu nenhuma prefeitura em capital.

A disputa na capital cearense tem envolvido até mesmo as torcidas dos dois times de futebol mais tradicionais da cidade: o Fortaleza e o Ceará.

André Fernandes foi o líder na votação em primeiro turno em Fortaleza; na segunda rodada ele enfrenta Evandro Leitão; pesquisas apontam empate técnico entre os dois. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados e Reprodução/ALECE

Evandro e Fernandes tomaram decisões diferentes sobre o que fazer com o principal nome de seus partidos. No primeiro turno, o candidato do PL ficou à frente. Ele teve 40,2% dos votos válidos ante 34,33% do petista.

Veja o que está jogo para cada um dos lados.

Popularidade de Lula e Bolsonaro leva a André Fernandes criar figura de ‘paz e amor’, sem aparecer com o ex-presidente, e petista presente na reta final de campanha

Pesquisa AtlasIntel divulgada no dia 16 de outubro perguntou aos fortalezenses a preferência ou a rejeição deles a personalidades políticas relevantes no Ceará. O resultado mostrou a força que o petismo tem no Estado e uma rejeição do cidadão da capital ao ex-presidente. Bolsonaro tem a rejeição de 64% dos fortalezenses, Lula é aprovado por 54%.

Esse resultado aponta as escolhas dos dois candidatos. André Fernandes aposta em apresentar ao eleitor como uma figura moderada, capaz de dialogar com pessoas de outros lados políticos.

Bolsonaro só foi à capital cearense no dia 17 de agosto, não participará de nenhum ato na cidade nesses últimos dias e foi pouco mencionado durante a campanha.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, foi mais presente. Ele participará de ato com o candidato do PL nesta quinta-feira, 24. Os principais apoios capturados por Fernandes estão no próprio Estado.

Do outro lado, Evandro usou Lula. O atual chefe do Executivo, inclusive, participou de comício na cidade no dia 12 de outubro. A principal aposta de Evandro e demais aliados é resgatar declarações extremistas que o candidato do PL produziu quando fazia vídeos para o YouTube e associá-lo a Bolsonaro.

Nesta última terça-feira, 22, por exemplo, o líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), publicou um vídeo em que Fernandes menospreza o feminicídio no Brasil. “Tá, dane-se”, disse o político sobre assassinatos de mulheres motivados por questões de gênero, em uma gravação feita em agosto de 2018, enquanto veste uma camisa com a silhueta da face de Bolsonaro.

“Ele (André Fernandes) tem aparecido como bom moço, paz e amor, mas não é nada disso”, analisa o presidente do PSB nacional, Eudoro Santana, pai do ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana.

Camilo, inclusive, é o outro grande ativo da campanha de Evandro. Aquela mesma pesquisa AtlasIntel indica que ele tem uma aprovação ainda maior que a de Lula: 62% dos fortalezenses têm uma visão positiva dele.

Quem, além de Lula e Bolsonaro, apoia André Fernandes e Evandro Leitão?

Evandro Leitão tem o apoio da ampla base do governo de Elmano de Freitas (PT) no Ceará, composta pelo PT, PSB, PSD, Republicanos, PP e MDB. Essas siglas venceram 164 dos 184 municípios cearenses no primeiro turno deste ano. Dessas siglas, os principais nomes são Camilo Santana, Elmano de Freitas, José Guimarães e o senador Cid Gomes (PSB-CE).

Na primeira rodada de votação, PSB e PT foram os maiores vencedores no Estado e garantiram a maioria dos municípios. O PSB venceu em 65 prefeituras, e o PT em 46, somados, totalizam 111 cidades cearenses.

Com Bolsonaro escanteado e trilhando uma campanha em que quer se mostrar como um candidato jovem disposto ao diálogo, André Fernandes investe nos apoios do ex-deputado federal Capitão Wagner (União) e do ex-prefeito Roberto Claudio (PDT), ambos conquistados no segundo turno.

“’O André, pela idade dele, talvez não vá conseguir dialogar’. Gente, eu estou aqui hoje com Roberto Claudio, ex-prefeito de Fortaleza do meu lado esquerdo, Capitão Wagner do meu lado direito”, disse Fernandes, em um comício.

Os dois são importantes para angariar votos. Wagner participou do primeiro turno e teve 11,40% dos votos válidos no dia 5 de outubro. Já o apoio de Claudio é tido como uma surpresa valiosa para o candidato do PL. “Há um clima muito ruim com essa adesão”, diz Eudoro Santana. “O ex-prefeito Roberto Claudio é uma figura muito estimada, foi um bom prefeito. Foi uma grande decepção essa atitude dele.”

O que aconteceu com o PDT no Ceará?

