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ICMD: Uma nova ferramenta para acabar com a impunidade daqueles que violam as regras da guerra | Opiniões
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Em agosto de 1864, um pequeno grupo de nações adotou uma convenção em Genebra, na Suíça, com o objetivo de melhorar a condição dos feridos na guerra. A Primeira Convenção de Genebra lançou as bases para o quadro jurídico denominado Direito Internacional Humanitário (DIH). Também conhecido como “regras de guerra”, o DIH procura reduzir os danos resultantes dos conflitos armados, restringindo os métodos e meios de guerra.
No entanto, 160 anos após a adopção da Primeira Convenção de Genebra, ainda testemunhamos violações sistémicas do DIH, com consequências devastadoras para milhões de pessoas afectadas por conflitos armados em todo o mundo.
Na verdade, garantir o amplo cumprimento do DIH revelou-se uma tarefa árdua. Apesar da existência de quadros jurídicos robustos, a falta de vontade política e de mecanismos eficazes para responsabilizar os infratores levou a uma impunidade generalizada. Esta impunidade não só está a minar o Estado de direito a nível nacional e internacional, mas também a perpetuar ciclos de violência e sofrimento.
Assim, os organismos internacionais preocupados com a defesa do DIH, como o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e as Nações Unidas, há muito que defendem mecanismos de cumprimento mais fortes.
Na sua 32ª conferência internacional em 2015, por exemplo, o CICV, apoiado pelo governo suíço, propôs uma resolução que criaria uma reunião regular de Estados para relatar o cumprimento do DIH. A esperança era que a reunião pudesse proporcionar aos estados um “espaço seguro” para discutir a implementação do DIH, longe de pressões políticas e pressionar pela responsabilização e cumprimento. A proposta, porém, não recebeu apoio adequado dos estados e não foi instituída.
A recusa persistente dos Estados em adoptar um mecanismo para monitorizar o cumprimento do DIH tem implicações significativas para as vítimas de conflitos armados. A falta de responsabilização prejudica o Estado de direito, torna mais difícil a protecção das populações civis e dificulta as operações de ajuda humanitária em zonas de conflito activo.
Assim, há uma necessidade urgente de estabelecer um sistema independente de monitoramento da conformidade que possa rastrear e relatar possíveis violações do DIH.
O caminho a seguir para o cumprimento do DIH, inspirado no passado
Raoul Wallenberg, enviado especial da Suécia à Hungria ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, salvou dezenas de milhares de judeus húngaros da perseguição nazi, fornecendo-lhes passaportes protectores e abrigando-os em edifícios que declarou como território sueco. Os esforços de Wallenberg foram além da sua missão diplomática; ele mostrou profunda compaixão, humanidade e determinação. Suas ações deixaram um legado duradouro e são um exemplo poderoso de coragem moral e do impacto que um indivíduo pode ter diante do mal.
Em 1984, o Instituto Raoul Wallenberg de Direitos Humanos e Direito Humanitário (RWI) foi criado na Universidade de Lund, na Suécia, para honrar o seu legado e “contribuir para uma compreensão mais ampla e respeito pelos direitos humanos e pelo direito humanitário internacional”.
Hoje, enquanto as promessas de “nunca mais” feitas após a Segunda Guerra Mundial parecem ter sido esquecidas, e enquanto os horrores da guerra continuam a assolar a humanidade no Sudão, Gaza, Ucrânia, Síria, Colômbia, Iémen, Mianmar, Mali, Líbano e outros lugares, A RWI embarcou numa iniciativa inovadora que promete revolucionar a forma como monitorizamos o cumprimento do DIH.
A RWI está a estabelecer uma nova iniciativa de investigação académica, denominada Base de Dados de Monitorização da Conformidade do DIH (ICMD), que pretende tornar-se uma pedra angular da arquitectura global que defende os princípios do DIH. A RWI e os seus parceiros, utilizando as tecnologias mais recentes, recolherão, agregarão e documentarão sistematicamente dados globais sobre alegadas violações do DIH e apresentarão essas informações numa única plataforma acessível. Utilizando tecnologias de aprendizagem automática, o ICMD também poderá recolher e analisar informações de acesso aberto para produzir relatórios de alta qualidade sobre potenciais violações do DIH.
