POLÍTICA
O passado bateu à porta de Lula: Nadine, a refugia…

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2 meses atrásem

José Casado
O passado bateu à porta de Lula, nesta terça-feira (15/4). Ele garantiu refúgio no Brasil a Nadine Heredia, quase ao mesmo tempo em que um tribunal de Lima anunciava a condenação dela e do marido, o ex-presidente Ollanta Humala, a penas de 15 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro reveladas na versão peruana da Operação Lava Jato.
Nadine Heredia, 48 anos, era aguardada na audiência judicial. Não foi. Apareceu com o filho na Embaixada do Brasil e pediu abrigo.
O marido foi ao tribunal. Ollanta Humala, que governou o Peru entre 2011 e 2016, saiu preso, escoltado até à penitenciária suburbana de Barbadillo.
Ali está encarcerado outro ex-presidente, Alejandro Toledo, 79 anos, cumprindo pena de vinte anos e seis meses por acumular 35 milhões de dólares em subornos da empreiteira Odebrecht (agora renomeada Novonor).
O presídio de Barbadillo foi reformado na virada do milênio no governo Alan García para receber o falecido ditador Alberto Fujimori, condenado por uma coletânea de crimes, entre eles massacre de adversários políticos. Alan García se matou no momento da prisão, também, acusado de receber propinas da Odebrecht.
O Peru tem outros três presidentes sob investigação: Pedro Pablo Kuczynski, por corrupção no caso Odebrecht; Martín Vizcarra, por subornos de empreiteiras nacionais; e, Pedro Castillo, por tentativa de golpe de estado.
Nadine Heredia resolveu abandonar essa confusão peruana, depois de dez anos de processo. Pediu a ajuda de Lula, que lhe respondeu com agilidade. O passado os une.
“Mas que casualidade que seja o Brasil” — ironizou o procurador Germán Juárez Atoche, da Lava Jato peruana, em entrevista ao canal RPP, de Lima. “Quem é o presidente? Lula da Silva. Aí está a conexão. Fica novamente confirmada essa relação que houve entre o Partido dos Trabalhadores, liderado por Lula da Silva, com o senhor Ollanta Humala. É por isso o apoio, por uma afinidade ideológica.”
Lula e o PT são personagens que pairam no caso de corrupção do casal Ollanta-Nadine pela Odebrecht. Em tese receberam três milhões de dólares, mas há indícios de mais quatro milhões.
Pagamentos foram confirmados por Marcelo Odebrecht, herdeiro da empreiteira. Preso em Curitiba, no final de 2017 fez um resumo da história aos procuradores José Domingo Pérez Gomes, do Peru, e Orlando Martello, do Brasil:
“Quando veio aquele pedido no Brasil para dar três milhões de dólares a [Ollanta] Humala, que era um pedido do PT, na época comentei que não sabia se era uma questão de ideias políticas, semelhanças políticas entre o PT e Humala, ou se era porque dois membros do PT, [Valmir] Garreta e [Luis] Favre, estavam apoiando a campanha [presidencial] de Humala, e eu fui orientado [por Emilio, seu pai] a dar aquela contribuição.”
Os procuradores quiseram saber: “Qual era o propósito ou o que você buscava posteriormente com a contribuição que deu à campanha?”
“No caso da contribuição que eu dirigi, que foi feita a Ollanta Humala” — prosseguiu o empresário — “a verdade é que não foi uma iniciativa minha. Fiz isso a pedido do governo Lula, por causa da minha relação com o governo Lula. […] Não pedimos nada a Humala por conta desse apoio. Humala sabia que esse apoio vinha de nós, mas que éramos emissários do governo brasileiro. Era óbvio que, ao fornecer apoio político de três milhões de dólares, ele sabia que tínhamos a confiança do governo brasileiro. Isso meio que abre as portas e nos permite ter mais acesso a ele para influenciá-lo. Olhe com atenção: isso não significa influenciar de forma especificamente ilícita. É possível ter conversas. Nunca tive nenhuma conversa sobre assuntos ilegais com Ollanta Humala ou qualquer outro presidente do Peru (…) Essa facilidade que eu tinha em discutir questões legítimas geralmente se devia ao fato de sermos doadores de campanha (…)Se eu não tivesse sido emissário dos três milhões de dólares do PT, talvez, eu não tivesse conexões suficientes para influenciar legitimamente o presidente Ollanta Humala. Você nunca saberá.”
Acrescentou: “Sei que tínhamos mais acesso a Humala do que os empresários peruanos, que estavam em desacordo com ele. E isso foi conseguido através da relação que ele tinha com o PT. Com exceção de Ollanta Humala, o acesso que os empresários locais, nossos parceiros, tinham era muito maior do que o acesso que a Odebrecht tinha com todos os outros presidentes. […] O que a Odebrecht pode revelar com certeza em relação ao Peru são os 5% que foram feitos no Peru, porque somos a única empresa que está colaborando. O Ministério Público do Brasil tentou fazer com que as empresas cooperassem no que faziam fora do Brasil. O importante é saber o que os outros fizeram (…) Então o que a Odebrecht fez no Peru já foi noticiado. O que eles precisam na investigação é o que não é noticiado, porque não foi feito pela Odebrecht. O que a Odebrecht fez é uma ponta.”
O refúgio de Nadine Heredia no Brasil, depois da condenação, reabre uma janela para o passado recente da Lava Jato. Se pudesse, Lula evitaria. Mas, como ensinou o poeta gaúcho Mario Quintana, o passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.
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POLÍTICA
CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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1 mês atrásem
5 de maio de 2025
Marcela Rahal
Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.
Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.
Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.
O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.
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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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1 mês atrásem
5 de maio de 2025
Ludmilla de Lima
Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.
Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano.
A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.
A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.
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POLÍTICA
Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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1 mês atrásem
5 de maio de 2025
Matheus Leitão
A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.
Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.
Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.
“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.
A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.
“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana.
A seguir as cenas dos próximos capítulos…
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