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Os últimos hibakushas – 16/03/2025 – Andanças na metrópole

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Os últimos hibakushas - 16/03/2025 - Andanças na metrópole

Vicente Vilardaga

Às 8h15 do dia 6 de agosto de 1945, há quase 80 anos, uma bomba nuclear caiu sobre a cidade de Hiroshima matando instantaneamente mais de 70 mil pessoas e afetando outras centenas de milhares. Muita gente ainda iria adoecer, sofrer com doenças crônicas ou morrer nos anos seguintes por causa da radioatividade.

Daí surgiu o nome nipônico hibakusha. O termo significa literalmente vítima da bomba atômica. São pessoas que foram afetadas pelas explosões em Hiroshima e em Nagasaki, mas sobreviveram, algumas com sequelas. Há 57 delas no Brasil, sendo a grande maioria em São Paulo.

Durante muitas décadas, os hibakushas que viviam fora do Japão tiveram que fazer muita pressão sobre o governo japonês para conseguir um tratamento isonômico com o dado aos moradores do país. Benefícios eram concedidos mas não atingiam quem vivesse no exterior.

Em 1983 o governo se passou a oferecer uma indenização de 25 mil ienes mensais (R$ 965) para as vítimas que moravam no Japão. Quem havia emigrado ficou sem direitos.

Diante desse quadro, em julho de 1984, o relojoeiro Takashi Morita, que morreu em agosto do ano passado, aos cem anos, ajudou a criar a Associação dos Sobreviventes da Bomba Atômica, que funcionava em cima de sua mercearia no bairro da Saúde, na zona Sul de São Paulo.

Na ocasião foram reunidos 70 membros, mas em poucos meses o número saltou para 300. O objetivo de Morita e dos outros participantes era cobrar mais atenção e auxílios do governo japonês. “Durante muitos anos o governo não reconheceu a existência de nenhum sobrevivente fora do Japão”, diz Yasuko Morita, filha de Takashi.

O primeiro movimento da associação foi tratar de agendar um encontro no Ministério do Exterior japonês reivindicando uma visita de uma missão de médicos ao Brasil. Isso aconteceu em 1985 e passou a se repetir a cada dois anos.

Na semana passada, aconteceu no CineSesc, na rua Augusta, a pré-estreia do curta-metragem “Hibakusha = Alma Errante”, dirigido por Joel Yamaji e produzido por Juliana Domingos e Joel Pizzini, que trata justamente de Takashi Morita. É uma viagem poética na vida desse fascinante personagem, que morreu em agosto do ano passado, aos 100 anos, e teve uma complexa trajetória. O filme foi selecionado para a 49ª Mostra Internacional de Cinema.

A luta de Morita foi vencedora. Em 2005, as vítimas da bomba que viviam em outros países conseguiram conquistar um auxílio financeiro para tratar da saúde e apoio total para tratamentos médicos. Entre os principais males que eventualmente afligem os hibakushas estão vários tipos de câncer, catarata e problemas de tireoide.

A partir de 2008, a entidade que representa essas vítimas no Brasil passou a se chamar Associação Hibakusha Brasil pela Paz, devido à influência pacifista de Morita. Nessa época, os hibakushas brasileiros já tinham seus direitos atendidos.

Hoje existe, por exemplo, um convênio da associação médica de Hiroshima com a Associação Paulista de Medicina. Mas não há muito mais a fazer. “A associação trabalhou para reivindicar os direitos de saúde dos hibakushas de fora no Japão e, ao mesmo tempo, deu uma mensagem de paz para a sociedade brasileira, que nos recebeu tão bem.”, diz Yasuko.

A entidade foi extinta em 2020 e até antes da pandemia eram feitas reuniões mensais. Yasuko conta, porém, que a idade avançada dos hibakushas dificulta a locomoção e os encontros. O mais jovem tem 80 anos. “Mesmo assim o grupo que restou continua dando assistência às vítimas no Brasil”, diz.


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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.

Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”

Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.



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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.

A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.

A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)

 



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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.

 



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