A cobertura global fornecida pelo ICMD permitirá a análise das tendências dentro e através dos conflitos armados, oferecendo informações cruciais para os decisores políticos, profissionais e investigadores. A partir desta riqueza de informações credíveis, o ICMD será capaz de produzir análises de monitorização do cumprimento do DIH de classe mundial. Este trabalho não só promoverá a sensibilização e o conhecimento do DIH, mas também apoiará o discurso político e a defesa do respeito aprofundado do DIH aos mais altos níveis.
A estrada à frente
O contínuo fracasso em defender o DIH representa uma grave ameaça à paz e segurança globais. Mas a hora de agir é agora. Os Estados devem apoiar iniciativas como a ICMD e comprometer-se a reforçar os mecanismos de monitorização do DIH. Como cidadãos, também nós temos um papel: pressionar os nossos governos a dar prioridade ao DIH e exigir uma melhor implementação e aplicação.
O caminho a seguir é longo e desafiador, mas com esforços concertados e um compromisso com a justiça, podemos dar passos significativos rumo a um mundo mais humano e justo. A iniciativa do ICMD incorpora este espírito, oferecendo uma ferramenta poderosa para garantir que as alegadas violações do DIH sejam sistematicamente documentadas para apoiar os esforços para combater a impunidade, restaurar o Estado de direito e reparar os danos causados às vítimas.
Inspiremo-nos na coragem e dedicação de Wallenberg e apoiemos esta nobre e essencial iniciativa, sabendo que forças poderosas ainda procuram minar o objectivo do DIH de limitar os danos da guerra.
As opiniões expressas neste artigo são dos próprios autores e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.
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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre
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23 de outubro de 2025A Coordenadoria de Vigilância à Saúde do Servidor (CVSS) da Ufac realizou, nesta quinta-feira, 23, o evento “Cuidar de Si É um Ato de Amor”, em alusão à Campanha Outubro Rosa. A atividade ocorreu no Setor Médico Pericial e teve como público-alvo servidoras técnico-administrativas, docentes e trabalhadoras terceirizadas.
A ação buscou reforçar a importância do autocuidado e da atenção integral à saúde da mulher, indo além da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. O objetivo foi promover um momento de acolhimento e bem-estar, integrando ações de valorização e promoção da saúde no ambiente de trabalho.
“O mês de outubro não deve ser apenas um momento de lembrar dos exames preventivos, mas também de refletir sobre o cuidado com a saúde como um todo”, disse a coordenadora da CVSS, Priscila Oliveira de Miranda. Ela ressaltou que muitas mulheres acabam se sobrecarregando com as demandas da casa, da família e do trabalho e acabam deixando o autocuidado em segundo plano.
Priscila também explicou que a iniciativa buscou proporcionar um espaço de pausa e acolhimento no ambiente de trabalho. “Nem sempre é fácil parar para se cuidar ou ter acesso a ações de relaxamento e promoção da saúde. Por isso, organizamos esse momento para que as servidoras possam respirar e se dedicar a si mesmas.”
O setor mantém atividades contínuas, como consultas com clínico-geral, nutricionista e fonoaudióloga, além de grupos de caminhada e ações voltadas à saúde mental. “Essas iniciativas estão sempre disponíveis. É importante que as mulheres participem e mantenham o compromisso com o próprio bem-estar”, completou.
A programação contou com acolhimento, roda de conversa mediada pela assistente social Kayla Monique, lanche compartilhado e o momento “Cuidando de Si”, com acupuntura, auriculoterapia, reflexologia podal, ventosaterapia e orientações de cuidados com a pele. A ação teve parceria da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e da especialista em bem-estar Marciane Villeme.
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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.
Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”
Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.
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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.
A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.
A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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