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Nobel de Química: por que é importante entender estrutura de proteínas – 12/10/2024 – Ciência Fundamental

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Daniela Trivella, Helder Ribeiro Filho

Demis Hassabis e John M. Jumper (Google DeepMind, UK), e mais David Baker (Universidade de Washington, EUA), receberam o Nobel de química desse ano por suas contribuições para dois problemas que aguardavam uma solução havia 50 anos: a previsão tanto da estrutura 3D das proteínas, a partir de sua sequência de aminoácido, quanto de sequências de aminoácidos passíveis de formar essa estrutura.

Constituídas de aminoácidos, as proteínas são macromoléculas biológicas que desempenham funções essenciais à vida. A ordem pela qual os aminoácidos se combinam define a estrutura 3D, que, por sua vez, determina sua função biológica.

Determinar a estrutura de proteínas em laboratório é um processo longo e custoso. É aí que entram as abordagens teóricas e a inteligência artificial. O AlphaFold2, desenvolvido por Hassabis e Jumper, utilizou estruturas 3D de proteínas determinadas ao longo de 50 anos; técnicas sofisticadas de IA; conhecimento biológico evolutivo, bem como uma infraestrutura computacional que, com uma acurácia inédita, lhe possibilitou prever a estrutura 3D de proteínas a partir de sua sequência de aminoácidos.

Já David Baker trabalhou no problema inverso: o planejamento de proteínas. A partir de uma estrutura imaginária de proteína com uma dada função -por exemplo, uma enzima que catalisará uma reação química-, ele tenta prever a sequência de aminoácidos mais apropriada para formar essa estrutura. Modelos generativos de difusão, os mesmos usados para a geração de imagens, estão permitindo gerar proteínas com aplicabilidade em múltiplas áreas, como novas enzimas, biossensores e biofármacos.

E o que está por vir?

O AlphaFold2 possibilita que cientistas testem suas predições em sistemas específicos, identificando limitações –como na predição de estruturas de anticorpos– e propondo melhorias. Além disso, ele vem nos permitindo abraçar desafios mais complexos, como prever: 1) o efeito de mutações na estrutura de proteínas, crítico para entender doenças genéticas; 2) a estrutura entre proteínas e DNA, como as que formam os cromossomos; 3) o comportamento dinâmico das proteínas e sua interação com fármacos, impulsionando novas terapias.

No Brasil, temos cientistas competentes tanto na área computacional, desenvolvendo abordagens teóricas e IA para entendermos melhor as estruturas de proteínas; quanto experimental, gerando dados sobre novas proteínas, humanas e da biodiversidade, muitas das quais são hoje sub-representadas.

O trabalho de um retroalimenta o do outro, sendo crucial para o enriquecimento de bases de dados e o refinamento de modelos de IA. Um exemplo, inclusive usado no trabalho de Baker para validar seu modelo, é o da enzima OleTPRN, cuja estrutura experimental foi determinada no CNPEM.

Como pesquisadores do CNPEM, nós também nos dedicamos à aplicação da IA na interface da biologia com a química. Helder Ribeiro busca planejar computacionalmente novos receptores de células T, capazes de reconhecer antígenos específicos e redirecionar a ação das células T contra células tumorais ou infectadas por vírus. Daniela Trivella, por sua vez, emprega ferramentas experimentais e computacionais para mapear moléculas da biodiversidade (enzimas e pequenas moléculas), mirando no desenvolvimento de novos fármacos e biocatalisadores para sua produção.

*

Daniela Trivella e Helder Ribeiro Filho são pesquisadores no Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio/CNPEM).

O blog Ciência Fundamental é editado pelo Serrapilheira, um instituto privado, sem fins lucrativos, de apoio à ciência no Brasil. Inscreva-se na newsletter do Serrapilheira para acompanhar as novidades do instituto e do blog.


