POLÍTICA
Justiça conclui processo sobre plano para assassin…
PUBLICADO
10 meses atrásem
Laryssa Borges
A vida do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) virou de cabeça para baixo nos primeiros dias de fevereiro de 2023. Convocado para uma reunião de emergência com integrantes do recém-empossado governo Lula, o ex-juiz da Lava-Jato foi informado de que seu nome integrava uma lista de marcados para morrer da maior facção criminosa do país. Mais que isso: tempos depois, soube-se que a rotina da esposa e dos dois filhos do casal estava sendo monitorada havia meses, o plano para capturar o parlamentar já estava em pleno andamento em Curitiba, onde mora a família, e envolvia ao menos uma dezena de pessoas, armamentos pesados e explosivos de detonação remota para sevícias inimagináveis. As investigações revelaram que os suspeitos eram ligados ao PCC. Na semana passada, a Justiça Federal condenou oito integrantes da facção a penas de até catorze anos de prisão por participação no planejamento do sequestro. Mas há um preocupante capítulo ainda a descoberto neste caso: em quase dois anos de investigação, não se sabe quem, de fato, deu ordens para a execução do crime.
VEJA teve acesso à íntegra do processo — um calhamaço de mais de 7 000 páginas ainda mantido em sigilo. Nele estão reunidos documentos que revelam o poder e o nível de ousadia dos criminosos. Durante as investigações, a polícia descobriu, por exemplo, que outros políticos estiveram no radar da facção. No computador de um deles foram encontradas fotos das residências oficiais da Câmara dos Deputados e do Senado. Em uma das operações de busca, os agentes apreenderam um cartão de memória que continha imagens de uma mulher dirigindo uma Pajero preta em São Paulo. Pela placa, os policiais identificaram a motorista, uma advogada, ex-mulher do deputado federal Delegado Da Cunha (PP-SP). Segundo a PF, possivelmente era uma “tentativa de intimidação” — ou, o mais provável, algum tipo de “represália” que estaria sendo preparada contra o parlamentar.
Membro da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, Delegado Da Cunha é conhecido por se gabar nas redes sociais de enfrentar criminosos de alto calibre, especialmente os ligados ao PCC. Procurado por VEJA, o parlamentar não se manifestou. O vídeo com imagens de sua ex-mulher estava na casa de Janeferson Gomes, o Nefo, personagem principal do caso, encarregado de escrutinar a vida de Sergio Moro e colocar o plano de captura em ação. Preso durante as investigações, o criminoso permaneceu em silêncio e nunca revelou a origem do plano para matar o senador. Nem revelará. Em junho do ano passado, ele foi morto a punhaladas dentro do presídio de Presidente Venceslau, em São Paulo. A polícia até hoje não conseguiu desvendar o motivo da execução. Uma das suspeitas é exatamente a de que foi uma queima de arquivo. Ou seja, Nefo teria sido eliminado por ordem do PCC para evitar a identificação dos mandantes do sequestro do ex-juiz e eventualmente também de outras autoridades.
O rapto de autoridades, prática que aterrorizou o México e a Colômbia nos anos 1980 e 1990, tem como principal objetivo forçar uma troca de prisioneiros. No caso brasileiro, a Polícia Federal não descarta a hipótese de que a ação contra Moro visaria à libertação de Marcos Camacho, o Marcola, líder do PCC, preso há quase trinta anos no presídio de segurança máxima de Brasília. A investigação, porém, não avançou. Depois da condenação de seus algozes, Moro encaminhou um pedido à Justiça para que se abra um novo inquérito com o objetivo de tentar identificar quem deu a ordem para sequestrá-lo. Os documentos e mensagens anexados ao processo forneceram algumas pistas. Em uma conta de e-mail ligada a um dos investigados, por exemplo, os agentes encontraram um bilhete com instruções que acreditam ser de um narcotraficante ligado a Marcola.

Autora da sentença que condenou os criminosos, a juíza Sandra Regina Soares foi enfática: “O delito foi cometido contra uma autoridade pública, mas também visou atingir, de maneira simbólica e concreta, a própria estrutura de poder e governança do Estado. Este motivo evidencia uma especial gravidade da conduta, pois revela o dolo qualificado de atacar não apenas a vítima, mas o funcionamento das instituições democráticas”. O episódio realmente não pode cair no esquecimento. Com um poder de fogo cada vez maior, as facções expandiram sua atuação para vários mercados, como o de combustíveis, e aumentaram o grau de ousadia nas ações, conforme ficou claro no episódio da tentativa de sequestro de Moro. Ainda há muito a ser elucidado no caso, mas uma coisa é certa: o crime organizado no Brasil mudou de patamar.
Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
Matheus Leitão
Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
“Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável!” (Ciro Gomes, ex-ministro da Fazenda, usando as redes sociais para reclamar da troca de Carlos Lupi por Wolney Queiroz, seu desafeto no PDT, no comando do Ministério da Previdência Social)
Digital Completo
Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES
Revista em Casa + Digital Completo
Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês
*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.
PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Relacionado
Felipe Barbosa
Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Digital Completo
Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES
Revista em Casa + Digital Completo
Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês
*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.
PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Relacionado
POLÍTICA
A articulação para mudar quem define o teto de jur…
PUBLICADO
7 meses atrásem
5 de maio de 2025Nicholas Shores
O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica.
Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.
A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira.
Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.
Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios.
Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.
Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.
Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.
Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.
Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.
Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
ACRE6 dias agoProjeto Político Curricular — Universidade Federal do Acre
ACRE6 dias agoAlmecina Balbino é empossada pró-reitora de Inovação e Tecnologia — Universidade Federal do Acre
ACRE5 dias agoSeminário do mestrado em Geografia da Ufac ocorre de 24 a 26/11 — Universidade Federal do Acre
ACRE4 dias agoProfessora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre


Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login