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Mayhem: Lady Gaga vive uma personagem com pop que a pariu – 07/03/2025 – Ilustrada

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Mayhem: Lady Gaga vive uma personagem com pop que a pariu - 07/03/2025 - Ilustrada

Guilherme Luis

Para quem prometeu caos, Lady Gaga está confortável até demais. Seu novo disco, “Mayhem”, algo como o mais violento pandemônio, saiu nesta sexta-feira sob a expectativa visceral dos fãs de que a diva voltasse às suas origens —a estranheza que há quase 20 anos fez Stefani Germanotta virar Lady Gaga para abrir um novo capítulo do pop.

E parecia mesmo que “Mayhem” remeteria aos seus primórdios, não como uma cópia dos primeiros discos, mas uma versão evoluída deles. “Disease” e “Abracadabra”, as primeiras músicas lançadas, têm clipes bizarros, no melhor estilo Gaga, com ela vestida de monstro, figurinos espalhafatosos, caras e bocas e danças teatrais. A Gaga do antigo testamento voltou, fãs escreviam na internet.

Mas Lady Gaga é ótima atriz, e seu “Mayhem” é prova disso. A cantora faz nele uma performance daquilo que seus admiradores mais ardentes não conseguem desapegar —uma personagem antiga, cria do seu tempo, que já foi trocada por tantas outras, e que há tempos não lhe cabia mais.

A Gaga do novo álbum é quase como aquela de 2008, chamada de bizarra, imoral e de endemoniada. À época, a mãe monstro, como foi apelidada pelos fãs, queria ruir o pop colorido, fofo, pudico e moral. Gaga seguiu por anos assim, incômoda, ferrenha contra o conservadorismo, dizendo que amava Judas e que nascer transexual era completamente normal. Virou mãe de toda uma geração de pessoas LGBTQIA+, quando ser gay ainda era viver às sombras.

É esse público que clamava pela Gaga das antigas, após ela fazer incursões pelo cinema, ser indicada ao Oscar, lançar três discos de jazz, cantar música country e deixar sua extravagância para virar uma diva tradicional, elegante, comportada —não do tipo que usa vestidos de carne, como antes.

O que a fez querer voltar para o dark pop, onde tudo começou?, perguntaram a Gaga em uma conversa com fãs para divulgar o lançamento. “Crio personagens para cada sonoridade. Eu voltei ao dark pop porque pareceu seguro, e não fiz isso antes porque não parecia”, ela respondeu. “Peço desculpas, inclusive, porque sei que era o que vocês mais queriam, mas agora estamos de bem de novo”, acrescentou, fazendo seus fiéis darem risada.

Mas, na verdade, o que o “Mayhem” mostra, em 14 faixas, é uma mistura das várias personas da cantora americana, que, hoje fica claro, interpretou figuras não só em filmes, mas também nos palcos. Essa que aparece agora é uma versão da Gaga original, mas mais plastificada, menos agressiva, remodelada por uma série de referências, do seu próprio trabalho e também das que hoje regem a indústria da música.

“How Bad do U Want Me”, por exemplo, vem sendo comparada ao pop burocrático e cheio de sintetizadores dos últimos discos de Taylor Swift —acusada de ser uma artista que não sai da zona de conforto. Antes dela, “LoveDrug”, a mais genérica do álbum, soa como uma faixa que daria certo da boca de cantoras menos criativas.

O pop do qual Gaga nasceu era bruto, feito para as pistas, cheio de personalidade e de estilizações —do inconfundível “mum-mum-mah” de “Poker Face” aos “ga-ga-uh-lá-lá” de “Bad Romance”. Assim, pôr no novo disco “Abracadabra”, com o mesmo tipo de efeito no refrão —”morta-oo-ga-ga”— é uma apelo à nostalgia.

Dá certo, ainda que a estratégia não se sustente por todo o álbum, que depois corre por um lado mais dançante e comportado, ora oitentista, como em “Zombieboy”, ou mais eletrônico, como em “Killah”, com o DJ francês Gesaffelstein. Mas a agressividade dos singles demora a aparecer de novo.

Isso não é exatamente ruim. “Mayhem” tem o melhor de Gaga, e “Disease”, a faixa de abertura, é prova disso. Tão obscura quanto os fãs queriam, a faixa se entrelaça perfeitamente à quarta, “Perfect Celebrity”, um rock de vocais rasgados sobre a relação de Gaga com a fama.

Outro destaque é “The Beast”, em que Gaga brinca com a ideia de ter alter egos, e clama para que outra pessoa liberte a besta que esconde, como ela mesma faz. “Blade of Grass”, em seguida, é a favorita da cantora. Romântica, grave, dramática, narra a história real de como Gaga foi pedida em casamento pelo seu noivo, o empresário Michael Polansky.

Gaga está ainda mais apaixonada em “Die With a Smile”, hit lançado por ela com Bruno Mars. Dueto feito para tocar em casamento, entoado por duas das maiores vozes do pop atual, ficou 121 dias no topo da parada global do Spotify, um recorde para a plataforma. A faixa soa deslocada no álbum, é verdade, mas o conclui de maneira apoteótica.

“Die With a Smile”, aliás, deve tremer Copacabana no dia 3 de maio, quando a cantora sobe ao palco dominado por Madonna no ano passado para fazer um megashow, gratuito, e que ela deve aos fãs brasileiros há oito anos. Horas antes de se apresentar no Rock in Rio, em 2017, a cantora anunciou que não viria por problemas de saúde. A decepção virou meme, e um fantasma na vida de Gaga, que desde então é cobrada para voltar ao país. Seu único show aqui foi em 2012.

À época, Gaga vivia um auge. Tinha lançado o “Born This Way”, seu disco mais popular e era tida como a nova Madonna. Mas, dois anos depois, enfrentou sua primeira queda com “Artpop”, disco que foi considerado ruim por ser mais conceitual e experimental que os anteriores.

E daí tudo desandou. Pelo menos para a Gaga do pop. Porque foi quando ela quis mostrar ao mundo que não era tão endiabrada assim, e se lançou cantora de jazz com “Cheek to Cheek”, um disco em parceria com Tony Bennett, um dos maiores músicos dos Estados Unidos. A junção, que parecia estapafúrdia, não poderia ter funcionado melhor. Gaga finalmente mostrou a potência dos seus vocais, e com Bennett venceu o Grammy de melhor álbum vocal pop tradicional.

Dois anos depois Gaga lançou “Joanne”, um disco que mistura country a pop e rock. Na capa, ela aparece de perfil, quase de cara lavada, sem nenhum figurino, apenas um chapéu de caubói —cor-de-rosa, porque ainda era um álbum de Lady Gaga. O projeto teve só um hit, pouco para uma diva do seu tamanho, “Million Reasons”, uma balada emotiva, tocada no piano. Onde foi parar a Gaga das antigas?, se perguntavam os fãs órfãos.

Para entender, não é preciso vê-la interpretando Arlequina, a melhor parte do novo “Coringa”, nem fazendo a italiana afetada Patrizia Reggiani de “Casa Gucci” e tampouco como a roqueira de “Nasce Uma Estrela”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Lady Gaga, afinal, já atuava muito antes disso.



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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