POLÍTICA
Malafaia escancarou o racha da direita e Bolsonaro…

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8 meses atrásem
Matheus Leitão
“Covarde, omisso, que se baseia em redes sociais e não quer se comprometer. Fica em cima do muro. Para ficar bem, sabe com quem? Com seguidores [de redes sociais]. […] Que porcaria de líder é esse?” A verborragia, sabemos, é do líder evangélico Silas Malafaia em entrevista à jornalista Mônica Bergamo da Folha de S.Paulo. Houve quem achasse um absurdo dar ouvidos a Malafaia, que não tem cargo e nem filiação partidária. Creio que por estes motivos mesmos é que se tenha de prestar atenção ao que vociferou o pastor na última semana. Malafaia foi lá e puxou a corda. Testou para ver até onde vai a força de Bolsonaro como líder da direita. E por que ele fez isso? Porque as urnas parecem ter dito que a direita não tem dono e, talvez, ainda é só um talvez, o eleitor médio esteja querendo um líder mais palatável. É hora, portanto, de colocar o líder na berlinda.
O primeiro ponto a se olhar é a vitória dos partidos de centro e de direita. A alcunha de centro é sempre atrelada ao fisiologismo político, mas há de se concordar que é esta a história do voto na Nova República. Eleitores nos últimos quarenta anos tem se mostrado assim: um tanto quanto conservadores, religiosos e com hábitos tradicionais do ponto de vista familiar. Ao menos este é o filme quando olhamos para o período, com raras exceções à esquerda, quando na primeira década do século se viu um voto mais “progressista”. Ou com uma guinada bem mais à direita, quando se materializou um eleitor mais reacionário desde a eleição de 2018, quando Bolsonaro fez coro e puxou a direita para um lugar de liderança no cenário nacional.
Perceba que Bolsonaro é o líder desta direita e ninguém ainda ousa dizer completamente o contrário, embora muitos arrisquem veladamente com frases soltas aqui e ali. Malafaia, por mais que tenha sido enfático em suas palavras, entende o poder do ex-presidente, mas percebe que o cenário que vai se mostrando é outro. Se no passado quem brigasse ou ousasse discordar do ex-presidente era catapultado ao ostracismo, a exemplo de Joice Hasselmann e João Doria, o enredo agora é um pouco distinto.
Bolsonaro está inelegível, nunca teve uma história de lealdade partidária. Por onde passou valeu-se de extrair para si e para a família o que lhe era necessário. Terminado o extrativismo, pulava fora. Passou por 8 partidos e amealhou seguidores fanáticos, mas pouquíssimos apoiadores leais. E em momentos difíceis, principalmente no contexto da vida partidária, amigos leais fazem a diferença. Lula e o PT que o digam.
Um segundo ponto é que por estes motivos todos, Bolsonaro se tornou um líder duvidoso. Tivesse ido para o embate, mesmo perdendo, talvez colhesse outros frutos. Não o fez porque não seria capaz. Ele nunca perdeu eleição e quando perdeu, tentou ganhar no tapetão e na base do golpe. E agora tem seguidores, muitos eleitores, mas não pode ser votado. Seu papel é o de cabo eleitoral, mas ele não gostou da indumentária do coadjuvante. O sistema partidário não pode esperar e a fila anda.
E aí é que voltamos ao começo do texto. Malafaia está testando quem pode ser o substituto. Aparentemente aponta o dedo para Tarcísio de Freitas, o tal líder moderado do bolsonarismo. Ora, ora.. de novo vem a pergunta: mas por que Malafaia teria essa prerrogativa? Há outros tantos que o têm, claro. Ciro Nogueira saiu em ofensiva para demarcar território, por exemplo.
Mas a resposta à importância da fala de Malafaia eu deixo a cargo do próprio Bolsonaro que silenciou e amenizou a situação. Se o fez, é porque entende que a liderança do pastor frente à parcela dos muitos evangélicos é importante, bem como seu poder sobre a bancada de pastores é igualmente inquestionável. Assim como um certo poder sobre ele, Bolsonaro, também parece ficar escancarado. “Vamos pra rua e para de chorar” diz Malafaia em certo momento da entrevista. Ele se coloca como tutor de Bolsonaro que aparentemente veste a carapuça.
Em tempo, vale lembrar que mesmo se colocando com um líder suprapartidário e testando seus poderes nesse campo, Malafaia faz todo o escarcéu porque sai em defesa de seu próprio reduto, ou seja, a igreja como instituição que faz a mediação entre fiel e o divino. Não por acaso, menciona o poder e a inteligência de Marçal ao criar uma legião de mais de dois milhões de adeptos que compram seus cursos, formam núcleos e são instados a professar sua fé sem a intermediação da igreja e a contribuição de dízimos. Sua revolta é também uma cobrança aos que não estiveram nessa trincheira com ele, mas também um alerta ao discurso antissistema não só no campo político, mas – e principalmente – religioso.
E sobre o novo líder que possa fazer coro ao voto da massa que parece se identificar com a centro-direita? Há muitos, obviamente. Mas uma coisa é certa: não será apenas com Jair Bolsonaro e com o PL de Valdemar da Costa Neto que esse jogo terá de ser combinado, mas com todos os partidos que têm colhido frutos da guinada à direita dos últimos anos. O União Brasil com o governador Ronaldo Caiado, o Republicanos com o governador Tarcísio de Freitas, o PP de Ciro Nogueira, o PSD de Kassab, todos estarão sentados à mesa querendo uma fatia desse bolo. Gilberto Kassab, que olha mais para 2030, seja pela conjuntura, seja pela por interesses próprios, parece ser o que mais tem noção do que vem pela frente, a se ver.
* Rodrigo Vicente Silva é mestre e doutorando em Ciência Política (UFPR-PR). Cursou História (PUC-PR) e Jornalismo (Cásper Líbero). É editor-adjunto da Revista de Sociologia e Política. Está vinculado ao grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem). Contribui semanalmente com esta coluna
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POLÍTICA
CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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1 mês atrásem
5 de maio de 2025
Marcela Rahal
Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.
Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.
Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.
O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.
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POLÍTICA
Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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1 mês atrásem
5 de maio de 2025
Ludmilla de Lima
Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.
Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano.
A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.
A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.
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POLÍTICA
Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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1 mês atrásem
5 de maio de 2025
Matheus Leitão
A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.
Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.
Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.
“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.
A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.
“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana.
A seguir as cenas dos próximos capítulos…
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