A surpresa manifestada por Eudoro se justifica porque o PDT é um partido ligado à esquerda e, durante bastante tempo, foi aliado do PT no Ceará. A parceria acabou em 2022, após a briga dos irmãos Cid Gomes e Ciro Gomes (PDT), que casou uma debandada de inúmeros quadros do PDT cearense. Naquele ano, a sigla foi derrotada pelo petista Elmano de Freitas na disputa pelo governo do Estado. Roberto Claudio foi o candidato indicado pelo PDT.

O próprio Evandro Leitão era do PDT, e decidiu migrar para o PT após a divisão, no final de 2022. Ele foi o candidato petista apoiado por Camilo e Guimarães, que seguiram com a decisão mesmo sob a desconfiança e resistência de grupos mais à esquerda do partido.

Em razão dessa ruptura, o PDT optou pela neutralidade no segundo turno em Fortaleza neste ano, liberando seus filiados a apoiarem quem quiser. Com a liberdade concedida, seis dos oito vereadores eleitos pelo PDT neste ano escolheram apoiar André Fernandes.

A postura foi inicialmente criticada pela Juventude do partido, que publicou uma nota contra essa posição. Ciro Gomes, que se declara neutro, criticou o comunicado, e disse que “não será um puxadinho do PT”.

O diretório nacional reagiu apenas na semana passada. André Figueiredo, presidente do partido, que antes disse que acompanharia orientação do partido, decidiu apoiar Evandro. Poucos dias depois, o presidente licenciado da sigla, Carlos Lupi, publicou um vídeo em que criticou o apoio de pedetistas a André Fernandes.

Ainda decidiram manter a neutralidade o prefeito José Sarto (que teve 11,75% dos votos no primeiro turno) e Ciro Gomes. Governistas ouvidos pela reportagem interpretam essa neutralidade como um apoio velado a Fernandes. Entre outros motivos, eles apontam a exoneração de servidores da prefeitura que manifestaram apoio a Evandro.

Procurada, a assessoria de Sarto diz que as exonerações não têm nenhuma relação com as eleições. “Prova disso é que titulares de cargos importantes da gestão estão apoiando o Evandro Leitão e seguem em suas funções. Um exemplo emblemático é a secretária de educação, Dalila Saldanha. Ela foi candidata a vereadora e recebeu mais de 8 mil votos”, afirma.

O PDT vive uma profunda divisão. O Ceará, estado era o mais valioso da sigla. Em 2020, o partido conquistou 67 prefeituras — neste ano, venceu em apenas cinco cidades. Sarto, atual prefeito e com a máquina na mão, ficou na terceira posição no primeiro turno deste ano em Fortaleza.

A nível nacional o resultado é também desastroso. O PDT perdeu mais da metade das prefeituras em relação a quatro anos atrás. O número caiu de 311 para 148. Como mostrou a Coluna do Estadão, a reunião da bancada do PDT na Câmara dos Deputados após o resultado das eleições no primeiro turno teve clima de “terra arrasada”.

A expectativa é que o partido ainda perca mais quatro deputados federais e sete deputados estaduais. Todos esses são políticos que desejavam sair do PDT após a briga entre os irmãos Ferreira Gomes e apenas aguardam a janela partidária para poderem migrar sem demais punições.

Fortaleza é ‘tudo ou nada’ para o PL, que também passou por transformação como o PDT

Assim como o PDT, o PL no Ceará passou por uma profunda transformação. Antes base do governo Camilo Santana, o partido teve uma guinada à direita após a chegada de Bolsonaro e seus aliados. O resultado da mudança é que, em 2020 o PL elegeu 13 prefeitos e, neste ano, não elegeu nenhum. Uma vitória de André Fernandes em Fortaleza, porém, será “um tudo ou nada” e pode muda o resultado de um desastre para um grande sucesso.

“Fortaleza é a candidatura estratégica do PL. Se vencer Fortaleza, valerá por todas as outras cidades perdidas”, afirma Monalisa Soares Lopes, professora e pesquisadora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A caça às bruxas dos aliados de Camilo intensificou em 2023, quando o deputado federal Yury do Paredão (MDB-CE), que era do PL, aparecer em uma foto fazendo o “L” em foto ao lado de Lula. Ele foi expulso do partido e foi chamado até de “transdeputado” por bolsonaristas.

No final do ano passado, Acilon Gonçalves, aliado de Camilo e agora sem partido, deixou a presidência do PL e o partido, abrindo espaço para o deputado estadual bolsonarista Carmelo Neto (PL) assumir o cargo. Com a saída de Acilon, outros integrantes deixaram a sigla.