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PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

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PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou, nessa terça-feira, 18, no teatro E-Amazônia, campus-sede, a abertura do 4º Simpósio de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). Com o tema “A Produção do Conhecimento, a Formação Docente e o Compromisso Social”, o evento marca os dez anos do programa e reúne estudantes, professores e pesquisadores da comunidade acadêmica. A programação terminou nesta quarta-feira, 19, com debates, mesas-redondas e apresentação de estudos que abordam os desafios e avanços da pesquisa em educação no Estado.

Representando a Reitoria, a pró-reitora de Pós-Graduação, Margarida Lima Carvalho, destacou o papel coletivo na consolidação do programa. “Não se faz um programa de pós-graduação somente com a coordenação, mas com uma equipe inteira comprometida e formada por professores dedicados.”

O coordenador do PPGE, Nádson Araújo dos Santos, reforçou a relevância histórica do momento. “Uma década pode parecer pouco diante dos longos caminhos da ciência, mas nós sabemos que dez anos em educação carregam o peso de muitas lutas, muitas conquistas e muitos sonhos coletivos.”

 

A aluna do programa, Nicoly de Lima Quintela, também ressaltou o significado acadêmico da programação e a importância do evento para a formação crítica e investigativa dos estudantes. “O simpósio não é simplesmente dois dias de palestra, mas dois dias de produção de conhecimento.” 

A palestra de abertura foi conduzida por Mariam Fabia Alves, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), que discutiu os rumos da pesquisa educacional no Brasil e os desafios contemporâneos enfrentados pela área. O evento contou ainda com um espaço de homenagens, incluindo a exibição de vídeos e a entrega de placas a professores e colaboradores que contribuíram para o fortalecimento do PPGE ao longo desses dez anos.

Também participaram da solenidade o diretor do Cela, Selmo Azevedo Apontes; a presidente estadual da Associação de Política e Administração da Educação; e a coordenadora estadual da Anfope, Francisca do Nascimento Pereira Filha.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Consu da Ufac adia votação para 24/11 devido ao ponto facultativo — Universidade Federal do Acre

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A votação do Conselho Universitário (Consu) da Ufac, prevista para sexta-feira, 21, foi adiada para a próxima segunda-feira, 24. O adiamento ocorre em razão do ponto facultativo decretado pela Reitoria para esta sexta-feira, 21, após o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A votação será realizada na segunda-feira, 24, a partir das 9h, por meio do sistema eletrônico do Órgão dos Colegiados Superiores. Os conselheiros deverão acessar o sistema com sua matrícula e senha institucional, selecionar a pauta em votação e registrar seu voto conforme as orientações enviadas previamente por e-mail institucional. Em caso de dúvidas, o suporte da Secrecs estará disponível antes e durante o período de votação.

 



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Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

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Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

A professora Aline Andréia Nicolli, do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela) da Ufac, foi eleita presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), para o biênio 2025-2027, tornando-se a primeira representante da região Norte a assumir a presidência da entidade.

Segundo ela, sua eleição simboliza não apenas o reconhecimento de sua trajetória acadêmica (recentemente promovida ao cargo de professora titular), mas também a valorização da pesquisa produzida no Norte do país. Além disso, Aline considera que sua escolha resulta de sua ampla participação em redes de pesquisa, da produção científica qualificada e do engajamento em discussões sobre formação de professores, práticas pedagógicas e políticas públicas para o ensino de ciências.

“Essa eleição também reflete o prestígio crescente das pesquisas desenvolvidas na região Norte, reforçando a mensagem de que é possível produzir ciência rigorosa, inovadora e socialmente comprometida, mesmo diante das dificuldades operacionais e logísticas que marcam a realidade amazônica”, opinou a professora.

Aline explicou que, à frente da Abrapec, deverá conduzir iniciativas que ampliem a interlocução da associação com universidades, escolas e entidades científicas, fortalecendo a pesquisa em educação em ciências e contribuindo para a consolidação de espaços acadêmicos mais diversos, plurais e conectados aos desafios educacionais do país.

 



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