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Gestor de R$ 1,7 tri evita ir ao shopping de chinelo – 19/11/2024 – Mercado

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Alex Sabino

A história marcou Ana Carolina Ferreira da Silva, 29. Ela estava em seu primeiro emprego, em uma agência de telemarketing, e tinha o mesmo cabelo crespo que usa hoje. A gestora a chamou para dar uma “sugestão que seria boa para a sua carreira.”

“Ela perguntou se eu nunca tinha pensado em alisar o cabelo porque do jeito que usava era um pouco informal. Deixava um pouco desleixado. E aquele era um dia em que eu estava me sentindo linda”, conta a agora trainee do Itaú Unibanco.

Denísio Liberato, 45, apenas balançou a cabeça ao escutar o relato. Ficou contrariado, mas não surpreso. Os dois nunca tiveram um chefe negro. Ambos já passaram por situações de preconceito velado ou explícito, como no caso relatado por Ana Carolina.

Denísio e Ana Carolina se encontraram a convite da Folha para a série Na Real, inspirada no Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quarta (20). Neste capítulo, a proposta era discutir a presença do negro no mercado financeiro e as dificuldades encontradas.

A série tem sido publicada semanalmente durante o mês de novembro. O último capítulo será no próximo dia 26.

Liberato é diretor-presidente do BB Asset, gestora de recursos do Banco do Brasil e a maior empresa do ramo da América Latina. Tem sob sua gestão recursos estimados em R$ 1,7 trilhão. Ele é o primeiro negro a ocupar a posição em um setor, o do mercado financeiro, dominado por brancos.

“Um amigo meu perguntou se eu tinha visto quem era o novo presidente do BB Asset. Disse que era negro. E eu fiquei pensando como isso ainda chama a atenção. O ideal é que não chamasse, não é?”, pergunta ela.

“Mas se chama a atenção no aspecto positivo serve para estimular pessoas como você”, constata Denísio para a jovem, que cresceu no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Ela sonha em se especializar no setor de crédito para pessoas de baixa renda. Esta é uma área que considera importante para famílias como a dela.

A trajetória de Ana Carolina foi planejada. Ela tentou mais de uma vez entrar no programa de trainee do Itaú Unibanco, algo que almejou por muito tempo. Falhou em uma das entrevistas porque faltou confiança, confessa. A de Denísio foi mais ao acaso.

O banqueiro nascido em Ubá, principal polo noveleiro de Minas Gerais, cursou economia depois de analisar a relação candidato-vaga e ver que era a mais provável de aprovação no vestibular em universidade pública. Seu pai, pedreiro, e mãe, dona de casa, não tinham nenhuma condição de pagar uma instituição privada.

Ele administra quase R$ 2 trilhões de recursos mas, quando quer ir ao shopping perto de sua casa no Leblon, zona do sul do Rio de Janeiro, pensa por alguns segundos. Qual a roupa que está vestindo?

“Eu não gosto de ir de chinelo e bermuda. Às vezes você quer lá comprar alguma coisa rapidinho. Se eu for de chinelo e bermuda, posso ser abordado [por segurança] ou o guarda ficar seguindo. Então tem de pôr uma calça e camisa melhores”, afirma.

É uma realidade compreendida por Ana Carolina, que também não costuma sair de chinelo e camiseta regata pelos mesmos motivos.

Em reuniões de trabalho, Liberato já sentiu olhares enviesados por ser o único negro à mesa. Passou por situações criadas para que achasse não estar à altura do assunto discutido. Algo estranho para o professor e doutor em economia pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

“Às vezes, você precisa ser um pouco mais grosso. Até passar um pouco de arrogância para mostrar que você tem o espaço [naquele ambiente]”, completa.

Aquilo é um conselho para Ana Carolina. Ela pouco saía do Complexo do Alemão quando era criança porque sua avó tinha medo do que aconteceria se a menina fosse passear pela Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul, por exemplo.

“Em São Paulo, eu convivo com mais pessoas negras e o que percebo é sempre essa questão de precisar mostrar mais, alcançar mais. Quando recebo uma avaliação, penso se não poderia receber mais e vejo isso nos meus colegas negros também. Não enxergo a mesma postura na mesma situação quando se trata dos meus colegas brancos. Neles, vejo mais confiança”, confessa.

Estes são assuntos discutidos, afirma o diretor-presidente, em grupo de afinidade étnica do BB Asset. Ele tenta levar este tema adiante como estímulo para que mais negros cheguem a postos de liderança no mercado financeiro. Para que outros negros tenham líderes negros, algo que Liberato nunca encontrou.

Denísio aconselha Ana Carolina a ser muito específica no que quer se especializar e investir nisso. Dedicar seu tempo e estudos a um objetivo específico. Opina que este é o caminho para ascender na hierarquia de um gigante como o Itaú Unibanco, com valor de mercado de R$ 312,7 bilhões.

“Sou amigo da Roberta Anchieta, a primeira diretora negra do Itaú. Vou pedir para ela bater um papinho com você”, afirma.

Ana Carolina fica feliz com a oferta.

“O que vou levar da nossa conversa é ter a confiança no que eu entrego e acreditar em que eu sou. Porque o lugar que estou hoje já é uma grande realização. Para mim, é só o começo”, agradece ela.

Poderia ser o fim da conversa, mas ao dizer que sua maior referência na vida é a atriz Taís Araújo, Liberato conta ter um conhecido que é muito amigo dela e de seu marido, o ator Lázaro Ramos.

“Vou falar com ele e pedir para fazer essa ponte, marcar um almoço para vocês se conhecerem.”

Ana Carolina fica estupefata mas, por via das dúvidas, pede o número do diretor-presidente do BB Asset para não deixá-lo esquecer da promessa.



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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