Para o PT, vencer Fortaleza é uma demonstração da força de Camilo Santana e superação de desastre em 2020

Camilo Santana empreendeu esforços para assegurar o expressivo resultado eleitoral do PT no Ceará neste ano. Ele tirou férias de 23 de setembro a 7 de outubro para marcar presença em atos em diversas cidades cearenses. Agora de volta ao ministério da Educação, esteve novamente no Ceará nesta última semana antes da votação do segundo turno, no dia 27 de outubro.

Vencer Fortaleza, analisa Monalisa Soares Lopes, da UFC, assegura o posto a Camilo Santana de principal liderança política no Estado e o posiciona como um dos principais quadros petistas a nível nacional.

Significaria também para o PT expulsar de vez o resultado que teve em 2020, quando a sigla teve seu pior desempenho em eleições municipais e não elegeu nenhum prefeito nas capitais. Foi aqui, inclusive, que a sigla venceu a primeira capital, em 1985, com Maria Luíza Fontenele.

“Fortaleza está sendo muito visada porque é a chance mais provável de vitória. É muito importante ter Fortaleza, a quarta maior cidade do País, a primeira do Norte e do Nordeste”, afirma Monalisa.

O PT está no segundo turno em outras três capitais: Cuiabá, Porto Alegre e Natal. Em todas elas, pesquisas mais recentes indicam vantagem dos adversários petistas.

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Ufac promove ações pelo fim da violência contra a mulher — Universidade Federal do Acre

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A Ufac realizou ações de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, em alusão à campanha Agosto Lilás. A programação, que ocorreu nesta segunda-feira, 25, incluiu distribuição de adesivos na entrada principal do campus-sede, às 7h, com a participação de pró-reitores, membros da administração superior e servidores, que entregaram mais de 2 mil adesivos da campanha às pessoas que acessavam a instituição. Outro adesivaço foi realizado no Restaurante Universitário (RU), às 11h.

“É uma alegria imensa a Ufac abraçar essa causa tão importante, que é a não violência contra a mulher”, disse a reitora Guida Aquino. “Como mulher, como mãe, como gestora, como cidadã, eu defendo o nosso gênero. Precisamos de mais carinho, mais afeto, mais amor e não violência. Não à violência contra a mulher, sigamos firmes e fortes.”
Até 12h, o estacionamento do RU recebeu o Ônibus Lilás, da Secretaria de Estado da Mulher, oferecendo atendimento psicológico, jurídico e outras orientações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.

Agosto Lilás



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Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas — Universidade Federal do Acre

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A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Ufac realizou a abertura do Floresta em Evidência, nesta quarta-feira, 20, no auditório da Associação dos Docentes (Adufac). O projeto de extensão segue até quinta-feira, 21, desenvolvido pelo Herbário do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como público-alvo estudantes do campus Transacreana do Ifac.

O projeto busca difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta, identificação e preservação de espécies botânicas, contribuindo para valorização da biodiversidade amazônica e fortalecimento da pesquisa científica na região.

Representando a Proex, a professora Keiti Roseani Mendes Pereira enfatizou a importância da extensão universitária como espaço de democratização do conhecimento. “A extensão nos permite sair dos muros da universidade e alcançar a sociedade.”

O coordenador do PZ, Harley Araújo, destacou a contribuição do parque para a conservação ambiental e a formação de profissionais. “A documentação botânica está diretamente ligada à conservação. O PZ é uma unidade integradora da universidade que abriga mais de 400 espécies de animais e mais de 340 espécies florestais nativas.”

A professora do Ifac, Rosana Cavalcante, lembrou que a articulação entre instituições é fundamental para consolidar a pesquisa no Acre. “Ninguém faz ciência sozinho. Esse curso é fruto de parcerias e amizades acadêmicas que nos permitem avançar. Para mim, voltar à Ufac nesse contexto é motivo de grande emoção.”

A pesquisadora Viviane Stern ressaltou a relevância da etnobotânica como campo de estudo voltado para a interação entre pessoas e plantas. “A Amazônia é enorme e diversa; conhecer essa relação entre comunidades e a floresta é essencial para compreender e preservar. Estou muito feliz com a recepção e em poder colaborar com esse trabalho em parceria com a Ufac e o Ifac.”

O evento contou ainda com a palestra da professora Andréa Rocha (Ufac), que abordou o tema “Justiça Climática e Produção Acadêmica na Amazônia”.

Nesta quarta-feira, à tarde, no PZ, ocorre a parte teórica do minicurso “Coleta e Herborização: Apoiando a Documentação da Sociobiodiversidade na Amazônia”. Na quinta-feira, 21, será realizada a etapa prática do curso, também no PZ, encerrando o evento.



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Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

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A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.

A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.

Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.

O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.

A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.



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