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Medo de ir à igreja: brasileiros mudam rotina nos EUA – 29/01/2025 – Mundo

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3 meses atrásem
Vitor Tavares, Mariana Sanches
A caixa de mensagens do influenciador mineiro Junior Pena, popular entre a comunidade de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, tem se enchido na última semana com relatos de famílias vivendo assustadas no país.
São pessoas que mudaram a rotina, passaram a evitar sair de casa e até cogitam voltar o mais rápido possível ao Brasil diante das notícias do cerco do presidente Donald Trump a imigrantes sem documentos, conta Pena, que tem mais de 1 milhão de seguidores no TikTok e vive nos EUA há 15 anos.
O efeito das promessas de endurecimento das políticas de deportação e anúncios de blitz para capturar imigrantes em situação irregular também já pode ser sentido em ambientes frequentados pela comunidade brasileira, como mercados e igrejas evangélicas, segundo relatos ouvidos pela BBC News Brasil.
“Os cultos estão bem mais vazios, as pessoas estão com medo até de ir para a Igreja”, diz Fernanda*, estudante que mora em uma das cidades americanas que mais concentram brasileiros.
Desde que reassumiu o cargo em 20 de janeiro, Trump anunciou uma série de decretos relacionadas à imigração, abrindo caminho para um esforço generalizado de repressão a migrantes sem documentos nos EUA.
Em mais de 21 ações, Trump tomou medidas para reformular partes do sistema de imigração dos EUA, incluindo como os migrantes são processados e deportados do país.
Entre essas novas regras, está a liberação da detenção de imigrantes em igrejas, escolas e clínicas. Além disso, agentes como os policiais do Departamento Antidrogas do país ou os Marshals, como são conhecidos alguns agentes federais de busca a foragidos, receberam ordens para também fazerem a detenção de imigrantes irregulares.
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Em declarações à imprensa, membros do governo americano e a Casa Branca têm dito que o foco das operações são imigrantes “criminosos” que ameaçam “a segurança pública e a segurança nacional”.
Mas são os relatos sobre pessoas que não cometeram crimes nos EUA, mas foram detidas mesmo assim, que têm assustado a comunidade brasileira.
Na quinta-feira (23), por exemplo, o prefeito de Newark (Nova Jersey), Ras Baraka, um democrata, afirmou em um comunicado que agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) “invadiram um estabelecimento local, detendo residentes sem documentos, bem como cidadãos, sem apresentar um mandado.”
A CBS News, parceira da BBC nos EUA, reportou a história de uma mulher venezuelana detida em uma operação em Miami. Ela estava no meio do processo para conseguir a cidadania, com data marcada para audiência, disse o seu marido.
Nesta terça-feira (28), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse em sua primeira entrevista coletiva do novo governo que qualquer pessoa que tenha migrado irregularmente para os EUA é um “criminoso”. “Se eles violaram as leis da nossa nação, eles são criminosos”, disse ela.
Karoline Leavitt acrescentou que Trump quer que todos os imigrantes ilegais sejam removidos —desde estupradores e assassinos até migrantes sem documentos e sem registros criminais.
Medo de estar ‘no lugar errado, na hora errada’
Os brasileiros entrevistados pela BBC News Brasil repetiram com frequência que o governo Trump de fato está em busca de imigrantes “criminosos”, e não dos “trabalhadores”, como foi dito ao longo da campanha do republicano.
Mas as mensagens que chegam pelo WhatsApp têm alertado sobre o chamado “dano colateral”, um termo usado por autoridades americanas para designar imigrantes sem documentos, mas sem ficha criminal, que acabam sendo levados junto aos alvos primários dos agentes atualmente, aqueles com crimes pregressos.
“As pessoas estão bem assustadas e com muito medo. E a gente tenta cuidar, ver com quem está trabalhando, com quem está andando, porque se estiver próximo a alguém que tem problema, vai acabar sendo um dano colateral, né?!”, diz Dinorah*, moradora da Carolina do Norte que entrou no país com um visto de turismo e nunca mais partiu.
“Eu acredito que eles querem pegar bandidos para deportação. Mas se você estiver no lugar errado na hora errada, vai ser pego”, completa Ricardo*, brasileiro que é acompanhado por milhares de imigrantes nas redes sociais.
