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Novos rumos: Em rota de colisão, Lula e Trump têm…

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José Casado

Lula e Donald Trump têm em comum o fascínio pelo som da própria voz ao falar de si mesmos. Foi o que mais fizeram nesta segunda-feira (20/1).

No isolamento da Granja do Torto, residência de campo da presidência nos arredores de Brasília, Lula se reuniu com 43 pessoas (38 ministros, presidentes de estatais e líderes no Congresso). “Nós somos um grupo de pessoas de formação política diferenciada, de berço diferente”, definiu Lula ao iniciar o encontro, que a oposição chamou de “Concílio do Torto” por causa do grande número de participantes. “Temos uma coisa em comum”, acrescentou, “que é a causa de recuperar esse país.”

Quase oito horas depois, chegou-se a um consenso: o governo Lula é muito melhor do que a percepção do povo declarada nas pesquisas, tudo o que ele diz é verdade, mas na internet e na imprensa só se publicam mentiras.

Era dia de mudança no governo dos Estados Unidos, o país mais decisivo no mapa das relações internacionais do Brasil. “Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial”, disse Lula diante das câmeras de televisão, no início da reunião. “O Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua, para que o povo brasileiro e o povo americano melhorem e para que os americanos continuem a ser um parceiro histórico do Brasil.”

Donald Trump — (Jim Watson/AFP)
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A 7 mil quilômetros ao norte de Brasília, em Washington, Trump regozijava: “Muita gente pensou que era impossível que eu fosse protagonista de um regresso político tão histórico, mas, como podem ver hoje, aqui estou.”

Lula estava os que achavam impensável, ou insuportável, o retorno de Trump à Casa Branca. Oitenta dias atrás, quando faltavam menos de 100 horas para a eleição americana, ele decidiu tornar pública a sua aposta eleitoral na candidata democrata Kamala Harris, vice-presidente de Joe Biden.

“É muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia”, argumentou, em entrevista a uma emissora de televisão francesa. “Nós vimos o que foi o presidente Trump […], aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos EUA, porque se apresentavam ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu.”

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Acrescentou: “Temos as mentiras destiladas todo santo dia. Não apenas nos Estados Unidos, mas na Europa, na América Latina, em vários países no mundo. É o nazismo e o fascismo voltando a funcionar com outra cara. E, como eu sou amante da democracia, acho a democracia a coisa mais sagrada que nós conseguimos construir para bem governar os nossos países, eu, obviamente, fico torcendo para a Kamala ganhar as eleições”.

O eleitores americanos discordaram e premiaram o republicano com uma vitória indiscutível numa campanha marcada por tentativa de assassinato (a bala raspou-lhe a orelha). No discurso de posse, Trump lembrou, num momento de auto-encantamento: “Senti, e creio ainda mais agora, que a minha vida foi salva por uma razão. Deus me salvou para fazer com que os Estados Unidos voltem a ser grandes.” E prometeu ao povo uma “era de ouro” — financiada de múltiplas formas por velhos aliados, como o Brasil, e o novo adversário global, a China.

Lula achou prudente não transformar Trump em tema da reunião em Brasília: “Da nossa parte, não queremos briga. Nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia e nem com a Rússia…” Ao desconversar deixou evidente o que, talvez, pretendesse ocultar: ainda não sabe e o governo ainda não tem estratégia para lidar com o “advento” Trump.

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Já era noite em Washington, quando a repórter Raquel Krähenbühl perguntou ao novo presidente se falaria com Lula e como seria a relação dos EUA com Brasil e América Latina. “A relação é excelente”, respondeu enquanto assinava decretos na Casa Branca. “Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós.”

Trump e Lula estão em rota de colisão. Talvez até se encontrem e se entendam algum dia. A dificuldade será encontrar uma sala adequada ao tamanho dos respectivos egos.



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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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POLÍTICA

Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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