ACRE
Hormonologia: especialidade não tem reconhecimento – 22/11/2024 – Equilíbrio e Saúde
PUBLICADO
12 meses atrásem
Marcos Candido
O 2º Congresso Brasileiro de Hormonologia começou nesta sexta-feira (22) em São Paulo. O evento, que será realizado até sábado (23), terá palestras que prometem abordar as últimas novidades sobre o uso de tratamentos hormonais na saúde.
Segundo instituições médicas, porém, a hormonologia não é uma especialidade. Isso significa que não é prevista no RQE (Registro de Qualificação de Especialidade), que exige residência médica, provas e titulação da associação de classe.
O termo é usado por membros da área da saúde dedicados à prescrição de terapias hormonais como implantes, que foram proibidos e, posteriormente, liberados pela Anvisa, além de injeções e adesivos de liberação hormonal. Na contramão, associações tentam reprimir a atuação de profissionais voltados à área.
De acordo com médicos, termos como “hormonologia” têm sido usados para submeter pacientes a procedimentos arriscados com uso de hormônios, capazes de causar insuficiência cardíaca, renal e agravamento de quadros de depressão e impotência sexual.
Nas redes sociais, terapias hormonais têm prometido ganho de massa muscular, aumento da libido, redução da TPM, queima de gordura e tratamento complementar para doenças como lipedema.
A propaganda de novos produtos e cursos voltados uso de implantes hormonais foi reiteradamente proibido pela Anvisa nesta sexta por meio de uma resolução.
Para coibir o uso indiscriminado, o CFM (Conselho Federal de Medicina) também já havia proibido a utilização para fins estéticos e de performance esportiva em abril deste ano. Especialistas habilitados para uso de hormônios são endocrinologistas, ginecologistas e urologistas, declara o conselho.
Todas
Discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres
De acordo com o médico Luiz Paulo de Souza Pinto, que também é responsável-técnico pelo congresso, o evento é um espaço para networking e estudo. À Folha, o profissional diz que alerta os pacientes sobre os riscos hormonais. “No meu perfil está escrito em caixa alta que eu não sou endocrinologista”. Segundo ele, a hormonologia não precisa ser uma especialidade médica. Seria uma forma de designar “o estudo dos hormônios”, afirma.
Pinto diz que aprendeu a ministrar hormônios com artigos científicos. “Todo médico tem capacidade de fazer isso”, diz. “Tendo capacidade de interpretação, de leitura, com conhecimentos que adquiri em seis anos de faculdade de medicina, eu posso me aprofundar numa área estudando por artigos científicos.”
O médico é sócio e representante legal da Health Innovation, uma holding financeira que tem como sócia a empresa Bio Meds Brasil, farmacêutica registrada no ramo de medicamentos manipulados e não manipulados com sede em Florianópolis. Ele afirma que não há conflito de interesse em recomendar hormônios e ser sócio de uma farmacêutica voltada a implantes subcutâneos.
Em junho, o CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná), onde possui registro, suspendeu sua licença de trabalho por 30 dias por infração ao código de ética médica. O motivo está sob sigilo.
A Associação Brasileira de Hormonologia (Asbrah), mesma organizadora do congresso, também oferece uma pós-graduação em hormonologia. Feito à distância, o curso é oferecido pela Faculdade de Governança, Engenharia e Educação de São Paulo. A instituição de ensino foi criada em 2019, com sede no município de Avaré, a cerca de 260 km da capital paulista.
Para o médico Paulo Miranda, presidente da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), os cursos são usados para prescrever anabolizantes e fazer um acréscimo perigoso de hormônios entre pacientes. Em especial, a de testosterona para mulheres jovens. “Não existe a condição clínica de ‘baixa testosterona em mulher'”, declara.
Segundo ele, o uso pode causar problemas cardíacos, insuficiência renal, trombose, perda de cabelo, inflamação clitoriana, engrossamento da voz e aumento da agressividade. Nos homens, a testosterona extra tem efeito contrário: o organismo pode parar a produção natural.
“Eles [da hormonologia] usam nomes de cunho de marketing para angariar pacientes que entendem que aquele nome é uma novidade, mas que nada mais é do que uma reformulação de propostas já abandonadas pela ciência com único objetivo de confundir as pessoas”, diz o médico.
A presidente da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), Maria Celeste Osório, afirma que injeções, chips e adesivos são feitos em farmácias de manipulação de “forma industrial”, sem estudos de segurança sobre o conteúdo das fórmulas e inspeção adequada da Anvisa.
A aplicação de um só implante com testosterona pode chegar a R$ 5 mil, afirma. O uso de doses moderadas do hormônio tem sido recomendado apenas para mulheres na pós-menopausa, para lidar com sintomas como desejo sexual hipoativo, e a indicação só é feita após exame clínicos e laboratoriais. “Mulher jovem não precisa nunca [de testosterona]”, reforça.
Outros usos comuns entre mulheres são para o tratamento de hipotireoidismo e indução do parto. Na infância, o hormônio do crescimento também é receitado para problemas de formação.
Já a engenheira biomédica e CEO da farmacêutica BioMeds, Izabelle Gindri, afirma que há uma “distorção da realidade a respeito da forma com que esses produtos são preparados”.
“A regulamentação vem do próprio Conselho Federal de Medicina. A gente não pode fazer propaganda de produto, mas nunca pôde, isso é algo que é dentro do setor de medicamentos”, acrescenta.
Mais de 30 sociedades médicas enviaram cartas, promoveram reuniões e enviaram sugestões de regulação para a prescrição de hormônios e a restrição de cursos livres para ensino do uso de hormônios desde dezembro do ano passado. O caso está sob análise da agência reguladora.
Em nota, o MEC (Ministério da Educação) afirma que as universidades têm autonomia para oferecer cursos de pós-graduação sem autorização do ministério. O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), onde fica a sede da faculdade, também afirma não reconhecer a “hormonologia” como uma especialidade médica.
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
ACRE
Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
2 dias atrásem
12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
Relacionado
ACRE
CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
3 dias atrásem
11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
Relacionado
ACRE
Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
3 dias atrásem
11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
ACRE7 dias agoUfac realiza cerimônia de inauguração do prédio do CFCH — Universidade Federal do Acre
ACRE7 dias agoReitora se reúne com secretário de Educação Superior do MEC — Universidade Federal do Acre
ACRE3 dias agoMestrado em Ciências Ambientais é destacado em livro da Capes — Universidade Federal do Acre
ACRE4 dias agoUfac assina ordem de serviço para expansão do campus Fronteira — Universidade Federal do Acre
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login