Ricardo diz que a orientação de advogados com quem conversou é não ir a lugares com muitos imigrantes e evitar conviver com pessoas cujo passado ou ficha criminal você não conhece.
“Se você mora numa casa com muitos imigrantes, eles podem ir lá pegar uma pessoa e levar todo mundo que está dentro da residência”, diz Ricardo.
Uma semana após a posse de Trump, Rafael*, um brasileiro sem documentos que vive na Flórida, teve reunião com a advogada responsável por sua defesa nos processos de migração na Justiça dos EUA.
“Ela nos disse que não é para ir a supermercado brasileiro, festa de imigrante, evitar qualquer aglomeração, né?!”
A rotina dele atualmente se resume ao deslocamento entre sua casa e os locais de trabalho, que variam. Evangélico, ele diz que o “medo aumentou” desde a posse de Trump, mas que “seja feita a vontade de Deus”.
Nas conversas com a comunidade brasileira, o influenciador Junior Pena também tem falado sobre “andar pisando em ovos”. Ou seja, que os brasileiros tentem não chamar a atenção, inclusive no trânsito: “Digo para dirigir no limite de velocidade, não furar o sinal vermelho”, diz Pena, que além de influenciador, atua na construção civil e vive no país sem documentos.
Mesmo estando há 15 anos nessa situação, Pena diz que leva uma vida “normal”, podendo viajar de férias em voos internos, tirar carteira de motorista e alugar casas.
Mas, agora, os planos também mudaram. “Eu tinha viagem marcada para visitar o Alasca, mas não vou mais. Não é o momento para a gente entrar no avião.”
O novo momento vivido nos EUA tem afetado até aqueles que estão com a documentação em dia.
Fernanda, que estuda teologia e vende comida brasileira em Massachusetts, diz que ela própria diminuiu a frequência de ir à igreja. “A gente nunca sabe o que pode acontecer”, reflete a brasileira, que diz ter percebido o templo se esvaziar.
Um pastor brasileiro com atuação em Orlando, que preferiu falar à BBC News Brasil reservadamente para não se associar ao tema, disse que a sua igreja “não recomenda nem estimula ninguém a vir aos Estados Unidos sem as devidas autorizações” e que até por isso não oferece auxílio jurídico aos fiéis em situação irregular no país.
“Lógico que causa pânicos nas pessoas, grande parte imigrante sem documento, que não são criminosos nem delinquentes”, diz o pastor, que afirma: “Depende do lado que se vê: para o cidadão americano que se viu mais pobre e inseguro, [as deportações] podem parecer ‘precaução’. Para os imigrantes indocumentados: tragédia, sem dúvida.”
‘Dias de terror psicológico’
O influenciador Junior Pena acredita que essa primeira semana de Trump tem sido dias de “terror psicológico” para a comunidade de imigrantes brasileiros.
O nível de tensão das pessoas aumentou após virem à tona notícias sobre maus tratos contra brasileiros no voo com deportados no último sábado (25/1).
Uma brasileira em Massachusetts escreveu uma mensagem à BBC News Brasil dizendo que está “por um triz de pegar meus filhos e ir embora”.
“Ninguém quer passar por aquilo, ficar acorrentando, sofrer no calor, ainda mais com filhos pequenos”, opina Pena.
“A gente tem ouvido falar que serão cem dias de puro terror, que Trump vai mostrar a força que ele tem e fazer o que prometeu, que é a deportação”, completa o influenciador.
O mesmo prazo é citado por Ricardo: “Depois de uns cem dias, a vida vai voltar a ter mais normalidade”.
Para Igor*, de Utah, está havendo um certo pânico desmedido em relação a tais batidas da migração. “Ficam o tempo todo no grupo de zap dizendo que o ICE [Serviço de Imigração e Alfândega] está aqui, que o ICE está ali. Bobagem”, diz ele.
Outros brasileiros com quem a BBC News Brasil conversou relatam que os grupos de WhatsApp estão fervilhando com vídeos de supostas blitzes policiais para pegar imigrantes—o que muitas vezes não se confirma.
