Minas Gerais, tradicional produtora de café arábica, amplia área do produto do tipo conilon. Já o Espírito Santo, tradicional produtor de café conilon, aumenta a área de café arábica. É o que mostra a Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) nesta terça-feira (21). Segundo o órgão do governo, os mineiros tinham 47% a mais de área de café conilon em formação no ano passado
Os capixabas aumentaram as apostas no arábica e ampliaram a área em formação para 17,3 mil hectares, 20% a mais do que no ano anterior. Ao todo, o país tinha 354 mil hectares de áreas de café em formação em 2023 e 1,9 milhão em fase produtiva.
Mato Grosso elevou o plantio, mas Goiás diminuiu. Em Minas Gerais, a área de canéfora (conilon ou robusta) em formação ainda é restrita, somando 1.542 hectares.
Em um novo prognóstico de safra, a Conab estimou em 54,2 milhões de sacas a produção de café em 2024, uma queda de 2% sobre a do ano imediatamente anterior. A produção de arábica subiu 2%, para 39,6 milhões de sacas, e a de conilon recuou para 14,6 milhões de sacas, 10% a menos.
Com pouco crescimento na oferta de café arábica e queda na de conilon, o Brasil ajudou a influenciar fortemente os preços internacionais. A queda no Brasil se somou à do Vietnã, principal produtor de conilon no mundo.
Foi um ano de bolso cheio para os produtores que ainda tinham produto para comercializar. A saca de café arábica, que está sendo negociada a R$ 2.275 neste mês, fechou dezembro com média de R$ 2.155, uma evolução de 44% sobre os valores de 2023.
Folha Mercado
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A menor oferta mundial de conilon fez com que os preços dessa bebida superassem os do café arábica em setembro, um fato raro no mercado, conforme o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O VBP (Valor Bruto de Produção) do café deverá atingir R$ 108 bilhões neste ano, com crescimento de 104% em dois anos. O valor representa as receitas recebidas pelos produtores dentro da porteira. É o resultado do volume comercializado e do valor recebido por saca.
Bom para o produtor, mas nem tanto para o consumidor brasileiro, que teve de pagar 43% a mais pelo café em 2024, segundo pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Os números da OIC (Organização Internacional do Café) não apontam alívio para o mercado. A safra 2023/24, que tem produção de 178 milhões de sacas, mostra um superávit de 1 milhão em relação ao consumo, mas o déficit acumulado nos últimos cinco anos é de 14 milhões de sacas.
Mesmo com uma redução na produção, o Brasil exportou o correspondente a 50,4 milhões de sacas de café, obtendo receitas de US$ 12,5 bilhões, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Só os Estados Unidos levaram 8,1 milhões de sacas, seguidos da Alemanha, que ficou 7,6 milhões.
Mais pressão Os produtores europeus estão sendo convocados para mais uma rodada de protestos contra o acordo Mercosul-União Europeia nesta quarta-feira (22), em Estrasburgo, na França.
Polinizadores A utilização elevada de fertilizantes reduz pela metade o número de polinizadores e de flores disponíveis para eles, segundo cientistas da Universidade de Sussex, no Reino Unido.
Polinizadores 2 Os fertilizantes permitem que as plantas de rápido crescimento dificultem o desenvolvimento de variedades de flores, essenciais à biodiversidade, afirmam eles.
Cana A produtividade da cana-de-açúcar na região centro-sul recuou para 78 toneladas por hectare na safra de 2024, 11% a menos do que no ano anterior, segundo o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).
Quebra na soja Números ainda preliminares indicam uma possível quebra de 21% na produtividade da soja no Rio Grande do Sul. Segundo a Fecoagro, a produtividade recuaria para 47,8 sacas por hectare.
Safra A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) elevou a estimativa de produção de soja para 171 milhões de toneladas em 2024/25.
Safra 2 A entidade refez também as expectativas de exportação, apostando em um volume de 106 milhões de toneladas.
Safra 3 O processamento interno sobe para 57 milhões, e as divisas externas caem pelo terceiro ano seguido. Nesta safra, as exportações vão render US$ 52,4 bilhões. Em 2023, foram US$ 63 bilhões.
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