“Para mim, não mudou nada desde a chegada do Trump, está tudo igual. Aliás, acho até que estou trabalhando mais. E a gente é imigrante e escolheu viver aqui, tem que respeitar as decisões deles”, diz o brasileiro Igor, que atualmente tenta regularizar seu status migratório.
Os debates acalorados entre grupos de brasileiros colocam em lados distintos aqueles que estão com medo e outros que falam que “isso sempre existiu”, numa referência aos números de deportação no governo democrata de Barack Obama, maiores que no primeiro mandato de Trump, por exemplo.
“Mas se isso já acontece sem o presidente falar que vai fazer, imagina com um falando que vai”, resume Ricardo.
* Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados
Esta reportagem foi originalmente publicada aqui.
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Após racismo em shopping, estudantes fazem manifestação com dança em SP; vídeo

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25 de abril de 2025
Estudantes do Colégio Equipe, em São Paulo, fizeram uma manifestação contra um caso de racismo no Shopping Pátio Higienópolis. Com danças, músicas e jograis, eles pediram justiça contra o preconceito sofrido por dois adolescentes pretos. Racistas não passarão!
Isaque e Giovana, alunos da escola, foram abordados por um segurança enquanto esperavam na fila da praça de alimentação. Eles estavam acompanhados de uma colega branca, que foi abordada pela segurança e questionada se os amigos a “incomodavam”.
Nesta terça-feira (23), estudantes, professores, familiares e movimentos sociais tomaram as ruas da região próxima ao shopping. Ao som de Ilê Aiyê, música de Paulo Camafeu, as crianças deram um show e mostraram que o preconceito não tem vez!
Ato de resistência
A resposta ao caso de racismo veio uma semana depois. Com o apoio de diversos movimentos, os estudantes organizaram a manifestação potente e simbólica.
Eles caminharam pelas ruas e avenidas da região até o Shopping. Lá, leram um manifesto emocionado, que foi repetido em jogral.
Dentro e fora do estabelecimento, o recado foi bem claro: basta de racismo! “Abaixo o racismo! Justiça para Isaque e Giovana”, disse o Colégio Equipe em uma postagem nas redes.
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Histórico de discriminação
Não foi a primeira vez que estudantes pretos do Colégio Equipe enfrentaram preconceito no Pátio Higienópolis.
Em 2022, outro aluno foi seguido por um segurança dentro de uma loja.
A escola afirmou que tentou dialogar com o shopping na época, mas sem sucesso.
Desta vez, a resposta foi outra: “Ao final, convidamos a direção do shopping para uma reunião no Colégio Equipe. A advogada que recebeu os representantes se comprometeu a encaminhar e responder ao convite.”
Internet apoia
Postado na internet, o vídeo do protesto teve milhares de visualizações e recebeu apoio dos internautas.
“Parabéns escola! Parabéns alunos! Me emocionei aqui! Fiquei até com vontade de mudar meu filho de escola”, disse a ativista Luisa Mell.
Outro exaltou o exemplo de cidadania dos pequenos.
“Cidadania na prática! Que orgulho de toda a equipe e pais. Que orgulho desses alunos que foram solidários. Incrível!”.
O racismo tem que acabar!
Veja como foi a manifestação dos estudantes:
O recado foi certeiro: não passarão!
Uma verdadeira festa da democracia:
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Cai preço dos seguros dos carros mais vendidos no Brasil; Top 10

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25 de abril de 2025
Notícia boa para o consumidor. Enquanto tudo sobe, cai o preço dos seguros dos carros mais vendidos no Brasil. É o que revela um novo estudo divulgado esta semana.
Conduzida pela Agger, plataforma especializada no setor de seguros, a pesquisa mostrou que o custo médio para proteger os dez veículos com maior volume de vendas no país teve redução de 5,4%. Os dados foram analisados entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025.
Dentre os modelos avaliados, o Renault Kwid se destacou ao apresentar a maior diminuição no valor, com queda de 12,5%. A queda nos preços reflete uma série de fatores, desde o perfil dos condutores até as estratégias adotadas pelas seguradoras para se manterem competitivas.
Carros com maiores descontos
Entre os modelos analisados, vários apresentaram queda no valor das apólices. Veja os destaques:
- Renault Kwid: queda de 12,5%
- Volkswagen T-Cross: queda de 11,22%
- Honda HR-V: queda de 8,29%
- Fiat Argo: queda de 7,73%
- Fiat Mobi: queda de 6,06%
- Hyundai Creta: queda de 5,88%
- Volkswagen Polo: queda de 1,27%
- Chevrolet Onix: queda de 0,43%
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Impacto para motoristas
Para quem está pensando em contratar ou renovar o seguro, a notícia é animadora.
Com os valores mais baixos, fica mais fácil encontrar um plano acessível e que tenha boa cobertura.
Segundo Gabriel Ronacher, CEO da Agger, “é essencial que os motoristas busquem a orientação de corretores especializados para garantir a melhor cobertura e custo-benefício”, disse em entrevista à Tupi FM.
Impacto nos preços
De acordo com o estudo publicado pela Agger, quatro fatores explicam o motivo dos preços de um seguro.
O histórico do motorista é o principal. Quem não se envolve em acidentes tende a pagar menos.
A idade e o valor do carro também interferem. Veículos mais caros ou com peças difíceis de achar têm seguros mais altos.
Proprietários que moram em regiões com mais roubos ou colisões também tendem a pagar mais.
Por último, o perfil do consumidor, como idade, gênero e até mesmo hábitos de direção.
O Renault Kwid teve uma redução de mais de 12% no preço do seguro. – Foto: Divulgação
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Estudantes de Medicina terão de fazer nova prova tipo “Exame da OAB”; entenda

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25 de abril de 2025
A partir de agora, é como com os bacharéis de Direito: se formou, será submetido a uma avaliação específica para verificar os conhecimentos. Os estudantes de medicina terão de obrigatoriamente fazer uma prova, no último ano do curso, tipo exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O exame já será aplicado, em outubro de 2025, e mais de 42 mil alunos devem ser avaliados. Será um exame nacional e anual. Porém, diferentemente do que ocorre no Direito, o resultado não será uma exigência para o exercício da profissão. O Ministério da Educação (MEC) lançou o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) para avaliar a formação dos profissionais no país.
Para os ministros Camilo Santana (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde), o exame vai elevar a qualidade da formação dos médicos no Brasil, assim como reforçar a humanização no tratamento dos pacientes.
Como vai funcionar
A nota poderá servir como meio de ingresso em programas de residência médica de acesso direto. A prova será anual. O exame vai verificar se os estudantes adquiriram as competências e habilidades exigidas para o exercício prático e efetivo da profissão.
Também há a expectativa de que, a partir dos resultados, seja possível aperfeiçoar os cursos já existentes, elevando a qualidade oferecida no país. Outra meta é unificar a avaliação para o ingresso na residência médica.
Há, ainda, a previsão de preparar os futuros médicos para o atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde). Os médicos já formados, que tiverem interesse, poderão participar do processo seletivo de programas de residência médica de acesso direto.
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O que os resultados vão mudar
Os resultados poderão ser utilizados para acesso a programas de residência médica. Caberá ao estudante decidir se quer que a nota seja aplicada para a escolha do local onde fará residência.
A estimativa é de que 42 mil estudantes, no último ano do curso de Medicina, façam o exame. No total são 300 cursos no país, com aplicação das provas em 200 municípios.
O exame será conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em colaboração com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Segundo as autoridades, a ideia é unificar as matrizes de referência e os instrumentos de avaliação no âmbito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para os cursos e a prova objetiva de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).
Como fazer as inscrições
Os interessados deverão se inscrever a partir de julho. O exame é obrigatório para todos os estudantes concluintes de cursos de graduação em Medicina.
A aplicação da prova está prevista para outubro e a divulgação dos resultados individuais para dezembro.
Para utilizar os resultados do Enamed para o Exame Nacional de Residência, é necessário se inscrever no Enare e pagar uma taxa de inscrição (exceto casos de isenção previstos em edital).
Os estudantes que farão o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes e que não pretendem utilizar os resultados da prova para ingressar na residência, pelo Enare, estarão isentos de taxa, segundo o MEC.
O exame será aplicado, em outubro de 2025, e cerca de 42 mil estudantes devem fazer a prova. Foto: Agência Brasil
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